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Russos farão filme no espaço e, por isso, astronauta terá que ficar um ano em estação espacial

Se o plano de gravar um filme a bordo da estação for aprovado, o astronauta da Nasa ficará no espaço o dobro do planejado originalmente.

Estação Espacial Internacional. Crédito: Nasa

Mark Vande Hei vai passar seis meses a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS), mas a possível chegada de uma equipe de filmagem russa significa que ele terá que desistir de seu assento de volta para casa, exigindo que o astronauta veterano da Nasa passe um ano inteiro no espaço.

Vande Hei ficou sabendo apenas recentemente que ele se juntará oficialmente à missão Soyuz MS-18, e agora foi informado de que a sua permanência a bordo da ISS pode durar até o primeiro semestre de 2022, em vez de terminar em outubro deste ano.

Ele e os cosmonautas russos Oleg Novitskiy e Pyotr Dubrov devem ser lançados em 9 de abril no Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão. O cosmonauta Sergey Korsakov deveria ter um assento no MS-18, mas um acordo incomum envolvendo a Nasa, a agência espacial russa Roscosmos e a empresa privada americana Axiom Space tornou o voo possível para Vande Hei. Em troca, o Axiom Space fornecerá um assento para um cosmonauta em 2023.

Isso está sendo feito para garantir uma presença americana ininterrupta na ISS – uma tradição que remonta a mais de 20 anos.

Vande Hei, que vem se preparando há meses, fará parte da tripulação da Expedição 64/65 a bordo da ISS. Se o plano recém-anunciado de gravar um filme a bordo da estação for aprovado, ele ficará no espaço o dobro do planejado originalmente.

A tripulação do MS-18: Mark Vande Hei (esquerda), Oleg Novitskiy (centro) e Pyotr Dubrov. Imagem: Nasa

O diretor russo Klim Shipenko e uma atriz que será escolhida mais tarde podem se juntar à missão Soyuz MS-19, que está programada para ser lançada em outubro, conforme relata a AP. O título provisório do filme é Vyzov, que significa “desafio”, e tem como objetivo “destacar as atividades espaciais russas e glorificar a profissão de cosmonauta”, de acordo com um comunicado à imprensa. O filme está sendo produzido pelo Channel One da Rússia e um estúdio de televisão, segundo a AP.

Assim que as atividades de filmagem forem concluídas, Shipenko e seu parceiro, junto com Novitskiy, voltariam para casa no MS-18, provavelmente dentro de uma semana. Os dois assentos foram destinados a Vande Hei e Dubrov, o que significa que a dupla pode ter que ficar na ISS até a próxima viagem de volta para casa, provavelmente no primeiro semestre de 2022.

Vande Hei, que passou 168 dias no espaço de setembro de 2017 a fevereiro de 2018, parece imperturbável com a situação toda.

“Honestamente, para mim é apenas uma oportunidade para uma nova experiência de vida”, disse ele a repórteres ontem em entrevista coletiva. “Nunca estive no espaço por mais de seis meses”, disse ele. “Estou muito entusiasmado com isso.”

Mandar “turistas” ao espaço não é novidade para a Roscosmos. A agência espacial russa começou a fazê-lo em 2001, por uma taxa de US$ 20 milhões por assento, de acordo com rumores relatados pela Space Policy Online. Um total de sete turistas fizeram a jornada ao espaço, mas essas missões foram interrompidas há cerca de 10 anos, quando a Nasa, incapaz de lançar seus próprios astronautas ao espaço, começou a pegar os assentos extras da Soyuz.

Como aponta o Space Policy Online, o desenvolvimento bem-sucedido do CrewDragon da SpaceX significa que a Nasa não depende mais da Rússia, liberando a Roscosmos para vender assentos a turistas espaciais ou, neste caso, cineastas.

A especulação sobre a ida do ator Tom Cruise à ISS para filmar ainda não foi confirmada, mas tal empreendimento, se acontecer, provavelmente envolveria a Axiom Space.

A estadia prolongada daria aos cientistas mais oportunidades de investigar os efeitos de longo prazo da microgravidade no corpo humano, algo sobre o qual precisamos saber mais antes que os humanos possam visitar Marte.

Aqui está outra coisa a considerar: Kate Rubins é a astronauta reserva da Nasa para o MS-18. Se Vande Hei não puder se juntar à missão no mês que vem, e se o plano russo de gravar um filme prosseguir, isso significa que Rubins também permanecerá no espaço por mais de um ano. Isso lhe daria a oportunidade de quebrar o recorde feminino de voos espaciais prolongados, atualmente detido por Christina Koch, que recentemente passou 328 dias no espaço.

O astronauta da Nasa Scott Kelly, com seu tripulante russo Mikhail Kornienko, passou 340 dias a bordo da ISS como parte de uma missão que terminou há cinco anos. O recorde geral pertence ao cosmonauta Valeriy Polyakov, que passou 437 dias a bordo da estação espacial Mir, seguido por Sergei Avdeyev, que passou 380 dias consecutivos em órbita.

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