[Review] Asus Zenfone 6: a câmera Transformer com bom custo-benefício

Lançado em 2019, o Asus Zenfone 6 é um smartphone bonito, com configurações interessantes e uma câmera flip com bom desempenho. Em sua faixa de preço, ele concorre com o Galaxy S10 e o Note 10.
Asus Zenfone 6
Imagens: Alessandro Feitosa Jr/Gizmodo Brasil

Os entalhes nas telas dos smartphones são feios, embora estejamos nos acostumando a eles. Ainda assim, algumas fabricantes mais criativas inventaram mecanismos para abrigar a câmera frontal que não fosse num buraco no espaço da tela. O Zenfone 6, da Asus, é um desses smartphones. Ele tem uma câmera que parece um Transformer: ela gira 180º e utiliza os mesmos sensores para selfies e fotos… normais?

O aparelho chegou no Brasil em outubro de 2019, com preço a partir de R$ 2.699. Foram quatro modelos anunciados:

  • 6 GB de RAM/64 GB – R$ 2.699 à vista
  • 6 GB de RAM/128 GB – R$ 3.399 à vista
  • 8 GB de RAM/ 256 GB – R$ 3.999 à vista
  • 12 GB de RAM/512 GB – R$ 4.899 à vista (edição comemorativa de 30 anos da Asus)

Para a surpresa geral, apesar de quase seis meses de anunciado por aqui, o celular continua caro – na verdade, nesse mesmo patamar acima, de topo de linha. As especificações fazem jus aos valores, com tela IPS LCD de 6,4 polegadas, chip Snapdragon 855, bateria de 5.000 mAh e um conjunto de câmeras com um sensor principal de 48 megapixels f/1.8 e outro de 13 megapixels f/2.4 com lente grande angular.

Passei algumas semanas testando o aparelho e nos próximos parágrafos conto se esses atributos todos fazem o Zenfone 6 valer a pena.

Design e tela

Detalhe da câmera do Asus Zenfone 6

É inevitável iniciar com a parte estética e de projeto do Zenfone 6. A câmera Transformer é o que chama a atenção de qualquer pessoa que vê o modo selfie sendo ativado. O módulo com as duas câmeras gira em 180 graus para fora, como uma tampa ou uma porta, e passa a apontar para o lado da tela. A Asus chama a tecnologia de Flip Camera, ela faz um barulhinho engraçado e confesso que tive medo de quebrar o mecanismo num esbarrão acidental – o que não aconteceu.

Esses mecanismos só me deixam com o pé atrás em relação à durabilidade. Perguntei para a Asus quantas vezes a câmera poderia ser virada e desvirada e a resposta foi: 100 mil vezes, ou 28 movimentos diários durante 5 anos. A marca destaca também que o módulo retrai caso os sensores do celular detectem queda.

É claro que se isso quebrar, vai dar a maior dor de cabeça. Mas meu lado racional também implica que, com o método tradicional, da câmera atrás de um vidro perto de tela, uma queda é o suficiente para estilhaçar o vidro e exigir uma troca total da peça – neste exato momento, não sei o que seria mais caro. Então, a dica é: tente não derrubar o seu celular.

A ideia é interessante e garante que até mesmo as selfies tenham ótima definição – na maioria dos aparelhos, os sensores frontais são menos competentes do que os traseiros. Esse mecanismo do sensor também pode ser controlado manualmente, deslizando o dedo sobre o ícone de inverter a posição da câmera no app. Uma função como essa tem utilidades muito específicas, como a busca por um ângulo inusitado ou se você quiser espionar alguém. Talvez seja interessante para fazer travellings em filmagens, mas achei o controle lento para esse tipo de coisa – para simplesmente alternar entre o modo selfie e o modo paisagem, é bem rápido. É difícil imaginar a utilidade real, mas bom saber que pelo menos há essa possibilidade.

Traseira do Asus Zenfone 6

Sobre o visual em si, o Zenfone 6 é um aparelho bastante bonito. A traseira de vidro e os materiais de acabamento são dignos de smartphones top de linha e é bacana ver a tela ocupando praticamente todo o espaço frontal. A resolução do painel é bacana, também e mesmo com 6,4 polegadas me acostumei rápido com a pegada dele, embora pareça um trambolho.

Por outro lado, achei esquisito que o sensor de luminosidade para o brilho automático não funcionou tão bem – pode parecer algo simples, mas é irritante ficar com a tela escurecido ao entrar num ambiente mais claro ou ver um clarão insuportável nos olhos quando você liga o celular no quarto escuro. O sensor até funciona, mas ele demora bastante para regular o brilho da tela.

Câmera

Agora, deixando de lado a parte de projeto e aprofundando mais no quesito qualidade da câmera, os sensores do Zenfone 6 fazem um bom trabalho. Pode não ser o sensor mais competente do mercado top de linha em cada detalhe, mas não faz feio. E, como de costume nesses conjuntos com lente grande angular, as fotos mais abertas não possuem o mesmo nível de detalhes, nem as mesmas cores do sensor principal.

