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Pessoas anti-máscara são forçadas a cavar covas de vítimas de COVID-19 na Indonésia

Província da Indonésia forçou oito pessoas anti-máscara a cavarem covas de pessoas mortas por COVID-19 no país.

Funcionário de cemitério municipal caminha por área específica para suspeitos de morte por COVID-19 em Jacarta, na Indonésia. Crédito: Ed Wray/Getty Images

Funcionário de cemitério municipal caminha por área específica para suspeitos de morte por COVID-19 em Jacarta, na Indonésia. Crédito: Ed Wray/Getty Images

Pelo menos oito pessoas que se recusaram a usar máscaras foram forçadas a cavar sepulturas para as pessoas que morreram de COVID-19 na província de Java Oriental, na Indonésia, de acordo com uma reportagem do Jakarta Post.

“Há apenas três coveiros disponíveis no momento, então achei melhor colocar essas pessoas para trabalhar com eles”, disse o político local Suyono ao Tribun News, de acordo com uma tradução para inglês feita pelo Jakarta Post.

A reportagem nota que as pessoas contra o uso de máscara não chegam a manusear os cadáveres. Em vez disso, fazem o trabalho manual de cavar sepulturas e preparar os suportes para sustentar os caixões. Funcionários de saúde pública no distrito de Cerme lidam com os corpos usando equipamento de proteção de corpo inteiro, garantindo que não haja risco de exposição.

A Indonésia instituiu uma lei nacional exigindo o uso de máscaras no início de abril. Essa política foi reforçada em julho, depois que Java Oriental viu um aumento nos casos. Uma pesquisa na região descobriu que 70% das pessoas na província não usavam máscara.

O país, como outros de renda baixa e média, tem tido dificuldades para conter a disseminação do vírus por motivos que geralmente estão relacionados à falta de recursos, que pode limitar os testes e o rastreamento de contatos. Mas as máscaras são uma medida de saúde pública relativamente barata e que pode literalmente salvar vidas.

A Indonésia identificou mais de 22 mil casos e 8.841 mortes por COVID até agora, e o país registrou 3.141 novos casos só na segunda-feira, com 118 novas mortes no dia. Os EUA, um país mais rico que a Indonésia, registra 6,5 milhões de casos e mais de 194 mil mortes, diferenciando-o de outros países ricos que não viram tanta devastação. No Brasil, já temos mais de 4,3 milhões de casos e já passamos das 130 mil mortes.

Por aqui, não chegamos a ter punições como a da Indonésia. No entanto, o caso que talvez tenha ganhado maior notoriedade foi o de uma mulher que dizia, em um vídeo viralizado via WhatsApp, que caixões estavam sendo enterrados sem cadáver para assustar a população. Após a polícia ir até a casa dela, a mulher se desculpou e gravou um outro vídeo pedindo perdão.

O movimento anti-máscara não é uma exclusividade da Indonésia. Países como EUA, Alemanha e França também tiveram ocorrências de protestos contra o uso de máscara em tempos de pandemia.

O curioso é que até Hong Kong, um dos primeiros lugares a recomendarem o uso da proteção, teve este tipo de manifestação.

“Por favor, tome cuidado se você estiver doente”, disse o médico Gabriel Leung, diretor fundador do Centro Colaborador da OMS para Epidemiologia e Controle de Doenças Infecciosas, em uma entrevista coletiva em Hong Kong em 21 de janeiro. “Se você estiver indo para um lugar lotado, coloque uma máscara mesmo se você não estiver doente porque outras pessoas podem estar, e mesmo se eles tiverem modos para tossir ou espirrar, eles ainda podem entrar em contato com você.”

Embora as máscaras tenham se mostrado eficazes para retardar a propagação da doença, não é a única coisa que determina se um país pode manter a pandemia sob controle. Testes eficazes, rastreamento de contato e lockdowns são todos parte da resposta que precisa ser usada estrategicamente. Quando tais estratégias não são postas em prática, a pandemia acaba atingindo forte quem tem menos condição, que é quem precisa necessariamente sair de casa para trabalhar ou não consegue praticar o distanciamento social.

(Colaborou Guilherme Tagiaroli)

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