Review do PSPgo: o PSP vai para nenhum lugar onde você já não tenha ido

Há quatro anos eu me casei com a mulher mais maravilhosa do mundo. Na noite antes do casamento ela bateu na porta do meu quarto de hotel e me entregou de surpresa um pacote todo embrulhado. Era o PSP original.

Há quatro anos eu me casei com a mulher mais maravilhosa do mundo. Na noite antes do casamento ela bateu na porta do meu quarto de hotel e me entregou de surpresa um pacote todo embrulhado. Era o PSP original.

Acredite ou não, o PSP era um presente significativo que me traz as mais sinceras lágrimas aos meus olhos só de pensar na cena. Não era apenas porque eu estava obcecado com o PSP desde que ele havia sido anunciado – parecia ser (e de certa forma era) o mais avançado gadget de mídia faz-tudo da sua época. O PSP era um símbolo da tácita aceitação por parte dela de quem eu era. Ela sabia que, por mais que eu fosse envelhecer ao lado dela, eu provavelmente nunca superaria a adolescência mental. E ela estava de boa com isso.

Assim, pra melhor ou pra pior, eu sempre me ligo à marca PSP desta maneira estranhamente emocional. E percebo que, conforme o PSPgo solidifica o embaraço cada vez maior da Sony neste ramo, isto parte o meu coração muito mais intensamente do que o seu.

Preço
250 dólares lá fora

Hardware

Com 333MHz e 64MB de RAM, o Go não é mais rápido nem mais potente que o último PSP. Mas agora ele vem com 16GB de armazenamento em flash, possui uma entrada Micro M2 para expansão e, sem um drive UMD, consegue ser 50% menor e 40% mais leve que o PSP original. A tela de 3,8” é tecnicamente 0,5” menor que a do PSP clássico, mas roda com a mesma resolução de 480×272.

Após jogar no PSPgo por uma semana, eu já me ajustei à sua forma menor. Ele desliza para abrir com um estalo suave porém reconfortante, e é bem leve e equilibrado nas suas mãos.

Apesar dos seus detalhes cromados, saiba que as bordas e o seu corpo são feitos de um plástico que não passa lá uma grande sensação de durabilidade, mas só o tempo dirá quão bem o Go lida com o nosso abuso diário. Como disse o Adam Frucci, “ele não aparenta ser daquelas coisinhas baratas, mas também não parece ser das mais caras”. Se tem uma coisa que pode-se dizer sobre o PSP original, esta é que ele parecia ser algo caro.

Mas trata-se de mais do que apenas a qualidade dando esta impressão. Quando você segura um Zune HD, aquele troço parece que foi esculpido diretamente do futuro. Quando você segura o PSPgo, ele parece um celular vagabundo que você dá pra uma criança.

Os botões nada chamativos do Go são estritamente utilitaristas – aquele retorno dos botões do PSP original são indubitavelmente mais confortáveis. Os ombros LB e RB parecem miseravelmente macios demais, enquanto os simplórios D-pad e botões de círculo, triângulo, etc. são duros e digitais. Os botões Select e Start são um desperdício de espaço (uma piada, pra ser sincero, já que um segundo controle analógico caberia perfeitamente ali). No entanto, a maior parte dos botões em torno das bordas do aparelho remete ao design clássico do PSP, desde a chave Wi-fi ao botão de desligar.

A tela reproduz as cores de maneira vibrante e possui um nível perfeito de brilho máximo (até você levá-lo sob luz direta do Sol, onde ele passa a ser inutilizável). Os seus níveis de preto são bem ligeiramente melhores que o meu antigo iPhone 3G, mas a resolução, 480×272 esticada 0,3” além da 480×320 do iPhone, significa que os textos geralmente aparecem mais pixelados do que o costume, e filmes cuja reprodução seria linda em outros aparelhos com frequência apresentam falhas e pixels dentados.

Mas o que eu realmente não entendo é o porquê desta tela não ser sensível a toque. Especialmente quando o slider está fechado, eu quero tocar nele para passear pelas páginas da Internet, a PS Store e pelo XMB. Mais de uma vez eu me peguei fazendo os gestos com os dedos para então lembrar: “que merda, esta enorme tela não tem capacidade de toque”.

Ou seja, fechado, o PSPgo não tem como ser navegado. Opa, corta isso. Você pode sim acidentalmente apertar LB e reiniciar o seu filme – uma função que você usará com frequência, mesmo que por acidente.

Deve-se notar que o Bluetooth também permite que você use um controle SIXAXIS/Dual Shock 3 com o Go. A sincronização é fácil e o sistema funciona perfeitamente, mas pense na ergonomia prática só por um instantinho. Você vai acabar equilibrando o Go no seu colo de uma maneira bastante desconfortável e perigosa (para a saúde do aparelho).

