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Político italiano antivacinas ficou internado por quatro dias com catapora

Massimiliano Fedriga pedia o fim das vacinas obrigatórias para certas doenças, entre elas a própria catapora que ele contraiu

Divulgação

Tem coisa que parece tirada de roteiro de ficção. O homem que você vê na foto acima é Massimiliano Fedriga, político de primeiro escalão da Liga, partido italiano de extrema-direita. Fedriga é a principal voz do movimento antivacinação na Itália. E ele também passou quatro dias internado no início deste mês depois de contrair catapora, segundo a revista Time.

Em 2017, a Itália estipulou a obrigatoriedade de um programa de vacinas contra uma série de doenças, entre elas sarampo, caxumba, poliomielite, rubéola e, é claro, catapora. Massimiliano Fedriga, que na foto abaixo aparece ao lado de Matteo Salvini, ministro do Interior da Itália e líder do partido Liga, chamou o programa de vacinação italiano de “stalinista” por tentar fazer uma imposição. Seu tom deu uma mudada depois do ocorrido no início deste mês.

“Sempre disse que sou a favor das vacinas, porém, para conquistar resultados, é necessário ter uma aliança com as famílias, e não uma imposição”, escreveu Fedriga em seu Facebook após a contração da catapora, acrescentado que seus filhos são vacinados.

O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini (à esquerda da foto), ao lado de Massimiliano Fedriga. Ambos são da Liga, partido de extrema-direita italiano. Imagem: Divulgação

Diante da declaração acima, o jornal italiano La Repubblica então questionou por que ele, Fedriga, não era vacinado, enquanto o microbiólogo italiano Robert Burioni chamou atenção para o perigo da situação. “Se ele tivesse infectado uma mulher grávida, estaríamos diante de uma criança malformada ou de um aborto. A única maneira de evitar essas tragédias é imunizar todos para evitar a circulação desse vírus perigoso, que poderia ter atingido uma pessoa muito mais vulnerável”, escreveu Burioni também em um post de Facebook.

A obrigatoriedade das vacinas veio sob o nome de lei Lorenzin, em homenagem à ex-ministra da Saúde Beatrice Lorenzin (2013-2018), que propôs a nova legislação. As regras entraram em vigor na semana passada, em 12 de março, depois de meses de debate sobre a vacinação compulsória.

A lei estipula que crianças de até seis anos sejam removidas do berçário e do jardim de infância se não tiverem comprovação de suas vacinações. Crianças acima de seis anos e adolescentes, no entanto, não podem ser proibidos de frequentar a escola — neste caso, a punição é uma multa de até € 500 (cerca de R$ 2.140 na cotação atual) para os pais ou responsáveis.

Na semana passada, destacou o New York Times, cerca de 300 crianças de Bolonha, na Itália, foram impedidas de irem às aulas no jardim de infância por causa da nova lei.

[Time e RFI]

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