Policiais na Índia estão usando capacetes no formato do coronavírus para alertar população

Na Índia, policiais estão tentando conscientizar as pessoas sobre os riscos do coronavírus usando um capacete no formato do vírus.
Policial Rajesh Babu vestindo um capacete com o formato do coronavírus, enquanto fala com um motorista em Chennai em 28 de março. Crédito: Getty Images
Policial Rajesh Babu vestindo um capacete com o formato do coronavírus, enquanto fala com um motorista em Chennai em 28 de março. Crédito: Getty Images

Rajesh Babu, um polícial de Chennai, na Índia, começou a usar um capacete durante a quarentena aplicada a 1,3 bilhão de pessoas. Mas não é só um capacete convencional. O equipamento de Babu foi projetado para se parecer com o novo coronavírus, que causa a doença COVID-19. E é apenas mais um sinal de que nossa realidade atual continua ficando cada vez mais estranha à medida que a pandemia continua.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, fez um anúncio surpresa em 24 de março estabelecendo que todos na Índia seriam proibidos de deixar suas casas por 21 dias — esta é a maior quarentena da história da humanidade. Mas a medida foi recebida com resistência, pois muitas pessoas estavam presas em lugares que não moravam e algumas simplesmente não conseguiam encontrar comida. A enorme população sem-teto da Índia também acaba levantando outras questões: para onde estas pessoas vão?

No entanto, os policiais da Índia começaram a empregar novas táticas em um esforço para assustar o cidadão comum a ficar em casa, desde que eles tenham uma. Oficiais como Rajesh Babu estão usando capacetes bizarros, projetados com as imagens divulgadas pelo novo coronavírus. E não é só Babu.

A Getty Images publicou novas fotos durante a noite mostrando a polícia em trânsito em Bangalore, capital do estado indiano de Karnataka, usando seus próprios capacetes inspirados no coronavírus. Não está claro se eles seguiram o exemplo dado por Babu, que está a mais de 320 quilômetros de distância.

Em Bangalore, policiais de trânsito usam o capacete temático para participar de campanha para educar a população durante o lockdown imposto pelo governo da Índia. Crédito: Getty ImagesEm Bangalore, policiais de trânsito usam o capacete temático para participar de campanha para educar a população durante a quarentena imposta pelo governo da Índia. Crédito: Getty Images

A Índia, que tem 1.251 casos confirmados de COVID-19 e pelo menos 32 mortes, não é a única a impor um bloqueio estrito de seu país. Aproximadamente 75% dos americanos estão atualmente em algum tipo de quarentena, segundo a CNN; no Brasil, também boa parte das grandes cidades está com políticas para restringir a circulação de pessoas. Itália e Espanha estão em bloqueio total.

No entanto, os bloqueios tendem a destacar as desigualdades sociais, especialmente na Índia, onde cerca e 80% dos trabalhadores estão no setor informal, o que significa que eles não estão protegidos por leis trabalhistas. “Ouvi que há um vírus por aí”, disse um menino da Índia que apanha sucata de lixões ao New York Times nesta semana. “Mas tenho mais medo da polícia e de não conseguir comer”.

Até cidadãos de países ricos, como a Itália, estão preocupados sobre onde comer, já que a economia está parando. As pessoas no sul da Itália estão em conflito com a polícia porque estão presas em ambientes fechados e simplesmente não têm acesso a comida.

“Já faz de 15 a 20 dias que estamos em casa. Estamos no nosso limite”, disse um italiano em um vídeo que viralizou na Itália e no Reino Unido.

“Como minha filha, outras crianças em alguns dias não poderão comer esse pedaço de pão. Tenha certeza, você vai se arrepender disso, porque vamos ter uma revolução.”

No Brasil, a preocupação é o contágio em áreas periféricas, onde pessoas com sintomas mal teriam espaço para se isolar de familiares. Além disso, muitas áreas não têm saneamento básico, o que dificulta o acesso à água limpa e a possibilidade de higienização constante das mãos.

E os EUA, que na noite passada viram o número de mortes da COVID-19 ultrapassar o número de mortes do 11 de setembro, têm seus próprios problemas com a desigualdade agravados por uma rede de segurança social muito fraca.

Um adolescente que morreu recentemente de COVID-19 foi recusado em uma clínica de atendimento de urgência em Lancaster, na Califórnia e mandando para a sala de emergência porque não tinha seguro de saúde, mas sofreu uma parada cardíaca no caminho para lá. Ele foi ressuscitado no pronto-socorro, mas morreu seis horas depois, segundo o prefeito de Lancaster.

Em Las Vegas, onde os hotéis da cidade ficaram vazios por causa do bloqueio do estado, os sem-teto ainda dormem nas ruas. Mas as autoridades adotaram novos termos para fazer parecer que as populações mais vulneráveis do país estão sendo atendidas.

A foto abaixo mostra o que foi descrito como um “abrigo temporário para moradores de rua” no estacionamento do Cashman Center, completo co linhas brancas desenhadas na calçada para “distanciamento pessoal”.

Pessoas em um abrigo para sem-teto no estacionamento do Cashman Center em Las Vegas, Nevada (EUA). Crédito: Getty Images

Pessoas em um abrigo para sem-teto no estacionamento do Cashman Center em Las Vegas, Nevada (EUA). Crédito: Getty Images

Não está claro como alguém pode ousar usar o termo abrigo ao olhar essa foto. Mas esta aí nossa nova realidade. Infelizmente, parece muito semelhante à nossa velha realidade, mas com mais policiais usando capacetes estranhos que parecem de ficção científica.

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