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Reatores nucleares flutuantes fazem mais sentido do que você imagina

Nesta semana, em um simpósio da Sociedade Americana de Engenheiros Mecânicos, uma equipe de engenheiros do MIT vai apresentar uma ideia ousada: um reator nuclear flutuante, ancorado no mar, que seria imune a tsunamis e terremotos. Será que este plano é realmente tão maluco quanto parece? Primeiro, eis o que eles estão propondo. Os professores […]

Nesta semana, em um simpósio da Sociedade Americana de Engenheiros Mecânicos, uma equipe de engenheiros do MIT vai apresentar uma ideia ousada: um reator nuclear flutuante, ancorado no mar, que seria imune a tsunamis e terremotos. Será que este plano é realmente tão maluco quanto parece?

Primeiro, eis o que eles estão propondo. Os professores Jacopo Buongiorno, Michael Golay e Neil Todreas, do MIT, são os autores de um artigo que descreve um reator enorme construído em um estaleiro, e então rebocado para o mar como uma plataforma de petróleo. A poucos quilômetros da costa, o reator seria ancorado em um único ponto, e sua energia seria levada para as cidades do litoral.

A Rússia já está construindo um reator flutuante, e essa ideia não é nova: usinas flutuantes foram pensadas já ​​no início dos anos 70. Mas Buongiorno aponta que há algumas diferenças importantes entre o plano russo e o do MIT – com “vantagens cruciais”, segundo ele. Em primeiro lugar, o design do MIT não é um navio que se move pelo mar, e sim uma plataforma ancorada: ou seja, um tsunami ou terremoto teoricamente nunca poderia afetá-la.

Segundo, e mais importante, a água fria do oceano – que cerca o reator – iria funcionar como uma fonte inesgotável de refrigeração para as hastes internas (que controlam a taxa de fissão do urânio e plutônio), garantindo que elas nunca superaqueçam.

“O oceano em si pode ser usado como um dissipador infinito de calor”, diz Buongiorno. “É possível fazer a refrigeração de forma passiva, sem nenhuma intervenção. A própria contenção do reator fica essencialmente debaixo d’água.”

Outra parte importante do projeto é como ele iria diminuir os riscos de desmantelar o reator em 50 anos: em vez de demolir a usina, ela seria rebocada “para uma central, como é feito hoje com reatores de porta-aviões e de submarinos da Marinha americana”. Se ocorrer uma fusão, a usina poderia “expelir gases radioativos na água”, ao invés de liberá-los na atmosfera e forçar milhões de pessoas a fugirem.

Mas liberar gases radioativos no oceano não seria igualmente terrível para o meio ambiente? Por que simplesmente não parar de construir usinas nucleares? Esta não é a questão que esses engenheiros se propuseram a responder. Trata-se de tornar as usinas mais seguras, caso essa seja a opção do país.

Bem, é difícil ignorar as enormes implicações morais desse detalhe em particular. Dada a escolha entre pulverizar seres humanos com radiação, e pulverizar o fundo do oceano, a maioria de nós provavelmente escolheria o último. É difícil argumentar contra isso, mas também é difícil apoiar esta ideia. [MIT]

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