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[Review] Os novos processadores Coffee Lake da Intel são bem rápidos, mas têm um porém

Hoje a Intel lança a nova leva da sua 8ª Geração de processadores. Os CPUs, projetados para desktops, são rápidos, acessíveis, e provavelmente te deixarão um tanto confuso. Isso se dá porque a 8ª Geração é um monstro Frankenstein. Normalmente, toda uma geração de novos processadores se baseia em uma única microarquitetura. O que significa […]

Hoje a Intel lança a nova leva da sua 8ª Geração de processadores. Os CPUs, projetados para desktops, são rápidos, acessíveis, e provavelmente te deixarão um tanto confuso.

Isso se dá porque a 8ª Geração é um monstro Frankenstein. Normalmente, toda uma geração de novos processadores se baseia em uma única microarquitetura. O que significa que melhorias em sua performance tendem a ser universais – mas não com a 8ª Geração da Intel! Tentando se manter tranquila enquanto a AMD surpreende todo mundo com o super rápido e super barato processado Ryzen, a Intel, aos poucos, solta uma 8ª Geração que é uma mistura de antigas e novas microarquiteturas.

A versão mobile da 8ª Geração se chama Kaby Lake R e é um aperfeiçoamento do processador Kaby Lake, lançado no ano passado. Rumores alegam que futuros processadores da 8ª Geração se basearão no Cannonlake, uma microarquitetura que esperava-se que fosse lançada em 2016, mas só chegará no início do ano que vem. De qualquer forma, os processadores lançados hoje (e disponíveis em desktops pré-montados até o final deste mês) aproveitam avanços de velocidade porque são baseados no Coffee Lake, uma microarquitetura que deveria ter existido entre a Kaby Lake e a Cannonlake, não junto delas.

Para aqueles que gostam da contagem de núcleos e velocidade de clock, explicamos como este novo hardware se compara com os anteriores: as melhorias de velocidade nesta microarquitetura do CPU de 14nm são cortesia de dois núcleos adicionais. O i7-8700K tem 6 núcleos que somam 3.2GHz. Em comparação, o processador equivalente lançado em janeiro, o i7-7700K, tinha 4 núcleos e 4.2GHz de velocidade. O i5-8600K, por sua vez, tem 6 núcleos com 3.6GHz de velocidade, enquanto o equivalente anterior, o i5-7600K, tem 4 núcleos e 3.8Ghz.

Quão rápidos eles são?

Quando você começa a ter tantos núcleos assim, a velocidade de clock passa a ser um pouco menos importante. Velocidades de clock se maximizaram há mais ou menos uma década, forçando os fabricantes de processadores a adicionar mais núcleos para criar uma performance melhor. Dois núcleos com 2.4GHz fazem cálculos mais rápido que um único núcleo de 3GHz. Mas o que importa são os resultados. Para isso, coloquei o i7-8700K e o i5-8600K contra seus equivalentes da 7ª Geração, e como tenho um AMD Ryzen 7 1800X de 8 núcleos e de preço comparável aqui, também comparei os resultados dele. Mesmos discos rígidos, mesmas placas de vídeo e mesma memória RAM. A única grande diferença foram os processadores e as placas-mães. O Ryzen foi testado em uma placa-mãe com socket Ryzen, enquanto a 7ª Geração dos processadores Intel foram testadas com um chipset 270 que foi introduzido em janeiro, e a 8ª Geração, por sua vez, foi testada no novo chipset 370, necessário para tirar todo o proveito destes processadores adicionais.

Na maioria dos testes, os processadores de 8ª Geração ganharam de lavada. Mas não precisa acreditar em minha palavra. Vamos conferir o resultado nestes gráficos.

Benchmarks sintéticos

O primeiro que usei foi o WebXPRT, um benchmark sintético que testa funções tradicionais de navegadores, como o preenchimento de planilhas online e o redimensionamento de imagens. Os dois núcleos adicionais claramente deram uma vantagem aos processadores de 8ª Geração, sendo eles os mais rápidos dos processadores testados.

Quanto maior a pontuação do WebXPRT, melhor.

Os processadores de 8ª Geração também se saíram muito bem em outros benchmarks sintéticos que usei, como o Geekbench 4. Benchmarks sintéticos nem sempre são capazes de reproduzir resultados de situações reais, mas são ótimos para uma competição numérica, e o Geekbench, que funciona em praticamente todos os sistemas operacionais (exceto o Chrome OS), faz um ótimo trabalho em determinar um número para representar a performance do computador.

Nenhum processador de 8ª Geração foi muito bem quando o teste comparou velocidades de núcleos únicos.

Quanto maior a pontuação do Geekbench, melhor.

Mas, quando o assunto foi núcleos múltiplos, os novos processadores ficaram a frente dos outros competidores. O número extra de núcleos não beneficiou tanto o processador Ryzen 7, que pontou 20596, enquanto o i7-7800K da Intel pontou 24801.

