Três segmentos do testemunho GeoB16224-1, extraído do subsolo marinho ao norte da Guiana Francesa. Os sedimentos compactados carregam vestígios de como era a Amazônia milhares de anos atrás – Foto: Cristiano Chiessi/Divulgação para o Jornal da USP
Os pesquisadores usaram esse registro histórico para entender o que aconteceu com a floresta amazônica em dois momentos fundamentais: o Último Máximo Glacial, entre 23 mil e 19 mil anos atrás (quando cerca de 8% da superfície do planeta chegou a ficar coberta de gelo), e um período de aquecimento que veio logo na sequência (entre 18 mil e 14.800 anos atrás), conhecido como Heinrich Stadial 1 (HS1), em que o derretimento das geleiras no Hemisfério Norte injetou uma quantidade imensa de água doce no Oceano Atlântico, causando um colapso temporário da Amoc. (Resumidamente, a Amoc é um grande sistema de correntes marítimas que transportam águas quentes superficiais para o Atlântico Norte e águas frias profundas para o Atlântico Sul, com grande influência sobre os padrões climáticos e ambientais do planeta. Veja ilustração abaixo.)
Animação da Nasa, mostrando como funciona o grande sistema de circulação oceânica da Terra. O vermelho representa águas quentes que viajam pela superfície, enquanto que o azul representa águas frias que viajam pelas profundezas do oceano. A Célula de Revolvimento Meridional do Atlântico (Amoc, em inglês) é a parte desse sistema que percorre o Oceano Atlântico, entre a Antártida e a Groenlândia — Fonte: Nasa/Goddard Space Flight Center Scientific Visualization Studio
O primeiro mapa mostra as ecorregiões da Amazônia, os limites da Bacia Amazônica e o ponto de onde foi extraído o testemunho sedimentar GeoB16224-1, usado no estudo (Fonte: Akabane et al.). O mapa do meio mostra uma simulação de como um enfraquecimento de 50% da Amoc afetaria a precipitação e a probabilidade de presença de florestas tropicais úmidas (FTU) na Amazônia (Fonte: Akabane et al.). O terceiro mapa mostra a distribuição de florestas e desmatamento na Amazônia brasileira atualmente (Fonte: Inpe/Deter) — Elaboração: Herton Escobar/Jornal da USP