_Ciência

Pílulas antiressaca começam a ser vendidas no Reino Unido; funciona?

O produto fez sucesso e esgotou em apenas 24 horas após seu anúncio. Porém, o estudo por trás possui algumas lacunas a serem preenchidas

Pílulas antiressaca

Imagem: Louis Hansel/Unsplash/Reprodução

Nesta semana, a farmacêutica De Fairy Medical AB colocou suas pílulas antiressacas no mercado britânico. O produto fez sucesso e, em cerca de 24 horas, já não era possível encontrá-lo nas prateleiras das drogarias. 

Os estoques já estão sendo reabastecidos. Em breve, mais moradores do Reino Unido poderão adquirir caixas com 30 comprimidos pelo valor de 30 libras (cerca de R$ 195). Mas fica o questionamento: vale a pena investir no produto? 

A promessa é boa. A pílula antiressaca, vendida sob o nome de Myrkl, quebra partículas do álcool antes que elas cheguem ao fígado. Isso acaba evitando efeitos de curto prazo da bebida, como euforia e ansiedade, além de diminuir os riscos de desidratação. 

Todo esse processo é feito graças as bactérias Bacillus subtilis e Bacillus coagulans, presentes no composto. Basicamente, elas decompõem o álcool em água e dióxido de carbono. Mas para que o suplemento probiótico faça seu trabalho, a pessoa precisa ingerir duas pílulas entre 12h e 1h antes de começar a beber. 

Na prática, as pílulas antiressaca parecem um verdadeiro milagre da ciência, mas os estudos por trás de seu desenvolvimento são limitados. Participaram dos testes 24 jovens adultos brancos saudáveis, que receberam duas pílulas Myrkl ou placebo diariamente durante sete dias.

Os voluntários recebiam entre 50 e 90 ml de destilados (de acordo com seu peso) e depois tinham o sangue retirado para análise. Os cientistas concluíram que, para aqueles que receberam a pílula, o álcool era decomposto em 70% nos primeiros 60 minutos após a ingestão.

Porém, foram relatados no artigo resultados de apenas 14 participantes, já que os outros dez restantes apresentavam níveis reduzidos de álcool no sangue desde o início do estudo.

Os cientistas também não consideraram nos testes os efeitos da pílula sobre pessoas de diferentes idades, etnias ou sexo biológico. Restam dúvidas, inclusive, sobre as limitações do comprimido. Pessoas com doenças intestinais ou hepáticas podem recebê-lo? O probiótico pode ser ingerido junto a alimentos ou outros medicamentos? Pontos primordiais que podem interferir nos efeitos do Myrkl.

Sair da versão mobile