Python vai deixar de usar os termos “Master/Slave” por questões raciais

Um debate silencioso tem tomado conta da comunidade de programação há anos e tem forçado programadores a se perguntarem se os termos “master” (mestre) e “slave” (escravo) são insensíveis. Agora, o Python, uma das linguagens de programação de alto nível mais populares do mundo, eliminou essa terminologia – e nem todo mundo está feliz com […]

Um debate silencioso tem tomado conta da comunidade de programação há anos e tem forçado programadores a se perguntarem se os termos “master” (mestre) e “slave” (escravo) são insensíveis. Agora, o Python, uma das linguagens de programação de alto nível mais populares do mundo, eliminou essa terminologia – e nem todo mundo está feliz com isso.

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Os termos Master/Slave geralmente são utilizados no hardware, arquitetura e códigos para se referir a um dispositivo, base de dados ou processo que controla outro. Há mais de uma década, existem preocupações sobre esses termos serem ofensivos, uma vez que possuem relação com a instituição da escravidão.

Na semana passada, um desenvolvedor chamado Victo Stinner publicou quatro pedidos de remoção pedindo para que a comunidade do Python considerasse alterar os termos Master/Slave para algo como Parent/Children (Pais/Filhos) ou Parent/Worker (Principal/Operário).

“Por questões de diversidade, seria legal tentar evitar a terminologia ‘master’ e ‘slave’, que pode ser associada à escravidão”, escreveu Stinner, para explicar o seu pensamento.

E estamos na internet, onde as pessoas têm opiniões. Algumas pessoas discordaram da sugestão em termos técnicos e simplesmente porque não acharam ser necessária uma mudança. Outros se lançaram na onda anti-diversidade e, previsivelmente, falaram sobre uma possível censura e controle mental. “Vendo todo esse absurdo PC/SJW [se referindo ao politicamente correto e guerreiros de justiça social] ao redor de mim, tenho receio de que isso possa ser o início da transformação do Python em PCython [fazendo uma alusão novamente ao politicamente correto]”, escreveu um desenvolvedor.

Outro comentarista decidiu ser bem literal, dizendo “Até onde eu não posso [sic] dizer, não há um único exemplo em que documentações usem ‘master’ como referência à escravidão humana ou onde esse uso possa implicar um endosso a essa ideia”.

Outra pessoa afirmou que os termos eram, na verdade, positivos na comunidade BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo). “Você quer dar suporte a diversidade, então por que está discriminando uma subcultura?”, questionou.

Foi o suficiente para que Guido van Rossum, criador do Python, se envolvesse. Van Rossum se aposentou oficialmente em julho, deixando a comunidade se autogovernar, mas o bate-boca o trouxe de volta para definir regras. “Estou acabando com isso agora”, escreveu ele.

Sua decisão final foi aceitar três dos quatro pedidos de Stinner. Rossum só rejeitou a quarta sugestão de Stinner, por ser uma função que se trata de uma terminologia estrutural do UNIX. E por isso ele decidiu que o Python 3.8 irá mudar o termo “slave” para “worker” (operário) ou “helper” (ajudante) e “master process” para “parent process” (processo primário).

O Python foi considerada a linguagem de programação mais popular do mundo pelo IEEE Spectrum no ano passado, então essa mudança é bem significativa para a comunidade de programação. E segue a liderança do Drupal e Django.

Se você pensa que esse é apenas mais um sintoma de um desejo descontrolado de ser politicamente correto ou não, é preciso saber que os idiomas mudam com o passar do tempo. Os programadores deveriam saber disso melhor que ninguém.

[Motherboard]

Foto: Wikimedia

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