Pessoas assintomáticas têm mais chances de transmistir o coronavírus do que pacientes hospitalizados, conclui estudo

Pesquisadores alemães concluem que a carga viral do vírus é maior em pacientes sem sintomas do que em pessoas hospitalizadas
(Banco de imagem)

Pesquisadores da alemães descobriram que a transmissão da Covid-19 pode ser ainda maior entre pessoas assintomáticas.

Mais de 25 mil pacientes com idade média de 37 anos foram acompanhados por cientistas do Hospital Charité de Berlim, na Alemanha. O estudo publicado na Science, avaliou a carga viral de pessoas infectadas. As amostras foram retiradas da garganta dos pacientes e serviam como métrica útil para estimar “o quanto aquele indivíduo estava infectado”.

Normalmente uma amostra contém cerca de 2,5 milhões de cópias da sequência do DNA (genoma) do vírus, mas em 9% dos pacientes que participaram do estudo, os resultados das coletas marcaram mais de um bilhão de cópias do genoma. Esse pico de carga viral acontece de um a três dias antes dos sintomas físicos. Com os resultados, os pesquisadores apontam que uma pessoa sem sintomas pode ser mais contagiosa do que um doente de Covid-19 hospitalizado. Para o virologista Christian Drosten, principal responsável pelo estudo, “a ideia de que uma minoria dos infectados causa a maioria dos contágios é real”.

Uma das grandes incógnitas desse vírus é como o vírus se comporta em crianças. Todavia, os pesquisadores alemães também analisaram a carga viral nos pequenos. De acordo com o estudo, a quantidade de genomas era bem menor do que nos adultos, cerca de 800 mil cópias. Apesar da quantidade baixa, o cálculo dos cientistas resulta que o nível de ineficiência do vírus nas crianças menores de cinco anos é apenas 20% inferior ao dos adultos. “As diferenças nas cargas virais encontradas nas crianças mais novas estão, na verdade, um pouco abaixo do limiar em que normalmente as consideraríamos clinicamente relevantes. Crucialmente, também é preciso entender como chegamos a esses valores e levar isso em consideração ao interpretá-los.”

Isso porque a coleta das amostras nas crianças difere na quantidade coletada dos adultos. Mesmo assim, Drostren destaca: “Minha suposição inicial é de que todas as faixas etárias têm aproximadamente o mesmo nível de potencial infeccioso”.

Para o El País, o  pediatra Quique Bassat, do Instituto de Saúde Global de Barcelona, apontou que “os dados do estudo publicado na Science sugerem que, em igualdade de condições e sem aplicar medidas de prevenção adicionais, a contagiosidade das infecções em crianças seria similar à dos adultos. Isto, embora possível, contraria a ausência de dados claros de focos ou eventos de super contágios entre as populações pediátricas”.

Recentemente, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz, Universidade da Califórnia e da London School of Hygiene and Tropical Medicine apontou que as crianças têm mais chances de adquirir a Covid-19 do que transmitir a doença em si.

Além disso, outra vertente do estudo foi o comportamento da variante B.1.1.7, identificada pela primeira vez no Reino Unido. A análise de 1.500 infectados com esta variante do coronavírus mostrou que sua carga viral é 10 vezes maior em média, com uma ineficiência 2,6 vezes superior. “Os estudos de laboratório podem ainda não estar em posição de fornecer uma explicação definitiva, mas uma coisa é clara: B.1.1.7 é mais infeccioso do que outras variantes”, afirma o pesquisador à publicação.

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Vale ressaltar que as vacinas disponíveis são eficazes contra as variantes, segundo a Organização Mundial da Saúde. Mas, mesmo pessoas vacinadas com as duas doses podem contrair e continuar transmitindo o vírus. O estudo alemão sobre a carga viral de pessoas assintomáticas destaca “a importância das medidas de controle da pandemia, como o distanciamento social e o uso obrigatório de máscaras”, conclui Drosten.

[El País]

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