Para não ser acusada de censura, Microsoft decide não rotular fake news

Decisão da Microsoft de não rotular fake news afeta especialmente a rede social LinkedIn e o buscador Bing
Para não ser acusada de censura, Microsoft decide não rotular fake news
Imagem: Harry Murphy/Web Summit/Flickr/Divulgação

A rede social LinkedIn e o buscador Bing não vão rotular posts como “fake news”. A decisão é da Microsoft, que quer fugir das acusações de que pode estar “censurando” o discurso online. 

“Não acho que as pessoas queiram que os governos lhes digam o que é verdadeiro ou falso”, disse o presidente da big tech, Brad Smith, à agência Bloomberg. “E não acho que a população esteja realmente interessada em que as empresas de tecnologia definam isso”. 

Smith diz que a Microsoft tem como foco o rastreio e divulgação de campanhas de desinformação que visam seus clientes do setor público e privado. O objetivo, segundo ele, é fornecer mais informações sobre quem está falando e o que estão dizendo como forma de permitir que os usuários tenham seu próprio julgamento se o conteúdo é verdadeiro. 

“Temos que ser muito cuidadosos porque – e isso também é verdade para todos os governos democráticos – fundamentalmente, as pessoas querem, com razão, tomar suas próprias decisões. E deveriam fazer isso”, afirmou. 

O presidente da Microsoft argumenta que a companhia prefere fornecer mais informações às pessoas em vez de colocar selos que indicam fake news. “Não podemos tropeçar e usar o que outros podem considerar censura como tática”, pontuou. 

A decisão pode ser uma resposta à reação negativa enfrentada pelo Facebook e Twitter depois das tentativas de sinalizar e remover posts com informações enganosas. 

Muitos parlamentares norte-americanos acusam essas big techs de “sufocar as vozes da direita” depois que o ex-presidente Donald Trump teve os perfis banidos das redes. Elas alegam que o republicano disseminou informações falsas para incitar a violência na invasão ao Capitólio em janeiro de 2021. Pelo menos cinco pessoas morreram no episódio. 

Medidas contra desinformação 

Em junho, a Microsoft anunciou a compra da Miburo, empresa de análise de desinformação e ameaças cibernéticas liderada pelo ex-agente do FBI Clint Watts. 

Desde então, a empresa rastreia campanhas de propaganda online ao lado das equipes de cibersegurança da Microsoft, que já identificaram uma trama de hackers supostamente financiados pelos governos da Rússia, Irã e Coreia do Norte.

A companhia também diz que compartilha suas descobertas relacionadas à propaganda e incidentes com segurança cibernética direto aos governos. A ideia é pressionar os políticos a criarem regras para a conduta de Estados no ciberespaço. 

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Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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