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Reator da NASA que pode servir de fonte de energia em Marte passa nos primeiros testes

A NASA anunciou que os testes do projeto Kilopower foram encerrados. A empreitada envolve seu reator nuclear de fissão portátil, projetado para, um dia, fornecer energia para bases na Lua ou em Marte. Os ensaios atenderam ou superaram todas as expectativas. Isso significa que o artefato pode, agora, encarar testes mais ambiciosos, como os de […]

A NASA anunciou que os testes do projeto Kilopower foram encerrados. A empreitada envolve seu reator nuclear de fissão portátil, projetado para, um dia, fornecer energia para bases na Lua ou em Marte. Os ensaios atenderam ou superaram todas as expectativas. Isso significa que o artefato pode, agora, encarar testes mais ambiciosos, como os de voo.

O dispositivo ainda é um protótipo. Ele será importante para expedições espaciais em que os astronautas não poderão levar suprimentos suficientes. Assim, com o reator, a tripulação poderá gerar energia longe da Terra.

NASA faz primeiros testes de reator nuclear que pode servir de fonte de energia em Marte
Estamos ficando sem o combustível nuclear que viabiliza as viagens espaciais

“Nós precisamos pensar nos recursos que serão necessários para colonizar e explorar”, diz Janet Kavandi, diretora da Nasa em coletiva realizada no Centro de Pesquisa Glenn. “Pretendemos ir cada vez mais longe no sistema solar. A partir de determinado ponto, levar todos os materiais necessários ou reabastecer se torna muito perigoso. Aí, nossos exploradores vão precisar da capacidade de gerar seus próprios recursos”, como água, oxigênio e combustível.

O projeto Kilopower vai justamente ajudar os astronautas a conseguirem essas coisas.

A NASA testou o KRUSTY (sigla para Kilopower Reactor Using Stirling TechnologY; em tradução livre, “reator Kilopower usando tecnologia Stirling”) na Área de Segurança Nacional de Nevada, reserva do Departamento de Energia do governo norte-americano.

O protótipo é um reator de fissão nuclear miniaturizado, que usa um bloco de 15 centímetros de urânio-235 como combustível. As reações de fissão do núcleo geram calor, que é convertido pelo dispositivo em energia elétrica.

A equipe superou suas próprias expectativas ao construir uma unidade de testes modificada. O equipamento alcançou uma saída maior que 4 KW de energia, operando a uma temperatura de 800°C. A eficiência de conversão de energia foi de 35%.

O objetivo é que o aparelho consiga atingir uma saída de energia de 10 kilowatts. Para abastecer uma base em solo marciano, quatro reatores desses seriam necessários, de acordo com um comunicado divulgado pela agência espacial.

Além disso, este é o primeiro reator nuclear projetado nos EUA nos últimos 40 anos, explica David Poston, projetista-chefe do Laboratório Nacional de Los Alamos, ligado à Administração Nacional de Segurança Nuclear. O custo até agora foi de apenas US$ 20 milhões.

O reator é simples e não oferece grandes riscos, diz Poston. Quando desligado, há apenas a radiação de fundo do núcleo de urânio, muito baixa para ser nociva. Além disso, seu mecanismo é auto-regulado, o que faz com que o funcionamento também seja seguro e exija pouca manutenção. “Os astronautas não vão querer manejar um sistema de controle de reator o tempo todo”, nota o engenheiro.

Kavandi explica que o projeto Kilopower é parte de planos ainda mais ambiciosos da agência, que incluem a espaçonave Orion e o Sistema de Lançamento Espacial, além de um portal lunar, que deverá ser usado para pesquisa e exploração espacial.

A equipe do projeto, agora, vai realizar estudos de mitigação de riscos pelos próximos 18 meses, de forma a preparar o equipamento para os testes de voo.

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