_Inteligência Artificial

Presidiários na Finlândia estão sendo pagos para ajudar a treinar inteligência artificial

Uma startup tem usado a mão de obra de presidiários na Finlândia para ajudar a treinar algoritmos de inteligência artificial.

Prisão

Flickr/Thomas Hawk

Existe toda uma discussão sobre “trabalho prisional” e do quanto ele pode ajudar ou não na reabilitação da população carcerária. Aqui no Brasil, existem casos de trabalhos manuais (como presos que trabalham em horta ou na confecção de bolas) em que os detentos ganham salário e redução de pena . Na Finlândia, no entanto, uma startup tem feito com que presos ajudem a treinar algoritmos de inteligência artificial.

A startup que está com este projeto é chamada de Vainu e atua na área de big data, procurando informações na web e em redes sociais para ajudar a gerar vendas para as empresas. Por ora, neste processo de trabalho para detentos, ela opera em duas prisões na Finlândia: uma em Helsinque e uma em Turku. Segundo o Verge, o trabalho feito pelos detentos consiste em ler uma série de artigos na internet e classificá-los.

Por exemplo, se um artigo tem um termo Apple, eles têm de diferenciar se é sobre a empresa de tecnologia ou sobre maçã. Com esse tipo de classificação, eles conseguem treinar um algoritmo que administra o banco de dados da empresa.

Ao Verge, o cofundador da empresa Tuomas Rasila disse que já usava o Amazon Mechanical Turk (uma plataforma da Amazon para contratação de mão de obra para pequenos trabalhos) para realizar trabalhos com artigos em inglês, mas não tinha conseguido uma solução com mão de obra acessível para fazer esse processo de classificação em finlandês.

Apesar de parecer um tipo de trabalho curioso, o fato é que a Finlândia conta com um modelo diferente de prisão. É comum no país que haja prisões abertas, onde os condenados podem deixar o local e, inclusive, trabalhar — o país vê este processo como uma forma de reintroduzir os presos ao convívio da sociedade.

Ao todo, a Vainu forneceu dez computadores para estas prisões e a startup paga para a autoridade local, no caso a CSA (Criminal Sanctions Agency), pelo trabalho executado. Por sua vez, o órgão governamental repassa um pagamento para os detentos.

Para a CSA, a introdução desse tipo de trabalho para os detentos é uma forma de corresponder “com os requisitos da vida de trabalho moderna”.

No fundo, só é necessário que as pessoas sejam alfabetizadas, e, sendo muito sincero, não exige uma curva de aprendizado tão grande. Conforme pontua o Technology Review (publicação ligada ao MIT), esse tipo de trabalho é conhecido como “ghost work” — é um tipo de ocupação que aumenta a noção de automação, mas que é desvalorizado por ser invisível e entediante.

[Verge, Technology Review e CSA]

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