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[COLUNA] Por que os jogos 8-bits ainda fazem tanto sucesso no mercado?

O que os tornam presentes nos computadores e consoles dos gamers, mesmo com toda a evolução gráfica?

por Thiago Simões

Alex era um garoto feliz. Seu pai o presenteou com um super computador, aqueles que costumamos chamar de PC gamer. Ao todo, dava pra comprar um carro usado de 2008, mas, mesmo prestes a completar 18 anos, ele preferiu uma super máquina na escrivaninha do seu quarto. O computador tinha o último modelo de placa de vídeo lançado no mercado e tudo o que qualquer apaixonado por games gostaria de ter. O telefone tocou. Era Mario, seu melhor amigo.

– Fala, Alex, tudo bem?
– Tudo bem, Mario, e por aí? Preciso te contar uma novidade. Passe aqui em casa hoje à tarde para conhecer minha mais nova aquisição.

Passou a hora do almoço e a campainha tocou. Mario correu ao encontro do amigo ansioso para matar a curiosidade. Ao entrar, seus olhos brilharam. Um PC gamer montado junto à escrivaninha e com a imagem direcionada para uma super TV de última geração de 50 polegadas.

– Então era isso! Que bacana, Alex. Agora podemos nos divertir como nunca!
– Pegue o controle que a aventura vai começar, Mario!

Ao abrir a pasta no desktop, recheada de games adquiridos recentemente, o mouse passou por diversos títulos, até ticar em Stump Tunner, a nova febre entre os gamers, com gráficos 8-bits.

A história de ficção, contada acima, está cada vez mais se tornando uma realidade. Os jogos 8-bits são um sucesso no mercado mundial. Um grande exemplo disso é a febre chamada Minecraft. Segundo o site oficial, até o dia 3 de agosto de 2015, mais de 20 milhões de pessoas já compraram uma cópia do game para PC e Mac. Nas últimas 24 horas, mais de 12 mil novas aquisições. Se juntarmos todas as plataformas, este número já ultrapassou a casa dos 70 milhões de títulos vendidos. Mas o que os tornam presentes nos computadores e consoles dos gamers, mesmo com toda a evolução gráfica, toda a complexidade que os anos se incumbiram de realizar?

SAUDOSISMO?

Muitos gamers já passaram da casa dos 30 anos e podemos dizer que a maioria deles teve um Mega Drive ou um Master System. Jogos com gráficos 8-bits infestaram a mente da garotada na década de 90, e nada melhor do que uma boa lembrança do passado para povoar nossa mente em pleno 2015.

SIMPLICIDADE?

No mundo atual, o que mais se observa são jogos complexos, com mil e um comandos, mil e uma opções dentro da aventura. A maioria dos jogos 8-bits traz a simplicidade que o tempo moderno necessita, com a vida corrida e cheia de problemas para serem resolvidos, nada melhor que uma boa diversão, fácil e compensatória atrás da telinha.

PREÇO?

Como cobrar 200 reais em um jogo 8-bits? Impossível, não é mesmo? Toda regra tem sua exceção, mas ele será um investimento barato, em torno de 30, 40 reais para se divertir com um título 8-bits lançado recentemente no mercado.

EMPRESAS INDIES?

O que seria mais fácil: desenvolver um título recheado de gráficos espetaculares, ou um game 8-bits? Qual a capacidade dos desenvolvedores em criar jogos graficamente poderosos? Quanto se gasta para produzir um jogo 8-bits? São hipóteses válidas em um mercado selvagem em que a demanda é gigantesca e os gigantes da indústria praticamente abocanham a maior parte dos lucros.

MODINHA?

É legal dizer que você se diverte com jogos 8-bits? Conheço um monte de gente que pensa desta forma e podemos dizer que esta hipótese também influencia o mercado, mas de uma forma indireta, inconsciente.

ESTÉTICA?

A beleza tem forma? Tem data? Esta é uma pergunta difícil de ser respondida, mas com os jogos 8-bits, cada vez mais presentes nos tempos modernos, pode-se dizer que a estética não tem tamanho e muito menos tempo de validade.

São diversas as hipóteses para ainda presenciarmos o sucesso da geração 8-bits em um mercado cada vez mais desenvolvido. Quem ganha com isso é o gamer, apaixonado por jogos, independentemente de sua forma gráfica. Fica, cada vez mais, claro que uma boa diversão e uma boa aventura são receitas de sucesso. Alex e Mario agradecem.

Thiago Simões é comentarista de futebol e hóquei no gelo na ESPN, e toda semana ele falará de games em sua coluna para o Gizmodo Brasil. Siga o Thiago no Twitter.

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