Polícia de Nova York agora tem ferramenta automatizada para identificar padrões em crimes

Departamento de Polícia de Nova York revelou que usa ferramenta para identificar padrões em crimes que, de outra forma, não seriam vistos manualmente
John Minchillo/AP

O Departamento de Polícia de Nova York (NYPD) desenvolveu uma ferramenta de reconhecimento de padrões chamada Patternizr para classificar montanhas de arquivos relacionados a “centenas de milhares de crimes registrados no banco de dados da NYPD”, noticiou a Associated Press no domingo (10).

De acordo com a AP, o NYPD diz que a ferramenta pode ajudar os analistas que trabalham para o departamento a descobrir potenciais ligações entre diferentes crimes, às vezes em toda a cidade e, portanto, pouco prováveis de terem sido detectados por meio de métodos manuais. Embora a ferramenta — criada pelo comissário assistente de análise de dados do NYPD Evan Levine e pelo ex-diretor de análise Alex Chohlas-Wood — venha sendo usada desde 2016, o departamento só reconheceu sua utilização neste mês.

Segundo a AP:

O departamento divulgou seu uso da tecnologia apenas neste mês, com Levine e Chohlas-Wood detalhando seu trabalho no INFORMS Journal on Applied Analytics, em um artigo alertando outros departamentos sobre como eles poderiam criar softwares semelhantes. Falando sobre isso com a imprensa pela primeira vez, eles disseram recentemente à Associated Press que o departamento de polícia deles é o primeiro do país a usar uma ferramenta de reconhecimento de padrões como essa.

“O objetivo do Patternizr é, evidentemente, melhorar a segurança pública”, disse Levine, um astrofísico de formação acadêmica. “Quanto mais facilmente identificarmos padrões nesses crimes, mais rapidamente poderemos identificar e prender os perpetradores.”

A AP acrescentou que o teste do NYPD baseado em uma década de padrões de crime identificados manualmente, “recriou com precisão padrões de crimes antigos em um terço das vezes e retornou partes de padrões em 80% das vezes”. A questão não é acusar os suspeitos diretamente, mas reduzir o número de possíveis pistas que os investigadores podem perseguir. Um exemplo fornecido pelo departamento para a agência de notícias foi o de um “ladrão de furadeiras” que roubou duas lojas diferentes no Bronx e em Manhattan — incidentes que analistas em distritos separados podem nunca ter comparado diretamente.

O NYPD tem cada vez mais implantado uma série de sistemas de alta tecnologia, incluindo uma frota de drones para “operações táticas“, um canhão de som ensurdecedor que afirma ser uma “ferramenta de comunicação eficaz e segura” e veículos disfarçados de táxis que são supostamente carregados com equipamentos de vigilância de última geração. Tem também um controverso “Sistema de Imagem Forense”, que integra dados biométricos em bases de dados pesquisáveis de pessoas levadas sob custódia e que tem sido duramente contestado com base na falta de transparência.

O NYPD tem tido uma relação conflituosa com organizações de direitos civis que argumentam que o departamento tem sido resistente a reformas, encerrando investigações sobre supostas más condutas e tentando reprimir as informações que revela sobre suas práticas. Qualquer expansão de seu conjunto de ferramentas, especialmente aquelas que poderiam ser influenciadas por vieses, é, portanto, passível de ser enfrentada com preocupação pelos defensores da privacidade e das liberdades civis.

De acordo com a AP, o NYPD diz que a ferramenta Patternizr não inclui dados sobre a raça dos suspeitos, como parte de um esforço para reduzir possíveis vieses.

Christopher Dunn, diretor jurídico da New York Civil Liberties Union, disse à AP que o NYPD deveria permitir avaliações independentes do Patternizr.

“Para garantir a justiça, o NYPD deve ser transparente sobre as tecnologias que implanta e permitir que pesquisadores independentes auditem esses sistemas antes que eles sejam testados em nova-iorquinos”, escreveu Dunn.

[Associated Press]

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