_Paleontologia

Relação simbiótica vista apenas em fósseis do Paleozoico ocorre ainda hoje no fundo do mar

Outras espécies de crinoides e corais surgiram após sua extinção, mas essa relação simbiótica entre eles nunca mais foi vista -- até agora.

Uma imagem em close-up de um pólipo aberto de um coral do gênero Metridioidea no fragmento de cirro (espécie de tentáculo) de um crinoide. Crédito: Zapalski et al., Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, 2021

Uma nova descoberta no fundo do oceano revelou uma relação simbiótica entre criaturas marinhas que só havia sido observada em fósseis do Paleozoico e que agora pode ajudar os cientistas a entender melhor associações primitivas.

Foi no fundo do Oceano Pacífico, próximo às costas de Honshu e Shikoku, no Japão, que os pesquisadores encontraram corais sem esqueleto crescendo em crinoides, animais marinhos também conhecidos como lírios-do-mar.

De acordo com os autores do artigo, publicado na Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, esse é o primeiro registro recente de uma associação entre um crinoide e hexacorais. Essas duas formas de vida haviam sido extintas há cerca de 273 milhões de anos. Outras espécies de crinoides e corais surgiram no Mesozoico, mas essa relação simbiótica entre eles nunca mais foi vista.

Daí a importância do novo estudo. No caso, os pesquisadores encontraram a mais de 100 metros de profundidade dois tipos diferentes de corais — do gênero Abyssoanthus, que é bem raro, e do Metridioidea, um tipo de anêmona do mar — crescendo de lírios-do-mar japoneses (Metacrinus rotundus).

A equipe de pesquisadores do Japão e da Polônia utilizaram microscopia estereoscópica para observar e fotografar os espécimes. O próximo passo foi a microtomografia não destrutiva com o objetivo de analisar as estruturas internas e o DNA das criaturas marinhas.

A partir dessas observações, os autores do estudo concluíram que os corais não competiam por comida com os crinoides, fixando-se na parte de baixo dos leques desses animais. O fato de não possuíram esqueletos também fez com que eles não afetassem a flexibilidade dos seus hospedeiros — apesar de os pesquisadores afirmarem que a anêmona pode ter interferido no movimento dos cirros, espécie de tentáculos, dos crinoides.

O que diferencia essas associações ainda vivas dos fósseis do Paleozoico é que os novos espécimes de corais não modificam a estrutura do esqueleto dos crinoides. De acordo com os pesquisadores, esse detalhe pode ajudá-los a entender esse “gap” nos registros fósseis.

No caso dos fósseis do Paleozoico, os corais apresentavam um esqueleto de calcita. Um ponto interessante, no entanto, é que fósseis de organismos sem esqueleto são raros. Se esses tipos de corais não modificam o hospedeiro e não deixam nenhum registro fóssil, é possível que essa relação simbiótica já ocorra há muito tempo — inclusive desde o Paleozoico –, mas só foi descoberta agora.

[Science Alert]

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