Pesquisadores usam estímulos elétricos, e pacientes com paralisia voltam a controlar suas pernas

Pesquisadores do Hospital Universitário de Lausanne, na Suíça, conseguiram fazer com que três pacientes com paralisia parcial ou total da cintura para baixo fossem capazes de andar, com ajuda e por tempo limitado, com o uso de estímulos elétricos. O estudo foi publicado na quarta-feira (31) na revista Nature. A equipe de cientistas, liderada por […]

Pesquisadores do Hospital Universitário de Lausanne, na Suíça, conseguiram fazer com que três pacientes com paralisia parcial ou total da cintura para baixo fossem capazes de andar, com ajuda e por tempo limitado, com o uso de estímulos elétricos. O estudo foi publicado na quarta-feira (31) na revista Nature.

A equipe de cientistas, liderada por Grégoire Courtine e Jocelyne Bloch, aplicou uma técnica que envolvia o uso de eletrodos e treinamento. Como explica a Newsweek, “o método envolve implantar uma matriz de eletrodos sobre a espinha dorsal para atingir grupos de músculos individuais nas pernas e para ativar regiões específicas, imitando os sinais que o cérebro envia quando andamos”.

Logo nos primeiros dias, os pacientes passaram de simplesmente pisar em uma esteira a conseguir andar no chão com apoio, recebendo estímulos. Depois de cinco semanas, foi possível andar na esteira por até mesmo uma hora, recebendo estímulos e tendo o peso do corpo suportado com auxílio. Segundo Cortine, “o controle voluntário dos músculos melhorou tremendamente com cinco meses de treinamento”, e o “sistema nervoso humano respondeu ao tratamento mais profundamente do que esperávamos”.

David Mzee, um dos três pacientes do estudo, pode andar com assistência após uma combinação de estímulos elétricos e terapia. GIF: Hillary Sanctuary/EPFL

Para Chet Moritz, pesquisador em medicina de reabilitação da Universidade de Washington em Seattle que não esteve envolvido no estudo da universidade suíça, os resultados “são um tremendo passo adiante”.

Lesões na coluna vertebral interrompem as conexões entre o cérebro e os neurônios da espinha, criando déficits motores e sensoriais em áreas do corpo abaixo da lesão, causando às vezes paralisia.

Na maioria dos casos, algumas conexões acontecem entre o cérebro e os neurônios motores, mas podem não ser suficientes para permitir que a pessoa se mova. A pesquisa agiu exatamente nisso: os estímulos elétricos deram a esses neurônios um reforço, aumentando os sinais das conexões restantes. Isso exigiu o mapeamento de quais áreas da coluna vertebral estavam envolvidas em cada tipo de movimento necessário para andar.

Os estímulos elétricos não produzem movimento, mas ajudam os pacientes a conseguir fazer os movimentos. Como explica a Nature:

“Eles funcionam, na verdade, como um amplificador”, diz Courtine. “Isso não toma o controle da perna. São os pacientes que fazem isso.”

No entanto, a própria Nature reconhece em um editorial que ainda estamos longe de ver uma tecnologia desse tipo sendo usada em grande escala no tratamento de paralisias:

À luz de tal progresso, o prognóstico para o que foi considerado uma condição irreversível parece muito mais brilhante. No entanto, ainda há muito trabalho a fazer. Lesões na coluna variam enormemente em sua localização, gravidade e resultados, e serão necessários muitos estudos para entender quem se beneficiará dessa tecnologia. A pesquisa atual é uma prova de conceito em um pequeno número de participantes que tinham uma faixa de função residual das pernas no início do estudo. Um grande desafio é entender o que determina a recuperação bem-sucedida. Uma fonte de variabilidade, por exemplo, pode ser a quantidade de informação sensorial que a medula espinhal danificada ainda pode transmitir ao cérebro.

De qualquer forma, as perspectivas ficam mais animadoras. Esperemos que o futuro traga mais avanços nesse caminho.

[Nature via Newsweek]

Imagem do topo: Jean-Baptiste Mignardot/EPFL

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