De novo, quanto maior a pontuação do Geekbench, melhor.

Photoshop

Mas o sucesso da 8ª Geração não está em benchmarks sintéticos, está nos reais – como o Photoshop. Muitos de nós já usamos o aplicativo, ou um editor de foto comparável, em algum momento da vida. Para testar cada CPU, processei em lote uma grande quantidade de imagens RAW, redimensionando-as e as salvando no disco rígido.

Aqui os resultados são mostrados em segundos, e poucos segundos, por sinal, mas quando você processa dezenas de imagens de uma vez, segundos podem fazer toda a uma grande diferença.

Os números representam segundos, quanto menor a barra, mais rápido é o processamento.

Jogos

No teste de inteligência artificial do Civilization VI, que calcula quanto tempo a IA do jogo leva para completar um turno, o i5 e o i7 da 8ª geração foram os primeiros processadores para consumidores que conseguiram completar um turno em menos de 20 segundos. O i5-8600K completou um turno em 18.32 segundos e o i7-8700K em 17.18 segundos.

O benchmark da IA de Civilization VI calcula quantos tempo ela demora para processar um turno. Os número representam segundos, então, quanto menor a barra, melhor.

Os processadores de 8ª Geração não se saíram tão bem testando Rise of The Tomb Raider em 4K. Mas isso é esperado, já que, neste caso, a GPU é mais importante que CPU. Mas são notáveis as melhorarias em relação a 7ª Geração, com a 8ª contando três quadros a mais por segundo.

Mas, caso você seja um fanboy da Intel, os resultados desapontam. O Ryzen 7 teve o dobro de quadros por segundo em relação a todos os processadores da Intel.

Os números representam quadros por segundo, quanto maior a barra, melhor.

Renderização 3D

O processador Ryzen, com seus dois núcleos extras, mantém o título de campeão quando o assunto é rendezirar imagens em 3D no Blender, ou convertendo arquivos de vídeo no Handbrake. Em ambos os casos, ele foi muito mais rápido do que a Intel. Mas o Ryzen 7 1800X foi feito para ser um processador voltado a trabalhos pesados, dedicado a profissionais gráficos e grandes produtoras de edição, em vez de um ”desktop de alta tecnologia”, que os chips de U$ 1.000 da Intel afirmam ser.

Tempo de renderização mensurado em segundos. Quanto mais rápido, melhor.

Edição de vídeo

O que é impressionante neste gráfico é quão próximo os resultados são. Veja quão rápido um vídeo em 4K é convertido no Handbrake e veja quão próximos estão os CPUs i7-8700K e Ryzen.

Quão rápido um vídeo é convertido no Handbrake. Quanto mais rápido melhor.

Não há dúvida que as CPUs Coffee Lake de 8ª Geração são notórios rivais para o que a AMD tem a oferecer na mesma faixa de preço. E não há dúvida que estes processadores são bem mais rápidos que os de 7ª geração que foram lançados há menos de um ano.

Mas é aí que surge uma grande questão.

Eles valem a pena?

Essa é uma questão que está me remoendo. Se você está montando um PC novinho e investindo em uma nova placa-mãe, então vale a pena pegar os novos processadores Coffe Lake de 8ª Geração da Intel. Principalmente se você usa o PC para jogar ou usa programas como o Photoshop.

Agora, caso você esteja apenas querendo fazer um upgrade na sua máquina, saiba que você se decepcionará. Lembra quando mencionei que estes novos processadores foram testados em um chipset 370 e os de 7ª Geração foram testados em uma placa mãe com um chipset 270? Pois bem, isso se dá porque, mesmo estas duas gerações tendo sido lançadas com oito meses de diferença uma da outra, a nova requer um novo chipset para tirar proveito de toda a sua velocidade. É um proposta dolorosa se você, assim como eu, acabou de montar um PC baseado no chipset 270 lançado em janeiro.

É também o adeus da Intel ao seu tradicional calendário de lançamentos. O antecessor do 270 e 370, o 170, foi lançado no segundo semestre de 2015! Foram dois anos sem nenhuma placa-mãe nova para agora termos duas em um mesmo ano. E caso você tenha que comprar uma nova placa-mãe para aproveitar os novos processadores da Intel por completo, por que você deveria decidir pela Intel? O processador Ryzen 7 da AMD  também requer uma nova placa mãe (ele usa um socket diferente da Intel ) e ele é muito mais rápido para uso profissional, como edição de vídeo.

Na aposta da Intel para vencer a AMD, a companhia acabou canibalizando a si mesma, e essa canibalização continuará nesta 8ª Geração, que terá um novo processador nos próximos seis meses. Por que comprar agora se você pode esperar mais um pouco? A Intel faz bem em focar em velocidade para ultrapassar a AMD, mas adiantar o cronograma de lançamento como ela está fazendo não é um bom negócio. Às vezes, muito processamento é processamento demais.

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