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Cientistas descobrem por que nossas bocas se curam tão rapidamente

Pesquisadores do National Institutes of Health (NIH), nos EUA, acreditam ter descoberto exatamente por que a boca se cura tão facilmente. Suas descobertas, publicadas na quarta-feira (26), na Science Translational Medicine, podem até nos ajudar a descobrir como fazer o resto do nosso corpo se curar mais rápido também. E tudo que eles precisaram fazer foi machucar […]

Pesquisadores do National Institutes of Health (NIH), nos EUA, acreditam ter descoberto exatamente por que a boca se cura tão facilmente. Suas descobertas, publicadas na quarta-feira (26), na Science Translational Medicine, podem até nos ajudar a descobrir como fazer o resto do nosso corpo se curar mais rápido também. E tudo que eles precisaram fazer foi machucar (levemente) algumas pessoas inocentes.

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Na esperança de descobrir por que a boca se cura muito mais rápido do que outras partes do corpo, como a pele, os pesquisadores recrutaram 30 voluntários saudáveis, que não fumavam, para um experimento simples. Eles criaram um par de ferimentos de três milímetros de largura em cada um deles: um ferimento na parte interna da bochecha e outro no braço. Eles então acompanharam como essas feridas cicatrizaram nos seis dias seguintes, coletando amostras de tecido antes e depois da lesão. Por fim, eles estudaram os perfis moleculares dessas amostras.

A comparação direta entre feridas na pele e na boca na mesma pessoa permitiu à equipe descobrir “novas ‘assinaturas moleculares'” que correspondem a estágios distintos da mucosa oral e da pele durante a cicatrização”, disse a autora principal Maria Morasso, cientista-chefe no Laboratório de Biologia da Pele do NIH, em entrevista ao Gizmodo.

Quase todas as células individuais em nossos corpos têm o mesmo código genético subjacente. Mas tipos diferentes de células carregam instruções diferentes sobre como esses genes devem ser expressos. Em células da boca, descobriu a equipe, suas instruções lhe diziam para se preparar para se curar a qualquer momento. Essas células, diferentemente de células da pele do braço, já estavam expressando padrões de genes que encorajam o reparo de feridas, mesmo antes da lesão ter ocorrido. Isso permitiu que as células acelerassem o processo de cura, como ao limitar a inflamação.

Uma comparação das feridas na pele e na boca de um dos sujeitos do estudo imediatamente depois da lesão, três dias depois e seis depois. Imagem: Inglesias-Bartolome, et al. (Science Translational Medicine)

“A ‘preparação’ da cavidade oral permite que as células respondam muito rapidamente à ferida e desencadeiem um rápido fechamento, enquanto as células da pele devem primeiro ativar esses mecanismos para conseguir fechar efetivamente a ferida”, explicou Morasso. “Essa pode ser uma razão pela qual as feridas da pele curam mais lentamente quando comparadas com as feridas orais.”

A equipe então levou as coisas além. Eles isolaram uma das proteínas-chave que transmite essas instruções de preparação, chamada de SOX2, e criaram camundongos para ter níveis de SOX2 maiores que os normais expressos em suas células da pele. Quando a pele desses camundongos foi ferida, ela, então, se curou mais rápido do que o normal.

Os resultados em animais não são nada mais do que uma prova de conceito. Mas Morasso diz que este estudo e outros futuros poderiam nos ajudar a descobrir como fazer nossas feridas cicatrizarem mais rápido também, além de como tratar feridas que, aparentemente, não podem ser curadas de jeito algum, um problema especialmente comum em condições como o diabetes em estágio avançado.

[Science Translational Medicine]

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