Parler tentou alertar FBI mais de 50 vezes sobre ataque extremista ao Congresso dos EUA

Rede social foi usada por fanáticos de extrema direita para inflar os ataques ao Capitólio, em janeiro deste ano. A empresa diz ter repassado informações ao FBI.
Imagem: Olivier Douliery (Getty Images)
Imagem: Olivier Douliery (Getty Images)

O aplicativo Parler, que era amplamente usado por fanáticos e extremistas de extrema direita, declarou durante uma audiência no Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos, nesta terça-feira (15), que tentou alertar o FBI sobre o potencial crescente de violência que viria a ocasionar o ataque ao Capitólio no dia 6 de janeiro deste ano. Segundo o aplicativo, a companhia tentou avisar o órgão federal mais de 50 vezes.

De acordo com a democrata Carolyn Maloney, que é presidente do Comitê de Supervisão e Reforma da Câmara, o Parler havia descoberto “ameaças específicas de violência planejadas no Capitólio” em sua plataforma. Ao detectar essa atividade suspeita, a companhia responsável pelo app teria fornecido transcrições de conversas dos usuários ao FBI semanas antes da invasão ao Congresso americano, numa tentativa de frear qualquer ato violento que pudesse acontecer.

Quando questionado abertamente pelo deputado Eric Swalwell durante o depoimento se sua agência recebeu ou não informações de empresas de mídia social, o diretor do FBI, Christopher Wray, foi evasivo na resposta e pareceu minimizar a existência de evidências diretas que apontariam para um crescente ameaça de insurreição.

“Temos tantas informações que estou relutante em responder a quaisquer perguntas sobre a palavra ‘qualquer’. Certamente sabíamos de conversas online sobre o potencial de violência, mas não estou ciente de que tínhamos qualquer inteligência indicando que centenas de pessoas iriam invadir o próprio Capitólio”, disse Wray.

Quando pressionado sobre se o FBI havia recebido ou não informações do Parler antes do ataque de 6 de janeiro, Wray admitiu que isso de fato aconteceu. No entanto, se recusou a dar detalhes sobre que tipo de inteligência havia sido transmitida. “Meu entendimento é que eles enviaram e-mails para um determinado escritório de campo e que alguns deles continham informações sobre possíveis ameaças, e alguns deles foram encaminhados para esquadrões de terrorismo doméstico”, complementou.

Ao que tudo indica, o testemunho de Wray está em conflito direto com uma carta que o Parler enviou aos legisladores em março do ano passado, na qual afirmava que vinha tentando retransmitir a ameaça real de violência às autoridades federais havia semanas. Nessa carta, endereçada à Maloney, a empresa escreveu que tentou estabelecer “linhas formais de comunicação” com o FBI diante do crescimento recorde da plataforma na segunda metade de 2020. Além disso, afirmou que procurava facilitar a cooperação e encaminhar instâncias de “incitamento ilegal e ameaças violentas”.

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Um post publicado por um extremista no Parler, e que posteriormente foi encaminhado ao FBI, destacava a convocação de uma multidão armada de 150 mil pessoas para marchar em Washington a fim de “reagir aos eventos do Congresso de 6 de janeiro”. Outra postagem recrutava pessoas para “provocar a Antifa em Washington, D.C. no dia 6” porque o criador do post em questão queria “começar a eliminar pessoas”.

Cinco pessoas morreram como resultado da violência incitada pelo ex-presidente Donald Trump, incluindo um policial que foi espancado e uma apoiadora baleada à queima-roupa.

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