Qual é o grande plano da Microsoft para smartphones?

Já faz quase dois anos desde que a Microsoft lançou um smartphone com Windows. E pode ser que venha novidade por aí, mas qual é o plano da empresa?

Já faz quase dois anos desde que a Microsoft lançou um smartphone com Windows. É claro, a HP continua fabricando celulares com o sistema e vendendo ele para o mercado corporativo, mas a Microsoft tem se mantido silenciosa sobre o tema desde 2015. Não foi lançado nenhum topo de linha, apesar dos persistentes rumores de um super Surface Phone. A lógica indica que a Microsoft precisa entrar no jogo. As pessoas cada vez mais estão deixando os notebooks de lado para usar seus smartphones, e, se a Microsoft quiser se manter no páreo com Apple e Google, precisará ter uma plataforma para celulares que convença.

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A companhia aparentemente tem algo em andamento. De acordo com o pessoal do Windows Central, o CEO da Microsoft, Satya Nadella, confirmou a informação no podcast Make Me Smart no começo da semana passada.

“Tenho certeza de que faremos mais celulares”, contou Nadella para o apresentador Molly Wood, “mas eles não se parecerão com os celulares que estão aí hoje”.

Vamos dar um passinho para trás por um momento. O Windows 10 em um celular tem duas vantagens atualmente. Primeiro, a interface é belíssima – elegante e minimalista, sem elementos bonitinhos que o iOS e Android colecionaram durante os anos. Depois, os aparelhos funcionam como um mini PC – graças ao Continuum. Então você pode ter um celular durante o dia e depois conectá-lo em um monitor e um teclado para ter um computador tradicional de noite. Mas a atual versão do Windows para celulares, o Windows 10 Mobile, foi anunciada lá em 2015, junto com o topo de linha da época, o Lumia 950 (você deve se lembrar que a Microsoft tomou conta da marca Lumia da Nokia em 2013).

Não é surpresa que o próximo destaque demore para aparecer. O Windows para celulares já chegou atrasado quando a empresa lançou o Windows Phone 7 em 2010. Naquela época, a Apple já centralizava poder com o iPhone, e o Google estava construindo um competidor valioso com bons dispositivos Android, como o Motorola Droid (no Brasil, eram batizados de Razr). Mas o visual mobile da Microsoft era tão legal que chegou a convencer que seria um competidor forte.

Na época, até o Gizmodo estava maravilhado. “Tudo é diferente agora”, escrevemos.

De uma certa forma, era verdade. Em vez de perturbar radicalmente o mercado de celulares, a Microsoft se viu em uma terceira colocação bem distante dos titãs Apple e Google. Tudo era realmente diferente. A Microsoft estava habituada a fazer o sistema operacional mais vendido, e seu fracasso no lucrativo mercado de celulares deixou a empresa remando contra a maré. Então, veio o grande redesign com o Windows 8, que tentou juntar dispositivos móveis e computadores. Aí a Cortana chegou no 8.1, dando aos celulares com Windows uma rival à Siri. Em 2015, a Microsoft anunciou o Continuum, que permite usuários plugar seus dispositivos em um monitor e um teclado para uma experiência similar à do desktop.

Porém, por mais legais que tenham sido as tentativas, a companhia não conseguiu chegar na elite dos sistemas operacionais para celulares. Quando a empresa chegou, os usuários já tinham entrado nos ecossistemas do Android e iOS, e os desenvolvedores, que já estavam fazendo apps para os dois sistemas, tinham pouco desejo de adicionar uma terceira opção, bem menos lucrativa. As várias versões do Windows para celulares pareciam bonitas o suficiente e tinham o apoio da Microsoft, mas a constante tentativa de alcançar Apple e Google tornou os celulares feitos para a plataforma pouco atraentes. “Não existe motivo para escolher um dispositivo Windows caro quando o Google e a Apple oferecem opções muito melhores”, disse Mario Aguilar, do Gizmodo, lá em 2015. Isso não mudou e é uma das razões pelas quais, no mês passado, o Android ultrapassou o Windows como o sistema operacional mais instalado do mundo, de acordo com uma estimativa.

Com sorte, esses dois anos de hiato no mercado de celulares da Microsoft é resultado de um trabalho duro em fazer algo novo. A empresa não vai ganhar uma fatia mensurável do mercado de smartphones (e o interesse dos desenvolvedores de apps) sem antes fazer um produto que os consumidores realmente queiram comprar, e eles não têm como fazer isso sem nos oferecer um hardware radicalmente diferente daqueles que a Apple e Samsung oferecem hoje.

Como falamos no ano passado, smartphones se tornaram tão bons que estão entediantes e eles também estão bem caros agora. Por isso, as pessoas estão passando a adotar um clico de troca de dois anos. A Microsoft não precisa apenas fazer um celular ótimo, precisa oferecer algo inovador – e não existe nenhum caminho claro para um dispositivo como esse assumir o mercado.

Em outras palavras, a Microsoft precisa impressionar nossas mentes.

E como um celular Windows do futuro poderia se parecer? Antes do evento de hardware da Microsoft na semana passada, esperávamos por um celular baseado na nuvem, mas esse sonho foi encerrado quando o tão esperando Windows 10 Cloud foi nomeado oficialmente como Windows 10 S. Em vez de ser uma janela para a computação na nuvem do futuro, o Windows 10 S se assemelha a variações leves do sistema como o Windows RT. Não é baseado na nuvem, mas enraizado nos computadores e ligado ao vazio da loja de apps do sistema.

E essa loja de apps não irá melhorar de um dia para o outro. Como já mencionado, a Microsoft precisa de desenvolvedores importantes e estáveis para conseguir atrair usuários para sua plataforma móvel, mas os desenvolvedores querem uma base de usuários grande para que dediquem tempo e dinheiro ao sistema. A Microsoft fica então em um beco sem saída. O que significa que, independentemente do que vier por aí, terá que ser tão diferente, tão maluco, tão inovador que nem desenvolvedores e nem consumidores vão ligar.

Vai lá, Microsoft. Estamos preparados para o Surface Phone.

Imagem do topo: Gizmodo

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