Patente do Facebook descreve tecnologia que ligaria microfone do seu celular por meio de sinal vindo da TV

O Facebook tem veiculado comerciais na TV norte-americana se desculpando por abusar da privacidade de seus usuários. Eles são embaraçosos. E parece que também são um sinal do que está por vir. Baseado em um pedido de patente publicado recentemente, a empresa pode, um dia, usar anúncios na TV para violar ainda mais a sua […]

O Facebook tem veiculado comerciais na TV norte-americana se desculpando por abusar da privacidade de seus usuários. Eles são embaraçosos. E parece que também são um sinal do que está por vir. Baseado em um pedido de patente publicado recentemente, a empresa pode, um dia, usar anúncios na TV para violar ainda mais a sua privacidade, quando você já tiver esquecido sobre toda a turbulência com a Cambridge Analytica.

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Identificada inicialmente pelo Metro, a patente é intitulada “análise de exibição de transmissão baseada em gravação de áudio ambiente”. Ela descreve um sistema no qual uma “impressão digital ou assinatura do áudio ambiente”, inaudível para o ouvido humano, pode ser incorporada a um conteúdo de transmissão, como um comercial de TV. Quando um usuário hipotético está assistindo a esse anúncio, a impressão digital do áudio poderia acionar seu smartphone ou outro dispositivo a ligar o microfone, começando a gravar áudio e transmitir os dados sobre isso para o Facebook.

Diagrama da onda de som contendo o sinal, acionando o dispositivo e gravando o áudio ambiente. Imagem: USPTO

Tudo na patente está escrito em juridiquês e é um pouco vago sobre o que acontece com os dados de áudio. Um cenário de exemplo imagina que diversos áudios ambientes seriam eliminados e que o conteúdo sendo exibido na transmissão seria identificado. Os dados sobre a proximidade do usuário ao áudio seriam coletados. Em seguida, as informações de identificação, tempo e identidade do usuário de Facebook seriam enviados à empresa para um processamento extra.

Além de todos os dados que os usuários voluntariamente entregam, e dos dados incidentais que a companhia coleta por meio de técnicas como a impressão digital do navegador, o Facebook usaria essa informação de áudio para descobrir quais anúncios são mais eficientes. Por exemplo, se um usuário saísse da frente da TV ou trocasse de canal logo que um comercial começasse, a empresa poderia considerar o anúncio ineficaz ou como sendo de um assunto que não interessa o usuário. Se o usuário permanecer onde está e o áudio está alto e claro, o Facebook poderia comparar esse anúncio aparentemente eficaz com seus outros dados para fazer sugestões melhores para seus clientes de publicidade.

Exemplo de um dispositivo de transmissão se comunicando com a rede e identificando diversos usuários em uma casa. Imagem: USPTO

Sim, isso é bastante assustador e parece que estão tentando criar uma patente para um olho mágico dentro do seu lar. Certamente, o Facebook não vai começar a fazer isso com toda a tensão e pressão que vem sofrendo de legisladores e da imagem ruim que passou a ter desde o escândalo da Cambridge Analytica, certo? Perguntamos à empresa se havia planos de implementar essa patente caso ela seja aprovada, mas não recebemos uma resposta imediata. Baseado no fato de que o Facebook tem pedido desculpas repetidamente ao longo da última década, e de que seu modelo de negócio depende de saber mais sobre você do que os concorrentes, vamos prever aqui que a companhia certamente implementaria isso se tivesse a oportunidade.

Embora a patente tenha sido publicada em 16 de junho, ela foi arquivada em dezembro de 2016. Existe um pequeno conforto aí, de saber que o Facebook não está ativamente buscando a aprovação para isso no pior momento possível. A rede social acaba de convencer as pessoas mais receosas de que suas conversas não estão sendo gravadas por meio de seu aplicativo móvel.

É menos reconfortante saber que centenas de apps já ouvem áudio em transmissão de anúncios. Talvez a patente do Facebook transgrida aquelas que já existem e nunca seja aprovada. Mas, infelizmente, este futuro distópico já é uma pequena parte do nosso presente.

[US Patent and Trademark Office (PDF) via Metro]

Imagem do topo: Gizmodo/Sony/Facebook

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