Poderia um tablet baratinho substituir o seu desktop?

O repórter do Gizmodo substituiu o desktop por um tablet por uma semana e aprova o resultado, mas alerta que não é para qualquer um.

Eu comecei contando vantagem, e a coisa toda acabou virando uma aposta. Eu disse aos meus colegas do Gizmodo porque eu adorava o meu tablet com Windows 8: ele é rápido, barato e praticamente um PC de mesa completo. Eu poderia até mesmo conectá-lo a um monitor e trabalhar dele por uma semana inteira, disse.

E é exatamente o que estou fazendo agora. E não é tão ruim quanto parece.

Antes de qualquer coisa, me deixe explicar sobre o que não estou falando: o Microsoft Surface Pro que custa mais de 800 dólares. É um tablet ótimo, mas o meu tablet é um Dell Venue 8 Pro de 300 dólares. O Venue 8 Pro é um dos vários tablets baratinhos que estão entrando no mercado e valem muito mais do que é cobrado. É, inclusive, a razão pela qual comprei um — O Windows 8.1 carrega páginas da web muito mais rápido que o meu antigo tablet com Android de preço parecido. É um PC de verdade. Então é claro que vou ganhar essa aposta… não é?

Entretanto, o meu desafio quase terminou antes mesmo de começar: o Venue 8 Pro só tem uma pequena entrada de micro USB e eu descobri que ele não carrega o tablet se eu conectar qualquer outra coisa nele. Meu teclado, meu mouse e o adaptador do meu monitor forçavam o tablet a usar a bateria. Não importa quão capaz o processador Intel Atom é — se eu não pudesse fazer ele durar por um dia inteiro, eu perderia a minha aposta. Então eu fiz o que qualquer um faria: perguntei ao Google. E o Google me mostrou uma comunidade inteira que buscava pela mesma resposta.

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Bem no fundo do “Lounge de Donos do Dell Venue Pro 8” nos fóruns do TabletPCReview, encontrei algumas respostas: alguns usuários modificaram a entrada USB do tablet para ela aceitar tanto energia quanto troca de dados. (Outros desistiram, optando por teclados e monitores sem fio). E um grupo em particular desenhou e lançou no Kickstarter uma hub que transforma o tablet em um desktop improvisado.

Eu, no entanto, preferi a solução mais simples: um splitter divisor. Um hub USB antigo da DisplayLink e um interruptor que causa um curto circuito “acidental” na conexão e inicia o carregamento (A Dell tem até um cabo próprio que faz isso). Nem faço ideia como essa combinação bizarra de cabos funciona, mas no fim do dia eu tinha três entradas USB de tamanho normal, um monitor, um mouse e um teclado. Tudo o que eu precisava para trabalhar.

Com tudo montado — foi um saco para ajeitar tudo isso, mas funcionou. O meu pequeno tablet (agora não tão pequeno) poderia sem dificuldade ser minha ferramenta de trabalho pela semana. Eu poderia abrir meia dúzia de abas para pesquisa, escrever e editar posts na web, redimensionar e inserir marca d’água nas imagens com o Manga Studio 5 (eu o uso para desenhar no tablet e usei para essas outras funções porque fiquei com preguiça de instalar o Photoshop). E deu tudo certo.

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E essa coisinha até que faz multitasking muito bem — quer escutar música? O Spotify funciona em background sem atrapalhar. Precisa entrar nas redes sociais? Tweetdeck tá aí para isso. Microsoft Office, Google Hangouts, Steam e todos os programas de desktop rodaram normalmente. Mas ele ainda não é um substituto para computadores de mesa.

Quanto mais eu usava meu desktop improvisado, mais eu via pequenos problemas. Páginas muito longos (como o scroll infinito do Twitter, por exemplo) causava em minha, até então, suave experiência, alguns soluços, assim como abrir mais de doze abas. Não foi o suficiente para me fazer desistir da aposta, mas me fez ciente das limitações do tablet.

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Eu ignorei estes problemas e perdoei toda a aparelhagem necessária para fazê-lo funcionar pela inovação: as pessoas costumavam dizer que trabalhavam dos seus iPads, mas eu realmente trabalhei do meu tablet. E eu adorei! O Dell Venue 8 Pro foi um presente de 250 dólares que me dei para desenhar e ler quadrinhos — agora é uma versátil estação de trabalho portátil. Tem lá seus problemas (que me deixam ansioso para a transição para o Windows 10 que a Microsoft promete), mas é um começo. Talvez a próxima geração de tablets pequenos e baratos com Windows leve mais em consideração as pessoas que não querem sair carregando um computador parrudo por aí.

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Quanto à aposta? Bem, eu acho que ganhei: já se passou mais de uma semana e eu continuo bem feliz de trabalhar com ele. De qualquer forma, eu não recomendaria a experiência para qualquer um que não fosse tão teimoso — ou entusiasta da computação alternativa — como eu. Eu não chamaria essa configuração de ideal para o usuário comum. A Dell não montou este tablet para que ele fosse usando dessa forma—o que é uma pena.

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Na melhor das hipóteses, essa configuração é um pedacinho do que veremos em nossos tablets em um futuro próximo. Eu realmente espero que os tablets que estão por vir sejam construídos de modo a servirem como pequenos computadores, com todas as funções que um computador oferece. Até lá, minha selva de cabos e adaptadores e interruptores é boa o suficiente para mim.

Mas eu sou um teimoso meio maluco. As pessoas normais devem esperar.

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