Detalhe da câmera do Asus Zenfone 6

Na maioria das vezes, consegui fazer um bom clique rapidamente. Em outros momentos, com cenários mais escuros, o aplicativo pede que você mantenha o celular firme para fazer uma foto HDR (para ter cores e detalhes mais refinados). A experiência é comum em vários smartphones, porém em mais de uma foto esse processamento demorou uma eternidade – em uma das ocasiões, ele parecia não terminar nunca e eu desisti da foto. Isso pode ser decepcionante caso você queria capturar um momento rápido, então vale a pena desativar o HDR nas opções e optar por ele em casos específicos – por padrão, o recurso vem no modo automático e o software decide quando utilizá-lo.

Tirando a questão do HDR, o sensor tira boas fotos mesmo quando as condições de iluminação não são ideias. Um bom nível de detalhes, ruído não muito exagerado e cores bacanas. O Modo Noturno, por sua vez, só tá ali para marcar território, não funciona tão bem.

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Nos momentos que precisei, a câmera do Zenfone 6 foi consistente. Pode não ser o melhor sensor, no nível do Huawei P30 Pro, mas não decepciona.

Desempenho

O Zenfone 6 tem credenciais para um desempenho acima da média – o modelo mais barato vem logo com 6 GB de RAM, além do processador Snapdragon 855. E é o que ele entrega – ótima performance, para a maioria das tarefas que você possa imaginar, seja jogar Alsphalt 6, alternar entre aplicativos que nem um robô ou visitar páginas pesadas no Chrome.

Para o uso como o meu, que consiste em trocar mensagens, ler, consultar e-mails, navegar nas redes sociais, ouvir música e consumir conteúdo no YouTube/Netflix/Amazon Prime, é desempenho que dá e sobra – o que na prática significa que pode ser um aparelho longevo, para aguentar o dia a dia por alguns anos.

Asus Zenfone 6 com a página do Gizmodo Brasil

O aparelho roda o Android 10 com uma camada de personalização da Asus que já foi bem pior. A quantidade de aplicativos pré-instalados diminuiu drasticamente (ainda que o Facebook, Messenger e Instagram não possam ser completamente desinstalados) e a maioria das funções adicionais são relativamente úteis – o Android 10, na verdade, já abarca praticamente tudo o que você deseja num sistema operacional.

Ah, menção honrosa ao leitor de impressões digitais da traseira que é bem veloz e poucas vezes exigiu que eu repetisse a entrada.

Bateria

Uma das minhas surpresas com as especificações do celular foi a bateria. Ela é realmente grande: 5.000 mAh, número bem maior do que concorrentes. No dia a dia, ela aguenta bem o tranco e cheguei a passar mais de um dia sem colocar o aparelho na tomada – principalmente no final de semana, quando mal uso o smartphone.

Tirando o celular da tomada perto das 8h, usando-o moderadamente até o meio-dia, chegando ocasionalmente durante a tarde e fazendo uso mais intenso a partir do começo da noite, consegui chegar ao final do dia entre 35% e 45% restante. A caixa vem com um carregador rápido que garante mais autonomia para momentos de desespero, mas não espere tanta velocidade dele.

Decepciona o fato de um celular dessa faixa de preço não vir com tecnologia de carregamento sem fio. Quando abri a caixa do aparelho e vi a traseira de vidro, imaginei que poderia usá-lo na minha base – coloquei o celular lá e nada, pensei que poderia ser um posicionamento errado, mas quando pesquisei, vi que era incompatível mesmo.

Vale a pena?

No lançamento, o Zenfone 6 tinha um custo-benefício bastante interessante. Era o único celular com especificações parrudas com uma versão que custava menos do que R$ 3.000. Acontece que esse modelo base, de 6 GB de RAM e 64 GB de armazenamento que tem preço sugerido de R$ 2.699 à vista está difícil de encontrar no varejo – fiz várias pesquisas e me deparei com “produto indisponível” ou a versão com 128 GB que salta para cerca de R$ 3.100. Se você ficar de olho em promoções, o Huawei P30 Pro pode até aparecer como um candidato.

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E por preços próximos de R$ 3.000, o Zenfone 6 tem concorrência pesada: Galaxy S10+ e Galaxy Note 10 – dois modelos com desempenho de sobra, software mais refinado, carregamento sem fio e reputação melhor quando o assunto é suporte. E por valores menores ainda, o Galaxy S10e e Galaxy S10 podem ser considerados, principalmente com o modelo de 64 GB da Asus indisponível.

A Asus fez um bom trabalho com o Zenfone 6: saiu do tradicional com o design do conjunto de câmeras e manda bem em todos os quesitos, com uma exceção aqui e ali (falta de carregamento sem fio, por exemplo). Só falta arrumar os estoques – e torcer para o mecanismo das câmeras funcionar do jeito que a Asus promete.

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