Pesquisadores do Reino Unido querem reinfectar pessoas com Covid-19 para fins científicos

Os cientistas esperam que o estudo nos ajude a entender melhor os limites da imunidade natural, incluindo o risco de reinfecção.
Windsor Castle, Inglaterra. Crédito: Kirsty Wigglesworth (AP)

Pesquisadores no Reino Unido estão pedindo às pessoas que contraíram anteriormente Covid-19 para se voluntariarem para uma última missão: permitir que sejam intencionalmente expostas ao coronavírus novamente. Os cientistas esperam que o estudo nos ajude a entender melhor os limites da imunidade natural, incluindo o risco de reinfecção.

Desde o início da pandemia, tem havido preocupação de que a imunidade natural ao vírus possa diminuir em um número significativo de pessoas em um período de tempo relativamente curto. Houve vários casos confirmados de reinfecção, incluindo casos em que pessoas morreram ou tiveram sintomas mais graves na segunda vez. Mas, algumas pesquisas sugeriram que a reinfecção é, em geral, rara entre os sobreviventes nos primeiros três meses após a infecção, enquanto outros estudos concluíram que a imunidade deve permanecer forte por até oito meses ou mais.

Quase todas as pesquisas sobre reinfecção até o momento são baseadas em dados de laboratório ou observacionais. Mas alguns cientistas da Universidade de Oxford têm utilizado uma abordagem diferente para estudar a Covid-19 através de testes de desafio com humanos. Em fevereiro, eles começaram a expor intencionalmente voluntários jovens e saudáveis ​​ao vírus, na esperança de rastrear a progressão natural da infecção. Nesta segunda-feira, eles começaram um estudo semelhante com pessoas jovens e saudáveis ​​que já tiveram Covid-19.

“Os estudos de desafio nos dizem coisas que outros estudos não podem porque, ao contrário da infecção natural, eles são rigidamente controlados”, disse Helen McShane, vacinologista de Oxford e cientista-chefe do novo projeto, em um comunicado divulgado pela universidade. “Quando reinfectarmos esses participantes, saberemos exatamente como seu sistema imunológico reagiu à primeira infecção por Covid, exatamente quando ocorreu a segunda infecção e exatamente quanto vírus eles contraíram. Além de aprimorar nosso conhecimento básico, isso pode nos ajudar a projetar testes que podem prever com precisão se as pessoas estão protegidas.”

O estudo funcionará em duas fases, com dois grupos distintos. A primeira fase, que deve recrutar até 64 pessoas com idades entre 18 e 34 anos, tentará descobrir a menor dose de vírus necessária para reinfectar com sucesso 50% dos voluntários, causando poucos ou nenhum sintoma. Depois disso, eles ficarão em quarentena por pelo menos 17 dias, e quem desenvolver os sintomas receberá o tratamento experimental com anticorpos monoclonais desenvolvido pela Regeneron. A segunda fase, que deve ocorrer nos próximos meses, exporia todos os voluntários à dose viral pré-estabelecida e registraria o que acontece com eles.

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Testes de desafio humano já foram usados ​​regularmente para estudar doenças infecciosas no passado. Mas alguns cientistas e especialistas em ética afirmam que eles podem não ser adequados para estudar a Covid-19, em parte porque é uma doença nova com riscos potenciais desconhecidos, mesmo para pessoas jovens e saudáveis. Ainda assim, ambos os ensaios foram liberados pelo Reino Unido, e organizações como a 1DaySooner afirmam ter identificado dezenas de milhares de voluntários em potencial que estariam dispostos a participar desses ensaios em todo o mundo.

Se esses testes de desafio funcionarem como pretendido, espera-se que eles forneçam informações valiosas sobre como desenvolver melhor novas vacinas e tratamentos para a Covid-19 no futuro.

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