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Por que um fotógrafo de guerra usou app de iPhone para tirar foto que ganharia prêmio

É incrível como, anos depois de os computadores chegarem a todas os lugares, a ponto de consumirmos grande parte da mídia em bits digitais, tem pessoas que ficam desconfortáveis com coisas “não-autênticas” produzidas com ferramentas digitais. Por exemplo, a fotografia de Damon Winter, fotógrafo do New York Times, vencedora de prêmio e feita com o […]

É incrível como, anos depois de os computadores chegarem a todas os lugares, a ponto de consumirmos grande parte da mídia em bits digitais, tem pessoas que ficam desconfortáveis com coisas “não-autênticas” produzidas com ferramentas digitais. Por exemplo, a fotografia de Damon Winter, fotógrafo do New York Times, vencedora de prêmio e feita com o app Hipstamatic para iPhone.

Falamos sobre isto semana passada, mas Damon Winter escreveu uma ótima resposta sobre o assunto, sobre a crítica de usar um app de efeitos especiais que transformou um trabalho legítimo de fotojornalismo em apenas fotografia.

O artigo levanta vários pontos ótimos para defender a foto: como usar o Hipstamatic é diferente de usar uma lente com campo de visão pouco profundo e aplicar fortes efeitos de vinheta, ou usar uma câmera analógica Holga, ou mesmo filme fotográfico especial para criar o efeito, tudo geralmente feito por pura estética, não apenas para documentar? Mas tem um argumento importante que Winter faz sobre o Hipstamatic em particular, em relação a outros apps de efeito especial em fotos:

Vejamos como as imagens são processadas pelo aplicativo. Este não é o caso de tirar uma foto e aplicar um filtro escolhido depois. Tira-se uma foto, aí você precisa esperar até 10 segundos enquanto a imagem é processada, antes de você tirar a próxima. No processamento, toda imagem recebe o que parece ser um tratamento bastante semelhante: uma mudança de equilíbrio de cores, escurecimento em áreas predeterminadas do quadro e contrate aumentado.

É um argumento sobre o processo em si: tirar uma foto com o Hipstamatic é mais parecido com usar uma câmera velha de brinquedo do que colocar um filtro numa foto que você já fez, porque o efeito é espontâneo, mesmo que seja deliberado. Não é pós-processamento – é parte do processo.

Eu não acho que usar um celular para tirar fotos seja algo controverso – e se for, então não será daqui a duas gerações de câmeras de celular. E também não se trata de o mais importante ser o fotógrafo, não seu equipamento. Fica uma nova pergunta: o Hipstamatic é mais autêntico que outros apps de efeitos especiais para fotos? (A mais nova versão do Hipstamatic tira até dez fotos sequenciais, o que complica um pouco as coisas.)

Será que certos processos digitais são mais autênticos que outros? [Lens/New York Times]

Foto: Damon Winter/NYT

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