Cientistas descobrem possível relação fascinante entre bactérias intestinais e a saúde

Hoje em dia, é difícil atirar uma pedra para o alto e não acertar alguma startup tentando impulsionar nossos microbiomas. Para os obcecados pela saúde, microbioma se tornou a palavra do momento. Isso porque está ficando cada vez mais claro que todos os trilhões de micro-organismos que habitam nossos corpos, e particularmente nosso intestino, têm […]

Hoje em dia, é difícil atirar uma pedra para o alto e não acertar alguma startup tentando impulsionar nossos microbiomas. Para os obcecados pela saúde, microbioma se tornou a palavra do momento. Isso porque está ficando cada vez mais claro que todos os trilhões de micro-organismos que habitam nossos corpos, e particularmente nosso intestino, têm um papel importante em nossa saúde geral.

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Porém, os cientistas ainda estão no início do processo de entender por que isso acontece. Um novo estudo com ratos que saiu nesta quarta-feira (30) na Nature começa a jogar um pouco de luz sobre o tópico. A bactéria em nosso intestino, descobriram pesquisadores da Universidade Rockefeller, produzem uma das mesmas moléculas sinalizadoras que os humanos produzem, que conseguem então interagir com receptores no corpo para mediar a saúde. Essa é uma das primeiras vezes que cientistas identificaram um mecanismo direto ligando os micróbios intestinais à saúde.

Já existem provas convincentes que sugerem que as bactérias intestinais podem afetar doenças. Em um estudo no início deste ano, pesquisadores rastrearam a origem de um distúrbio do cérebro, que antes havia deixado cientistas perplexos, para um tipo particular de bactéria intestinal. Outros estudos ligaram as bactérias intestinais a tudo, desde o atleticismo até a ansiedade, embora esses resultados sejam frequentemente controversos.

“Houve uma enorme quantidade de sequenciamento do microbioma que diz que se eu sequenciar os microbiomas intestinais de uma pessoa saudável e de uma pessoa doente, vou encontrar bactérias diferentes lá”, disse Sean Brady, biólogo molecular e principal autor do estudo, ao Gizmodo.

Mesmo com essas pistas, os mecanismos funcionando são em grande parte um mistério. Os cientistas suspeitam que a bactéria em nosso intestino deve de alguma forma estar se comunicando com o resto do nosso corpo, mas não está claro como. As bactérias muitas vezes dependem de pequenas moléculas para interagir com seu ambiente, e alguns sugeriram que o microbioma humano pode fazer o mesmo para se comunicar com seu hospedeiro.

Esse novo estudo aponta para uma dessas conexões. Os pesquisadores descobriram que as bactérias do intestino humano produzem amidas N-acil, pequenas moléculas com a capacidade de interagir com cinco receptores humanos diferentes. Trabalhando em camundongos, eles mostraram que essa sinalização poderia influenciar hormônios metabólicos e glicose.

“Estamos chegando ao ponto em que sentimos que esse é um grande fator potencial na comunicação entre o microbioma e o corpo”, disse Brady. “Pelo menos uma maneira pela qual as funções de comunicação funcionam é através de pequenas moléculas. O campo inteiro ainda está muito longe de definir o que é esse papel.”

O estudo observa apenas células e camundongos — então ainda não está claro se essa sinalização funcionaria da mesma maneira nas pessoas. Mas Brady disse que, se isso acontecer, poderia ter implicações importantes.

“Historicamente, conseguimos manipular seres humanos com pequenas moléculas (usadas como drogas)”, disse. “Talvez possamos fazer o mesmo para o microbioma. Depois de entender a comunicação, você pode entender como interromper essa comunicação para fins terapêuticos.”

Para tratar a doença de alguém, em outras palavras, talvez você pudesse lhe dar a bactéria que envia os sinais certos para corrigir o problema. “É um sonho de longo prazo, mas talvez possamos lhe dar um inseto, e, se você comeu todos os dias, isso poderia reduzir os níveis de glicose e, portanto, o peso”, disse Brady. “Isso seria muito legal.”

O mais legal, porém, pode ser simplesmente o fato de que as bactérias e os humanos estejam falando a mesma língua. “É estranho que as moléculas que o inseto produz sejam semelhantes às moléculas que você faz que controlam esses receptores”, disse ele. “Isso é simplesmente meio interessante.”

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