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Qual é o produto químico mais tóxico?

As pessoas dizem que os Estados Unidos não produzem mais nada. Mas e os produtos químicos tóxicos? O país produz tanto que até joga metade deles nos rios, de graça! O problema é que pode ser difícil identificar quais desses produtos químicos são extremamente tóxicos e quais são apenas um pouco tóxicos. Se um ou […]

Ilustração de um bola com um desenho de uma caveira, representando um elemento químico perigoso. Ilustração por Angelica Alzona/Gizmodo

Ilustração por Angelica Alzona/Gizmodo

As pessoas dizem que os Estados Unidos não produzem mais nada. Mas e os produtos químicos tóxicos? O país produz tanto que até joga metade deles nos rios, de graça!

O problema é que pode ser difícil identificar quais desses produtos químicos são extremamente tóxicos e quais são apenas um pouco tóxicos. Se um ou outro aparecer em um exame médico, você deve surtar ou ficar agradecido por não ter sido algo pior? Para o Giz Pergunta desta semana, contatamos vários especialistas para descobrir qual é o produto químico mais tóxico.

Peter LaPuma

Professor Associado de Saúde Ambiental e Ocupacional, Universidade George Washington

Você pode encontrar um bom consenso sobre esta questão, mas alguns podem discordar. Quase todas as aulas de toxicologia que eu tive diriam que o produto químico mais tóxico é a toxina botulínica.

A toxicidade pode ser medida de várias maneiras, mas uma maneira popular é o quanto é necessário para matar 50% dos indivíduos. Chamamos isso de DL50 ou dose letal para 50% dos indivíduos. E a toxina botulínica produzida por bactérias anaeróbicas tem um DL50 muito baixo. Pode ser encontrada em alimentos estragados que foram selados, por exemplo os enlatados.

Ironicamente, também é o material que alguns pagam para injetar em seus rostos para reduzir rugas e nos fazer parecer mais jovens, conhecido como botox. O botox é uma forma muito diluída da toxina botulínica que relaxa os músculos lisos ao redor dos olhos e da testa para reduzir as rugas.

Philippe Grandjean

Professor Adjunto de Saúde Ambiental da Harvard University

A toxicidade é tradicionalmente vista como um resultado das propriedades da substância juntamente com a dose, além da sua duração. Quando começamos a identificar muitos agentes tóxicos graves, como chumbo, mercúrio, dioxina e amianto, tornou-se óbvio o que precisa ser feito para proteger as pessoas contra eles. Na prática, o chumbo e outros venenos tornaram-se menos tóxicos, não porque desaparecem, mas porque pelo menos sabemos o que fazer a respeito deles.

Mas há outro fator que precisa ser enfatizado. Alguns produtos químicos industriais se mostraram muito mais tóxicos do que pensávamos, em parte porque os relatórios de toxicidade foram ocultados pelos produtores.

Consequentemente, pouca atenção foi dada aos possíveis riscos à saúde desses produtos químicos “secretos”. Atualmente, estamos começando a entender que os produtos químicos perfluorados, como o PFOA usado para utensílios de cozinha antiaderentes, são altamente persistentes no ambiente e também muito mais tóxicos para os seres humanos do que se dizia no passado.

Da mesma forma, certos pesticidas, como os clorpirifós, considerados seguros por décadas, agora acabam se revelando altamente tóxicos. Então, na minha opinião, os mais preocupantes são os produtos químicos secretamente tóxicos, como PFOA e clorpirifós, aos quais estamos expostos involuntariamente.

“Alguns produtos químicos industriais se mostraram muito mais tóxicos do que pensávamos, em parte porque os relatórios de toxicidade foram escondidos pelos produtores”.

Diana Ceballos

Professora Assistente de Saúde Ambiental da Universidade de Boston

Para mim, o chumbo é o produto químico mais tóxico.

Aprendi pela toxicologia que os produtos químicos mais tóxicos são aqueles que o deixariam doente ou o matariam mais rapidamente em doses menores. No entanto, ao pensar amplamente no sentido da saúde pública através da história, acho que de longe o chumbo é o produto químico mais tóxico para os seres humanos.

O chumbo pode não matá-lo em pequenas doses, como alguns venenos mais potentes; no entanto, o chumbo é um assassino silencioso, pois não existe um nível seguro de chumbo para os nossos corpos. O chumbo foi identificado como venenoso desde as culturas antigas e foi ainda mais reafirmado como tóxico durante a Era Industrial. O chumbo, no entanto, permanece na nossa vida cotidiana ainda hoje, porque foi usado por décadas em gasolina, tinta e canos de água, contaminando, portanto, nosso solo e nossa infraestrutura de água. Também é encontrado em muitos itens do cotidiano, como eletrônicos, jóias, brinquedos e cosméticos.

As crianças envenenadas por chumbo geralmente apresentam problemas de desenvolvimento, comportamentais e muitos outros problemas de saúde. O chumbo está associado a maior criminalidade e resultados adversos à saúde mental, assim como a um declínio na função cognitiva e na inteligência.

Conforme envelhecemos, o chumbo pode continuar afetando nossa saúde cardiovascular e neurológica e até causar câncer. Por fim, o chumbo contribui para as disparidades atuais em saúde pública, pois é frequentemente encontrado em moradias precárias assim afetando as pessoas mais necessitadas. De maneira desproporcional, também aqueles que têm os empregos mais perigosos assim como as suas famílias correm um risco maior de sofrer as consequências da grande variedade de problemas de saúde.

“O chumbo contribui para as disparidades de saúde pública de hoje, pois é frequentemente encontrado em moradias precárias assim afetando as pessoas mais necessitadas”.

Rita Loch Caruso

Professora de Ciências da Saúde Ambiental da Universidade de Michigan

A toxina botulínica é considerada a substância química mais tóxica, com base no fato de que uma quantidade muito pequena dela – na ordem de nanogramas – mata um ser humano. É um produto químico natural, produzido por uma bactéria (Clostridium botulinum), que geralmente se desenvolve quando certos vegetais não são enlatados adequadamente.

Você pode conhecê-la pelo seu nome farmacêutico, Botox – quando é usada para tratar certas condições de saúde, como dores de cabeça crônicas de enxaqueca e para suavizar rugas no rosto. O produto químico inibe um dos transmissores químicos que vai do nervo ao músculo para fazer com que o músculo se contraia. Os músculos ficam relaxados e não se contraem. Se você tiver uma quantidade suficiente dessa neurotoxina nos pulmões, por exemplo, o corpo deixará de ser capaz de respirar.

A ricina é um segundo próximo. É outra toxina natural, derivada da planta da mamona. A ricina tem como alvo uma estrutura na célula chamada ribossomo. Ele se liga ao exterior dessa estrutura celular, e depois é absorvida a envenenado por dentro. Uma única molécula de ricina pode desativar milhares de ribossomos em um minuto – ela desliga a síntese protéica muito rapidamente e, então, as células morrem. Famosamente, foi usado no caso Guarda-chuva Assassino de 1978, no qual o dissidente búlgaro Georgi Markov foi inoculado por um guarda-chuva com veneno na ponta contendo ricina enquanto aguardava o ônibus. Ele sentiu uma dor aguda e, posteriormente, morreu de envenenamento.

“A toxina botulínica é considerada a substância química mais tóxica, com base no fato de que uma quantidade muito pequena dela – na ordem de de nanogramas – mata um ser humano”.

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