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Por que a Nokia errou ao escolher quantidade, e não qualidade

Adam Greenfield trabalhou por 2 anos na Nokia como chefão da área de design da empresa. E ele tem muito a dizer sobre o atual estado da gigante finlandesa. Greenfield toca num ponto importante da discussão: a busca da Nokia em tratar seus aparelhos como commodities deixou de lado a interface de usuário por anos. […]

Adam Greenfield trabalhou por 2 anos na Nokia como chefão da área de design da empresa. E ele tem muito a dizer sobre o atual estado da gigante finlandesa.

Greenfield toca num ponto importante da discussão: a busca da Nokia em tratar seus aparelhos como commodities deixou de lado a interface de usuário por anos. Na gana de criar aparelhos baratíssimos, a empresa abriu mão de inovações e deixou em mãos erradas importantes decisões que hoje definem se um celular é bom ou não. Em suas palavras:

Os engenheiros da Nokia eram e ainda são brilhantes. Eu estou longe de ser um expert no assunto, mas não tenho medo de dizer que não existe sistema de organização no planeta mais capaz para desenvolver as entranhas de um aparelho, as várias antenas e chips de rádio que permitem que um aparelho se comunique com uma rede. E também não há muitos concorrentes à altura da Nokia quando o assunto é otimizar sua cadeia de fornecedores e conseguir uma porção de materiais básicos e necessários por preços (normalmente muito) menores.

São essas habilidades específicas que uma empresa precisa se quer mesmo dominar o mercado global de aparelhos de comunicação como commodities, algo que a Nokia fez por catorze anos durante os tempos de Jorma Ollila. Mas a empresa falhou de forma enorme em antecipar, entender e organizar a si mesmo para lidar com a situação crítica que aconteceu no caso da transição de Ollila para o novo CEO, Kallasvuo. O que faltou foi entender que não podemos mais enxergar celulares apenas como instrumentos de comunicação. É preciso enxergá-los como objetos de interface nas quais o usuário pode experimentar e consumir conteúdo e comandar funcionalidades que vivem na rede. (Esse tipo de visão de mudança e grandeza benéfica surgiu naqueles que entenderam a mudança criada pelo lançamento e o sucesso do iPhone em junho de 2007, apenas um ano depois de Kallasvuo assumir o cargo de CEO da Nokia.)

(…)

E esse é o cerne da questão. Quando isso acontece, a mentalidade de valor da engenharia que é tão crucial para rentabilidade de uma empresa que fabrica commodities é fatal para quem quer fornecer experiências. Claro que as empresas podem continuar querendo entregar o produto mais barato possível a ser criado — mas esse custo elimina dimensões intangíveis e não determinadas de design, que na melhor das hipóteses são detalhes parcialmente quantificáveis. Não é algo particularmente inteligente permitir que os engenheiros tomem decisões sobre detalhes como nomenclatura de produtos e serviços, tipografia de interface e design gráfico dos ícones: arrisco dizer que eles não estão nem prontos de forma neurocognitiva para fazer isso. E é isso que acontecia quando eu trabalhava na Nokia e, imagino, continua acontecendo.

Ter um aparelho com hardware impressionante ainda é e sempre será algo fantástico. Mas a necessidade de um cérebro dentro dos músculos, algo que faça cada peça interna do aparelho ser usada de forma completa, é a grande nova busca das empresas de smartphones. E a Nokia demorou para perceber isso. Para ler o relato completo de Greenfield, clique ao lado. [Gizmodo US]

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