Olhando pro design, uma teoria de conspiração surge na minha cabeça. O PSPgo foi o modelo para o PSP2. Aberto, ele tinha dois analógicos. Fechado, ele tinha uma touchscreen. Em algum lugar lá dentro, ele tinha um processador mais veloz, mais RAM e, poxa talvez até mesmo 3G ou algo do gênero. Talvez ele fosse feito de metal e pudesse ser lançado como um shuriken. Independente da veracidade desta teoria, teremos que nos contentar com o Go como ele está mesmo.

Nota: imagens do PSP são do modelo original (PSP-1000)

Software
Honestamente, o hardware é apenas metade do que impede o PSPgo de ser algo melhor. A outra metade é o software antigo do PSP ainda cheio de arestas a aparar, como o Wi-fi não se conectar automaticamente ao ser inicializado, a digitação ainda ser feita por meio daquela horrível interface de disco de telefone e a falta de suporte para fazer download da PS Store enquanto se executa outra tarefa.

Sim, enquanto o PS3 permite que você baixe jogos e filmes enquanto executa outra tarefa, o PSPgo está preso à monotarefa durante os downloads. Ah, e se o seu PSP for desligado por qualquer motivo que seja antes de você terminar aquele download de um filme de 1,6GB – o que leva um bocado de tempo com a Wi-fi lenta do Go de 802.1b – você precisa começar tudo outra vez. Além disso, apesar de ser bacana por parte da Sony manter os níveis de compressão baixos, filmes de qualidade SD nos portáveis precisam ter arquivos com tamanhos menores que isto para que as pessoas possam assistir aos filmes no meio da rua.

O navegador é absolutamente arcaico. Além da tediosa navegação analógica, o Go ficou sem RAM só de carregar a página do Gizmodo, exatamente como acontecia com o PSP original…assim como pode vir a acontecer no PS3. A Sony alardeou sobre um navegador em múltiplos sistemas que não funciona direito e isto é simplesmente ridículo.

Os PSP Minis, ou minúsculos aplicativos como você vê no iPhone (em alguns casos, exatamente como se vê no iPhone), estão a caminho. Mas as limitações são rígidas, o que significa que até mesmo os jogos transportados do iPhone podem vir com funções a menos, como networking. E quão grande ou maravilhoso será o catálogo de jogos se a Sony mal consegue recrutar estúdios para desenvolver para o PSP do jeito que está agora? (A Sony possui um catálogo de 225 jogos PSPgo que serão baixáveis logo de cara pelo PC ou Wi-fi.)

Além disso, talvez você não tenha ouvido falar de um recurso chave de software. Quando você fecha o PSPgo a partir do XMB, um relógio aparece na tela. Puxa, que bom, eu bem que precisava de um destes!

Duração da bateria
Em uma mistura de reprodução de filme, jogo e navegação geral pela interface, o PSPgo operou por 4 horas e 47 minutos com brilho máximo e Wi-fi ligada. Isso é praticamente o mesmo tempo de duração das baterias dos últimos PSPs. Infelizmente, aqueles que gostavam de usar uma bateria estendida ou extra com o PSP terão mais dificuldade com isto no Go já que a sua bateria é posicionada dentro da case fechada a parafuso. Além disso, o iFixit confirmou que remover a bateria de fato anula a sua garantia.

PSPgo: nada de novo

O PSPgo deveria ter sido o ZuneHD com jogos, uma mídia versátil em plataforma com hardware de ponta e software lindo de morrer. Mas, em vez disto, trata-se apenas de um PSP ligeiramente menor com uma tela, capacidade de armazenagem e software que nada são competitivos com outros aparelhos atuais de 250 dólares lá fora. Se você olhar só pro DSi ou pro PSP como concorrentes, as atualizações do Go parecem ser bastante substanciais. Mas comparados com avanços nos PMPs e smartphones mais recentes, é muito difícil ficar impressionado com o hardware deselegante e software pesadão do Go.

Ah, e nem preciso dizer que ainda não há um segundo controle analógico.

Quatro anos depois, minha esposa e eu estamos mais unidos do que nunca. Mas o meu amado PSP fica em uma prateleira praticamente fora de alcance, um artefato empoeirado que eu nem uso pra jogar nem jogo fora. O Go não se sairá nada melhor por ser ligeiramente menor ou se livrar dos malditos UMDs. PSP2, eu estarei esperando por você quando você decidir aparecer e roubar meu coração novamente.


Suas mãos se acostumarão rapidamente com a nova ergonomia

Cabe dentro do bolso de uma calça jeans

Os botões são usáveis, mas menos confortáveis que o PSP normal

O software da Sony parece datado (navegador, downloads, entrada de texto, etc.)

Perto de um Zune HD ou iPod Touch, o hardware não é nada impressionante

Velocidades de transferência retardadas pelo padrão Wi-fi datado 802.1b

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