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Por favor, parem de fazer smartphones 3D

A chegada do HTC Evo 3D não é nenhuma surpresa – nós vimos o Optimus 3D da LG, e sabemos que a enxurrada de qualquer-coisa-3D é impossível de ser detida. Mas a inevitabilidade de alguma coisa não a torna boa. Na verdade, celulares 3D, fundamentalmente idiotas, nos fazem estremecer. Vamos refletir por um momento o […]

A chegada do HTC Evo 3D não é nenhuma surpresa – nós vimos o Optimus 3D da LG, e sabemos que a enxurrada de qualquer-coisa-3D é impossível de ser detida. Mas a inevitabilidade de alguma coisa não a torna boa. Na verdade, celulares 3D, fundamentalmente idiotas, nos fazem estremecer.

Vamos refletir por um momento o porquê de o 3D estar sendo forçado contra nossos globos oculares, para começo de conversa. Se assistir algo em 3D – seja um jogo, filme, ou qualquer coisa do tipo – traz algum benefício, é a imersão, não tem o que discutir. 3D é feito para nós “sentirmos que estamos lá” ou para “dar mais realismo à ação” ou qualquer outra frase de marketing que esteja sendo divulgada. A tela 3D é feita para ser a sucessora lógica da tela grande: uma maneira de ficarmos ainda mais imersos no que estamos assistindo. O que é uma coisa boa! Se o 3D vai conseguir isso é uma discussão para outro dia, mas, no papel, ao menos nós podemos dizer que é isso que estamos buscando.

Imersão, seja 2D ou 3D, faz sentido na telona. Ela ocupa o seu campo de visão. É a maior parte (ou tudo) do que você consegue ver.

Imersão em uma tela de 4 polegadas, seja ela 2D ou 3D,  faz tanto sentido fisicamente quanto escovar seu cabelo com um tridente. Não é possível, a menos que nós estejamos dispostos a distorcer nossa definição de “imersão” até um ponto que ela se torne insignificante. Uma janela com uma imagem tão pequena, em relação a todo o resto que os seus olhos estão captando, não estimula da mesma maneira. O tamanho importa.

É por isso que enfiar 3D na telinha pequena de um celular está além de ser uma função extra – é algo conceitualmente estúpido.

Não, nós não estamos zangados com qualquer  tela  3D pequena. O Nintendo 3DS é muito bacana. Mas ele faz sentido. Um título bem executado para o 3DS é feito para engajar você de uma maneira tão específica que o 3D faz sentido. Leve como exemplo Pilot Wings – as pessoas que o desenvolveram sabem o que estão fazendo, e o campo de profundidade do 3DS adiciona algo à jogabilidade. Não apenas isso, o efeito é ajustável. É bem pensado e divertido.

Você sabe o que não será bem pensado ou divertido? Jogar em 3D o maldito e sem graça Asphalt 6 – o mesmo projeto de jogo triste e doente que foi usado para toda demonstração de jogos do Android. Ou algum jogo de mini-golf 3D descartável de um desenvolvedor tosco. O mercado de jogos para celular, diferente da Nintendo, está prestes a ser inundado com conteúdo medíocre – desenvolvedores babando por uma chance de transformar algum título em 3D só por transformar. E as fabricantes estarão ávidas para anunciar seus novíssimos dispositivos 3D sem sentido – a copa do buzz correndo solta. Ei, o menu desse celular é em 3D e fica girando sem nenhum motivo! Oh, eu posso assistir Fúria de Titãs 3D em uma tela de 3 polegadas! Eu mal consigo entender o que diabos está acontecendo, mas está vindo na minha direção!

Duas coisas que fazem o 3D valer a pena: tamanho e conteúdo. Um celular 3D não terá ambas as coisas – sem isso o que sobra? Um artifício puramente inútil. Não queremos isso aí, não.

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