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Redemoinho de poeira em Marte atinge a sonda InSight da NASA

Sonda InSight é atingida por "devil dust", recebe carga repentina de energia e registra detalhes meteorológicos do fenômeno

Sonda InSight da NASA com uma fina camada de poeira vermelha nos painéis solares

Sonda InSight da NASA com uma fina camada de poeira vermelha nos painéis solares. Crédito: NASA/JPL-Caltech

A sonda InSight, da NASA, foi atingida por uma das famosas “dust devils” (redemoinhos de poeira) de Marte, mas não se preocupe, ela está bem. No máximo, o que a repentina rajada de vento causou foi ter ajudado a limpar um pouco da irritante poeira que estava se acumulando nos painéis solares da sonda. Além disso, o redemoinho passageiro também trouxe um pouco de ciência bem interessante.

Os dados coletados pela InSight em 1º de fevereiro de 2019 são consistentes com a “dust devil” que passou diretamente pela sonda, segundo release divulgado pela NASA. Infelizmente, a câmera não conseguiu registrar nenhuma imagem do fenômeno, mas os dois painéis solares receberam uma carga de energia repentina – cerca de 0,7% em uma e 2,7% em outra – o que a NASA afirma ser exatamente o tipo de coisa que você esperaria se uma fina camada de poeira fosse removida, de repente, da superfície dos painéis.

Cientistas da NASA afirmam já ter visto isso acontecer antes. As sondas espaciais Spirit e Opportunity já receberam cargas repentinas de energia, algumas de até 10%, seguidas de evidências fotográficas mostrando que os painéis estavam com menos poeira do que antes.

A novidade desse evento mais recente, no entanto, é que a InSight foi capaz de reunir outros tipos de evidência para sustentar o caso. Essa seria a primeira vez que uma “dust devil” foi diretamente detectada por instrumentos a bordo de uma sonda marciana, segundo a NASA. Nenhuma das “sondas espaciais movidas a energia solar incluiu sensores meteorológicos que armazenam tantos dados ininterruptamente”, afirmou a agência espacial em comunicado.

O evento aconteceu em um início de tarde na Elysium Planitia, uma região no equador de Marte. Assim como na Terra, esses redemoinhos de poeira são mais comuns nesse período do dia devido à interação entre superfícies quentes com o ar frio. Além disso, a Elysium Planitia já é uma região do planeta caracterizada por muitos ventos.

O chamado Subsistema de Carga Útil Auxiliar (APSS, na sigla em ingês), uma série de sensores meteorológicos do InSight, coletou dados compatíveis com uma “dust devil” que passou por cima da sonda. O vento mudou de direção em 180 graus, por exemplo, enquanto que a velocidade do vento pulou para 72 km/h.

O APSS também detectou uma queda brusca na pressão do ar. Curiosamente, a NASA afirma que essa foi a maior queda de pressão já registrada por uma sonda em Marte. A queda foi de 13% da pressão do ar local e indica ventos rápidos demais para serem detectados pelos sensores do InSight.

“O vento mais rápido que conseguimos medir diretamente do InSight até agora era de 28 metros por segundo, então esse redemoinho que removeu a poeira dos nossos painéis solares está entre os ventos mais fortes que já vimos”, explicou Aymeric Spiga, cientista da missão InSight. “Sem esse fenômeno, os ventos são tipicamente de 2 a 10 metros por segundo, dependendo da hora do dia.”

Esse evento não é tão incomum quanto parece. “Dust devils” são frequentes em Marte, esculpindo a superfície com diferentes padrões. Estima-se que milhões de “dust devils” se formam em nosso planeta vizinho diariamente.

A sonda InSight já detectou diversas “dust devils” próximas a ela desde que pousou em Marte no final de novembro de 2018. A NASA suspeita que essa não será a última vez que um redemoinho de poeira atingirá a sonda, e isso é algo positivo. Esses fenômenos não são perigosos e, na ausência de alguém para limpar os painéis solares da InSight, vão ajudar com o serviço.

Engenheiros da NASA agora querem capturar cargas de energia comparáveis àquelas recebidas pelas sondas Opportunity e Spirit. Portanto, eles estão esperando ansiosamente por redemoinhos mais fortes.

Além disso, o estudo contínuo desses eventos vai aprimorar a capacidade da NASA em criar e melhorar futuras missões à base de energia solar, e entender como os ventos afetam a superfície de Marte.

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