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Pare de complicar uma solução simples para a obesidade: coma menos e exercite-se mais

Recentemente um artigo no The Atlantic discutiu os “obesogens”: contaminantes ambientais que alguns pesquisadores acreditam que estão deixando as pessoas gordas. Obesogens? Ótimo, outra palavra sem sentido que os americanos podem discutir durante o jantar ao invés de encarar os fatos: comer demais e não fazer exercício o suficiente é o que está deixando-os gordos. Ponto. […]

Recentemente um artigo no The Atlantic discutiu os “obesogens”: contaminantes ambientais que alguns pesquisadores acreditam que estão deixando as pessoas gordas. Obesogens? Ótimo, outra palavra sem sentido que os americanos podem discutir durante o jantar ao invés de encarar os fatos: comer demais e não fazer exercício o suficiente é o que está deixando-os gordos. Ponto.

Nós sempre estamos procurando uma maneira para ignorar o volume de comida que enfiamos goela abaixo, para acreditar que a quantidade não importa se pudermos encontrar o equilíbrio ideal de ingredientes. Nos anos 90 só se falava de gordura. Nós podíamos comer um montão de açúcar se ignorássemos a gordura. O problema: açúcar contém muitas calorias. E então vieram as dietas de proteína, estilo Atkins. Se nós comêssemos mais proteínas os nossos corpos iram fazer uma equação mágica interna que negaria as calorias. Agora é a dieta “paleo” e o regime Dukan e um monte de outras loucuras.

Apesar de todas estas abordagens, mais de um terço dos americanos estão obesos, e mais de dois terços estão acima do peso. Isso é devido a muitos americanos consumirem mais energia do que gastam, o que resulta em aumento de peso. Agora os pesquisadores estão dizendo que tem outro culpado: obesogens. O termo é uma palavra genérica que serve para qualquer coisa indo desde papinha de bebê, pesticidas e plásticos – e a lista continua – que sorrateiramente nos deixam gordos. Elimine isso, e você estará a caminho de ter um corpão sarado.

Tirando o fato de que você vai precisar de sorte para encontrar, que dirá então para remover, os obesogens da sua vida. Consumir menos calorias do que seu corpo usa como energia é muito mais simples e é garantido que funciona. Eu não duvido que os pesquisadores citados no artigo do The Atlantic estão encontrando algo ruim associado com contaminantes orgânicos, e que nós não queremos isso em nossa dieta. Mas todo esse papo de obesogens e gordura versus açúcar e índices glicêmicos, e dietas de homens das cavernas, ignora a única coisa que nós sabemos com certeza sobre como os americanos podem ficar menos obesos: comendo menos e exercitando-se mais. Segundo Dr. George Bray, professor de medicina na Universidade Estadual de Louisiana, no artigo:

“Não faz nenhuma diferença… as calorias contam. Se você conseguir me mostrar que não funciona, eu adoraria ver isto sendo comprovado. Ou qualquer um que quiser negar isto – não há dados para provar o contrário.”

Certamente alguns ingredientes são mais saudáveis que outros. Frutas e vegetais fornecem vitaminas e nutrientes essenciais que os humanos precisam. Muita carne vermelha pode elevar a sua taxa de colesterol. E agora nós até mesmo temos evidência científica que Cheerios reduz o colesterol!  Mas se nós estamos falando de obesidade, ficar aflito por causa dos “obesogens” malignos ou por causa do xarope de milho com muita frutose ou culpar a genética quando nós não conseguimos perder peso é apenas uma maneira de não falar sobre o que ninguém quer encarar: comer menos e se exercitar mais são maneiras mais confiáveis de perder peso.

Eu tentei dietas mágicas por anos. No final dos anos 80 e começo dos anos 90 eu achei que poderia comer tanto iogurte eu quisesse. Depois foram os biscoitos sem gordura. E quer saber? Quando eu comi demais e não me exercitei, eu ganhei peso.

Marion Nestle, a autora do Why Calories Count diz no artigo do The Atlantic:

“…por que invocar explicações complicadas quando a evidência de calorias é tão forte? Digamos que obesogens afetam um fator regulador do peso corporal, o que eles podem muito bem fazer. Mas e daí? O peso é regulado por mais de cem fatores biológicos, e são redundantes, o que significa que se acontecer algo errado com um deles, os outros cobrem o déficit.”

Bray e Nestle são as vozes da razão.

Nada disso significa que comer menos e se exercitar mais é fácil! Comer é muito bom. É um sacrifício não comer um prato gigante de macarrão ou um bolo com recheio de chocolate derretido, e muitas vezes eu simplesmente vou em frente e devoro tudo mesmo. Não me julgue. Pessoas que têm dificuldade em perder peso (ou seja, quase todo mundo) não são más. Mas ao invés de distrair as pessoas com novas terminologias complicadas e possíveis novos ingredientes malignos, talvez nos devêssemos nos focar na sensação boa que é se sentir em forma. Eu não me lembro de ter me sentido melhor do que quando estava treinando para correr maratonas. Eu era um dos mais lentos, mas eu me senti muito bem. Eu corro alguns poucos quilômetros de cada vez atualmente, mas fico muito feliz quando faço isso. Exercício é um método comprovado para combater a depressão e te deixar mais esperto. Pessoas que comem coisas saudáveis ficam com um humor melhor. Vamos atrair mais pessoas para estes resultados. Isso pode tornar um consumo saudável de calorias um pouco mais fácil de ser alcançado. [The Atlantic]

Imagem: Flickr/lmnop88a

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