Snapdragon Wear 4100 da Qualcomm é nova aposta da marca para tentar melhorar smartwatches Wear OS
O Google pode ter sido uma das primeiras empresas a fazer um smartwatch, mas sua plataforma Wear OS até agora não decolou. Por um longo tempo, isso ocorreu em parte porque a maioria dos relógios Wear OS estava funcionando com hardware desatualizado: o chip Qualcomm Snapdragon Wear 2100. Isso deveria ter mudado em 2018, quando a Qualcomm lançou o Snapdragon Wear 3100. Mas essa mudança foi apenas incremental. Passados mais dois anos e agora a Qualcomm está lançando dois novos chips para vestíveis: Snapdragon Wear 4100 e 4100+.
Com o 4100+, a Qualcomm segue a arquitetura híbrida que introduziu no 3100: um SoC (system on a chip) primário para executar o que denomina experiências “interativas” e um co-processador QCC1110 menor para lidar com recursos contextuais, que devem ficar sempre ativos.
A Qualcomm fez melhorias técnicas que eram bastante necessárias. O 4100+ usa processo de 12 nm em comparação com os 28 nm do 3100 e possui quatro CPUs A53, uma grande evolução em relação às A7 do 3100. Ele também possui dois DSPs (Digital Signal Processor) em vez de um. Um DSP é dedicado às funções de modem e localização, enquanto o outro é para sensores e áudio.
O 4100+ agora também suporta conectividade Bluetooth 5.0, 4G LTE e inclui um aumento para até 750 MHz LPDDR3 em relação aos 400 MHz usados pelo 3100.
Essas especificações dão um gás no chip principal, mesmo que não sejam as mais impressionantes. O salto do Wear 2100 para o 3100 deu aos relógios com Wear OS uma melhoria notável de desempenho. A Qualcomm também está impulsionando o co-processador, o que significa que veremos outro salto notável no desempenho do 3100 para o 4100.
A Qualcomm disse que o o co-processador agora suporte cores de 16 bits — o 3100, em comparação, tinha suporte a apenas 4 bits — o que significa opções de mostrador mais coloridas. A companhia também disse que o co-processador oferece suporte a monitoramento contínuo de frequência cardíaca, passos, controles hápticos, alarmes e recursos de inclinação para ligar a tela do relógio.
O chip básico 4100 inclui o mesmo SoC do 4100+, mas sem o co-processador. Dos dois, a Qualcomm diz que o chip 4100+ deve ser a versão premium. O 4100 foi projetado para ser usado em situações em que o co-processador não é necessário ou se uma empresa deseja colocar seu próprio co-processador.
De acordo com a Qualcomm, estas atualizações devem resultar em desempenho 85% mais rápido do 3100, além de 25% a mais de duração de bateria. O novo chip deve oferecer aberturas de apps mais rápidas, uma interface mais responsiva e recursos avançados, como assistente de voz, que deve ser menos demorado.
Tudo isso parece ser ótimo no papel, mas me perdoem pelo ceticismo. A Qualcomm fez promessas semelhantes em 2018 com o 3100 e os resultados foram medianos, na melhor das hipóteses.
Parte da decepção com o 3100 foi que ele se baseou em um processo de 28 nm. Em 2018, Apple, Samsung e até a própria Qualcomm foram capazes de produzir chips usando processos de 7 nm e 10 nm. Não está claro por que a Qualcomm optou por ficar em 28 nm, mas significava que esse “novo” chipset estava desatualizado antes mesmo de ser lançado.
Quando os primeiros relógios com 3100 chegaram, a experiência não foi das melhores. Sim, a maioria dos relógios com chip 3100 eram mais rápidos que seus antecessores e não morriam após 8 a 10 horas de uso. Mas os relógios ainda eram lentos e com bugs, comparados aos da Apple ou da Samsung, e aguentavam cerca de 18 horas.
O nível era tão baixo que qualquer melhoria era bem-vinda, mas ainda não foi o suficiente para tornar o Wear OS verdadeiramente competitivo. Além do Suunto 7, nenhum dos relógios Wear OS com 3100 que testei ofereceu algo que ainda não havia sido feito de forma melhor pelo Apple Watch ou um dos Galaxy Watch, da Samsung, ou até mesmo por pulseiras fitness. Observando as atualizações do 4100+, parece que a história está se repetindo.
Passar de 28 nm para 12 nm significará relógios mais rápidos, mas 12 nm ainda não é o processo tecnológico mais recente que a Qualcomm poderia usar aqui. Além disso, o desempenho mais rápido por si só não apagará magicamente a lacuna entre os relógios Wear OS e os rivais de outras plataformas.
Para dar algum contexto, alguns dos recursos que o 4100+ supostamente habilitará foram lançados há dois anos por Apple e Samsung, com o Apple Watch Series 4 e o Galaxy Watch. Esperamos ver um Apple Watch Series 6 em setembro, e já vimos alguns vazamentos do suposto Galaxy Watch 3 da Samsung — e é provável que ambos ofereçam novos recursos que vão além de “melhor desempenho e vida útil da bateria”.
Por fim, teremos que ver o que as empresas vão fazer com o 4100+ e se ele permitirá que o Google adicione atualizações mais avançadas ao próprio Wear OS. Mas, apesar do anúncio, pode demorar um pouco até que os relógios com este chipset estejam presentes em vários relógios. Os dois primeiros modelos, pelo menos, já foram anunciados. São eles: BBK Z6 e o Mobvoi TicWatch Pro.
Nenhum prazo foi especificado da nova data de lançamento do TicWatch Pro, e o BBK Z6 provavelmente será um smartwatch exclusivo para o mercado chinês e voltado para crianças.
Não está claro no momento se a próxima linha da Fossil contará com o chipset 4100+. Na última vez, a Fossil lançou apenas um relógio, o Fossil Sport, para começar com o 3100 depois que o chip estava disponível, esperando até o ano seguinte para adicionar o processador aos seus principais relógios de 5ª geração.
Quanto à possibilidade de esperar atualizações de hardware mais frequentes da Qualcomm daqui para frente, bem, não fique muito animado. Pankaj Kedia, diretor sênior e líder de negócio de vestíveis da Qualcomm, tergiversou quando perguntado sobre o assunto em uma entrevista coletiva. Ao responder, Kedia apontou para a variedade de chips Snapdragon Wear existentes disponíveis para fornecedores nas plataformas 4100+, 3100 e 2100. Esse é o termo corporativo para “não provável”.
Para ser justo, o 4100+ é um passo à frente no Wear OS. Mas ele não pode ser um passo à frente grande o suficiente. Mas se o hardware da Qualcomm não conseguir acompanhar a concorrência de maneira mais oportuna, o Wear OS estará sempre uma volta atrás.