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Pesquisa analisa como o ensino remoto afetou os estudantes

Alunos que eram os primeiros da família a chegar a uma universidade se mostravam mais resilientes.

Imagem: Unsplash

A pandemia de Covid-19 trouxe a necessidade do distanciamento social. Assim, escolas e universidade passaram a ter ensino remoto — afetando milhares de pessoas ao redor do globo. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade de Illinois investigaram como que esse novo modelo impactou os alunos.

O estudo abrangeu 182 alunos de graduação em um curso de biologia que era ministrado com aulas presenciais, mas mudou para o ensino online durante as oito semanas. Os participantes foram entrevistados mensalmente de janeiro a abril, preenchendo os mesmos questionários que examinavam vários fatores associados à motivação. Por exemplo, havia uma pergunta para saber se o objetivo deles era entender completamente os conceitos ensinados ou apenas evitar a reprovação.

A equipe perguntou, também, se eles acreditavam que o esforço exigido valeria a pena no final: 42% dos alunos indicaram que estavam totalmente comprometidos em janeiro, mas o número caiu ao longo dos meses. Em abril, as mudanças ​​motivacionais indicavam que mais alunos corriam o risco de desistir. Mas, como os alunos estavam vivenciando preocupações com a saúde, finanças e viver em casa com suas famílias e longe do apoio social, as mudanças motivacionais não foram atribuídas apenas ao aprendizado remoto.

No entanto, por mais que os pesquisadores tenham levantado a hipótese de que o interesse dos alunos pelo conteúdo diminuiria, eles descobriram que o envolvimento de alguns aumentava. “As histórias da mídia sobre os esforços dos cientistas para decifrar o Covid-19 e desenvolver vacinas eficazes promoveram uma maior apreciação da utilidade e do valor social da ciência para alguns alunos”, afirma a pesquisadora Andrea Kunze.

Esse efeito foi particularmente significativo entre aqueles que eram os primeiros de suas famílias a frequentarem ensino superior, que representaram 24% dos pesquisados, de acordo com o estudo. Assim, as descobertas são um alerta contra fazer suposições estereotipadas sobre o comprometimento e a persistência dos alunos com base em suas características demográficas ou status socioeconômico. “Devíamos checar com eles e ver como estão indo. Estereotipar as pessoas como oprimidas ou resilientes não reflete a realidade da situação”, diz Jennifer Cromley, co-autora da pesquisa.

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