O perfurador da sonda InSight ficou preso nas rochas durante sua primeira escavação em Marte

O instrumento de perfuração da sonda InSight, da NASA, foi submetido ao seu primeiro teste na semana passada, mas a sessão de escavação inaugural ficou aquém das expectativas. Algumas rochas potencialmente problemáticas estavam diretamente abaixo do módulo de pouso em Marte e atrapalharam o trabalho. Quando a InSight pousou em Marte em novembro, ficamos empolgados […]
A sonda de Fluxo de Calor na superfície de Marte. Imagem: NASA/JPL/InSight

O instrumento de perfuração da sonda InSight, da NASA, foi submetido ao seu primeiro teste na semana passada, mas a sessão de escavação inaugural ficou aquém das expectativas. Algumas rochas potencialmente problemáticas estavam diretamente abaixo do módulo de pouso em Marte e atrapalharam o trabalho.

Quando a InSight pousou em Marte em novembro, ficamos empolgados com o fato de a sonda ter parado em uma área livre de grandes rochas. Não era tão óbvio, no entanto, se havia alguma pedra abaixo da sonda, o que atrapalharia a capacidade da sonda de penetrar na superfície marciana e coletar informações cruciais sobre a temperatura do planeta.

Com um espaço de trabalho livre de grandes obstruções, a sonda conseguiu implantar dois de seus principais instrumentos: o sismômetro (também conhecido como detector de “martemotos”, a versão marciana dos terremotos) e o Pacote de Fluxo de Calor e Propriedades Físicas (HP3), que foi posto pela primeira vez em funcionamento em 28 de fevereiro, segundo o Centro Aeroespacial Alemão (Deutsches Zentrum für Luft- und Raumfahrt, ou DLR).

Apelidado de Toupeira, o instrumento HP3 foi projetado para perfurar a superfície de Marte e, com um cabo especial equipado com sensores, fazer leituras de temperatura ao longo do comprimento do furo. Durante seu primeiro teste, a Toupeira mostrou que funciona, mas agora parece que algumas rochas subterrâneas inoportunamente posicionadas podem atrapalhar o progresso da perfuração.

A sonda de Fluxo de Calor, desenvolvida pelo DLR e pela empresa de engenharia polonesa Astronika, é equipada com um penetrômetro — um martelo autônomo, acionado eletricamente, que entra cada vez mais fundo no solo a cada pulso. Uma engrenagem estica sua mola principal, produzindo a ação de empurrar a ferramenta e martelar. Uma segunda mola absorve o recuo.

Durante o primeiro teste do sistema HP3 na semana passada, o dispositivo conseguiu perfurar até uma profundidade de 13 centímetros antes de bater em algumas pedras. Testes na Terra mostraram que a Toupeira era capaz de empurrar pedras menores para longe, mas em um processo descrito como “muito demorado”, de acordo com o DLR.

“A caminho das profundezas, a Toupeira parece ter atingido uma pedra. Ela se inclinou cerca de 15 graus e a empurrou para o lado ou passou por ela”, disse Tilman Spohn, investigador principal da HP3, em um comunicado à imprensa do DLR.

A Toupeira, então, encontrou outra rocha em maior profundidade e não conseguiu avançar mais. Planejadores da missão foram forçados a parar depois que a janela de perfuração de quatro horas expirou. No final da sessão — cerca de 4 mil marteladas depois — a Mole conseguiu perfurar até uma profundidade de 50 centímetros. Isso, segundo a Associated Press, ficou abaixo das expectativas.

“Para mim, esta não é uma boa notícia porque, embora o martelo esteja conseguindo, o ambiente de Marte não é muito favorável para nós”, disse Jerzy Grygorczuk, engenheiro-chefe da Astronika, à AP.

Imagem: DLR

Outra sessão de perfuração de quatro horas deve acontecer em breve, mas os planejadores precisam esperar que o sistema resfrie primeiro. A ação de martelar provoca atrito, que por sua vez gera calor; várias horas de trabalho requerem um período de resfriamento de dois dias.

Idealmente, à medida que o experimento do HP3 prossegue em direção ao objetivo de perfurar um buraco de 3 a 5 metros de profundidade, o projeto envolverá uma série de sessões de perfuração de quatro horas, seguido por períodos de resfriamento de dois dias e um dia para tomar leituras de temperatura.

Um cabo de fita de cinco metros de comprimento equipado com mais de uma dúzia de sensores medirá a temperatura em várias profundidades. Uma vez concluída a perfuração, a temperatura será medida por todos os sensores em intervalos de 15 minutos durante vários meses. O objetivo final do experimento HP3 é medir as mudanças no calor com a profundidade e, posteriormente, o fluxo de calor do interior do Planeta Vermelho.

Os planejadores da missão esperam realizar mais sessões de perfuração nas próximas semanas, mas isso pressupõe que não há mais rochas impenetráveis à espreita abaixo. Isso seria uma má notícia, já que o sistema HP3 não pode ser transferido para outra posição ao redor do módulo. A Toupeira, enquanto perfura, puxa o cabo de fita junto com ele, e o sistema não é projetado para se mover ou se retrair na direção oposta.

Portanto, este é um começo frustrante para a fase HP3 do projeto, no que, até agora, tinha sido uma missão espetacularmente bem-sucedida para Marte. Mas nós não devemos nos precipitar — a próxima sessão de perfuração pode resultar em algo bastante positivo.

[DLR, AP]

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas