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Pesquisadores trabalham em teste barato com saliva para COVID-19 com ajuda da NBA

A Escola de Saúde Pública de Yale recebeu neste final de semana a autorização regulatória de emergência para um novo teste diagnóstico de COVID-19 que detecta o novo coronavírus usando amostras de saliva.

Damian Lillard do Portland Trail Blazers na bolha da NBA na Walt Disney World em Orlando, Flórida.

Crédito: Kevin C. Cox/Getty

A Escola de Saúde Pública de Yale recebeu neste final de semana a autorização regulatória de emergência para um novo teste diagnóstico de COVID-19 que detecta o novo coronavírus usando amostras de saliva em vez de amostras de swabs nasofaríngeos. A pesquisa agora quer descobrir se o teste pode ser usado para detectar casos em indivíduos assintomáticos, e tem um parceiro surpreendente: a NBA. A contribuição chave da associação? Muita saliva.

Chamado SalivaDirect, o teste consiste em um novo protocolo flexível e de baixo custo que pode ser usado por muitos laboratórios, mesmo que não tenham o mesmo equipamento. Como o SalivaDirect é um protocolo, não é um kit que você possa comprar.

De acordo com Food and Drug Administration (FDA, órgão equivalente à Anvisa), os laboratórios designados poderiam seguir a metodologia para obter os componentes necessários e realizar o teste em seus espaços de acordo com as instruções de uso da Yale. A Yale oferecerá o protocolo aos laboratórios gratuitamente.

A FDA concedeu à Yale uma autorização de uso emergencial para o SalivaDirect neste fim de semana. O SalivaDirect é o quinto teste para COVID-19 autorizado pela agência que utiliza a saliva como amostra.

De acordo com a Yale, o SalivaDirect é único em três maneiras. Primeiramente, como mencionado acima, o teste utiliza amostras de saliva para detectar o vírus, não amostras de swabs nasofaríngeos. Os swabs são aqueles bastões intimidantes que você vê sendo enfiadas no nariz das pessoas. A Yale afirma que a obtenção dessas amostras pode ser desconfortável, um fator que desencoraja as pessoas de serem testadas com frequência e coloca as pessoas que conduzem o teste em risco de adoecer. Em comparação, o SalivaDirect não requer nenhum tipo especial de swab ou dispositivo de coleta, e pode ser coletada em qualquer recipiente esterilizado.

Outra diferença fundamental é a etapa de extração do ácido nucléico: isso não acontece. Yale afirma que a extração do ácido nucléico é demorada e cara e que a prática tem sido sujeita à escassez mundial de suprimentos. Laboratórios, cientistas e autoridades de saúde pública já demonstraram preocupação sobre a disponibilidade de reagentes, produtos químicos necessários para realizar testes de coronavírus, em várias ocasiões durante a pandemia.

Por fim, a Yale sustenta que seu método é flexível, uma vez que visa trabalhar com o maior número possível de variações de equipamentos e reagentes. Isto permitirá que “os laboratórios trabalhem com o que têm e evitará a escassez.”

Nathan Grubaugh, professor assistente da Escola de Saúde Pública de Yale que fez parte da equipe que liderou o desenvolvimento do SalivaDirect, disse que os pesquisadores simplificaram o teste para que custasse apenas alguns dólares por reagentes. Ele disse que os pesquisadores esperam que os laboratórios cobrem US$ 10 por amostra.

“Testagem em massa é algo crítico para nossos esforços de controle”, disse Grubaugh em um comunicado divulgado pela Yale. “Se alternativas baratas como o SalivaDirect puderem ser implementadas em todo os EUA, podemos finalmente ter um controle sobre esta pandemia, mesmo antes de uma vacina.”

Depois de toda essa parte científica, você pode estar pensando, onde entra a NBA? De acordo com o Wall Street Journal, a Yale precisava de estudos de validação para receber autorização regulatória para oferecer seu protocolo de forma mais ampla, especificamente para testes de assintomáticos.

Os pesquisadores pretendem determinar se o SalivaDirect pode detectar com precisão casos assintomáticos, ou casos com pessoas que não apresentam sintomas de COVID-19. Para realizar esses estudos de validação os pesquisadores precisavam de saliva, e a NBA, juntamente com a Associação Nacional de Jogadores de Basquete dos EUA, ofereceu aos cientistas as amostras de jogadores e funcionários.

A diretoria da NBA entrou em contato com Yale em maio depois de ler reportagens sobre o trabalho da equipe com os testes de saliva para COVID-19 e ofereceram colaboração.

Os jogadores da NBA são testados frequentemente e de muitas maneiras, de acordo com o WSJ. Nos últimos dois meses, as sedes das equipes e a bolha em Walt Disney World, onde a NBA reiniciou sua temporada, forneceram amostras de testes coletados via nariz, boca e saliva.

As amostras de saliva são enviadas para Yale, enquanto as amostras coletadas via nariz e boca são enviadas para os laboratórios Quest Diagnostics e BioReference. O esforço de pesquisa de Yale em testes para assintomáticos é chamado de Vigilância com Triagem Melhorada e Saúde, ou SWISH. O WSJ relata que os resultados dos testes de saliva são comparados aos resultados dos testes nasais e orais dos mesmos jogadores e funcionários das equipes, embora nenhum resultado seja identificável pelo nome.

O SWISH está em andamento e está atualmente testando amostras dos funcionários da NBA na Walt Disney World.

Descobrir se o SalivaDirect pode ser usado para detectar casos assintomáticos pode levar mais tempo do que o esperado, no entanto. Como o WSJ observa, não houve casos positivos de COVID-19 relatados na bolha da NBA.

Pesquisadores da USP também desenvolveram um teste para COVID-19 que utiliza amostras de saliva para identificar o novo coronavírus. O teste se chama RT-Lamp e fornece o resultado em pouco mais de meia hora, com precisão similar ao teste PCR (justamente o do swab). Os cientistas trabalham para padronizar o teste e produzir reagentes químicos no próprio laboratório. O estudo foi desenvolvido com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e da empresa brasileira JBS.

[The Wall Street Journal]

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