
Peixe surpreende cientistas ao trocar de sexo em questão de minutos
Cientistas da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, descobriram que o peixe paketi (Notolabrus celidotus) apresenta um comportamento dominante minutos antes de trocar de sexo.
Em um estudo publicado em maio, os cientistas identificaram que sinais sociais fazem o peixe adotar respostas comportamentais com base na hierarquia. Tais sinais são responsáveis por influenciar as interações sociais e a transformação fisiológica do peixe.
O paketi é um hermafrodita sequencial, ou seja: ele consegue trocar de sexo quando adulto após o macho dominante sair do grupo.
Apesar da troca de sexo completa, em termos biológicos, demandar semanas, os cientistas notaram que os peixes subalternos mudam de comportamento em questão de minutos.
Haylee Quertermous, principal autora do estudo, explica que tais mudanças comportamentais incluem mordidas e intimidação em outros peixes subordinados.
Essa demonstração de agressividade, que os cientistas se referem como “explosões”, desempenham um papel crucial para restabelecer a hierarquia do cardume.
De acordo com o estudo, os peixes subalternos começam a ficar mais agressivos assim que o macho dominante deixa o cardume. As “explosões” são, portanto, sinais de que o peixe já está pronto para subir o degrau social.
Além disso, o comportamento é similar ao do macho dominante que deixa o grupo, que, segundo o estudo, serve para afirmar a estrutura social do peixe antes mesmo dele trocar de sexo.
Desse modo, o estudo contesta teorias sobre as diferenças ‘naturais’ no comportamento de fêmeas e machos da espécie, sugerindo que esses traços ocorrem conforme o contexto.
Requisitos para o peixe trocar de sexo
Em algumas espécies, como o peixe-palhaço, a fêmea que se transforma em macho, complicando ainda mais tais distinções binárias sobre o comportamento de peixes.
O paketi, ao apresentar traços de domínio hierárquico com base em oportunidades sociais, evidencia o profundo entrelaçamento entre status social, comportamento e sexo em algumas espécies.
Sobre a troca de sexo como domínio social, um dos fatores para o peixe neozelandês assumir o papel dominante é a dimensão do corpo. Ou seja: peixes maiores são mais propensos a assumir a liderança e trocar de sexo.
Basicamente, quando o líder some do cardume, o maior peixe assume os traços dominantes, sugerindo uma sensibilidade hierárquica, bem como uma plasticidade comportamental com base no controle social.
O estudo também levanta questionamentos sobre os mecanismos neurais e hormonais por trás da rápida mudança de sexo do peixe, bem como as pressões evolutivas que causaram o fenômeno.