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[Review] Galaxy A8 (2018): meses depois, até que você ficou interessante

A linha Galaxy A geralmente inaugura os lançamentos da Samsung no Brasil. O Galaxy A8, por exemplo, foi o primeiro smartphone da companhia que desembarcou no País em 2018. Embora seja um pouco esquisito analisar um celular após meses de seu lançamento, tenho uma vantagem: o modelo já desvalorizou e está em uma faixa de […]

A linha Galaxy A geralmente inaugura os lançamentos da Samsung no Brasil. O Galaxy A8, por exemplo, foi o primeiro smartphone da companhia que desembarcou no País em 2018. Embora seja um pouco esquisito analisar um celular após meses de seu lançamento, tenho uma vantagem: o modelo já desvalorizou e está em uma faixa de preço mais adequada às suas especificações e características.

Veja, quando ele foi anunciado, a Samsung colocou a etiqueta de preço em R$ 2.399. Na matéria sobre o lançamento, comentei que o novo modelo da categoria “intermediário premium” da fabricante sul-coreana era inspirado no Galaxy S8 (o topo de linha) até no preço. Uma rápida busca por esse smartphone em outubro mostra que ele custa cerca de R$ 1.690 (à prazo). São praticamente R$ 700 de diferença, um valor considerável quando se trata de um celular.

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Pois bem, passei as últimas semanas usando o Galaxy A8 (2018) e comento aqui a minha experiência levando em consideração essa faixa de preço, mais adequada aos aparelhos que levam a categoria de intermediário.

Primeira vista


A unidade do Galaxy A8 que recebi para testes é da cor ametista; é uma das três opões disponível, acompanhada por dourado e preta. A primeira olhada no celular me atraiu e a Samsung acertou nas opções de cores, especialmente nesta que vi pessoalmente. É uma traseira com acabamento de vidro, bem elegante. As bordas de metal também acompanham a cor e quase não há diferença na tonalidade da moldura e o vidro.

Na parte frontal, o visual lembra muito o Galaxy S8 e S9. A Samsung foi bem esperta em ser uma das únicas fabricantes que, além de praticamente estrear e empurrar a tendência das telas 18:9, não adotou os entalhes/recortes que, para muitos (inclusive eu) é de certo mau gosto. Tudo bem, a tela não ocupa tanto a parte frontal como alguns poderiam esperar e ainda há bordas aqui e ali, mas muito menos do que em celulares de 2017.

O celular da Samsung também é mais estreito e tem um encaixe um pouco mais confortável do que o último aparelho que usei (no caso, um Zenfone 5). O espaço frontal foi bem aproveitado e mesmo com a tela de 5,6 polegadas o encaixe na mão é ok.

Pecados na construção

Dito isso, numa primeira olhada a construção do Galaxy A8 me pareceu bacana, mas tenho algumas ressalvas. A primeira e mais incômoda é o posicionamento do sensor de impressões digitais, que está na traseira e imediatamente abaixo do sensor da câmera. Eu não me oponho aos leitores de digitais na traseira – não acho ideal, mas não é uma decisão terrível deixá-lo ali.

O problema é quando o leitor fica logo abaixo da câmera, o que significa que você vai botar muito o dedo no sensor e corre o risco de querer capturar aquele momento instantâneo e acabar com um borrão de dedo.

Além disso, o leitor é pequeno e ligeiramente “camuflado”. Não foram poucas as vezes que precisei por a minha senha porque o leitor não identificava minhas impressões e/ou eu colocava o dedo ligeiramente deslocado da posição que o smartphone consideraria ideal. E quando digo camuflado, quero dizer que o leitor está praticamente no mesmo nível da traseira do celular – não há um aprofundamento na carcaça para identificar rapidamente onde devo por o dedo. O Zenfone 5 tem um círculo bem marcado; os Moto Gs têm sensor na frente mas que também são bem mais fundos do que o resto da construção, por exemplo.

A tecnologia que se propõe a resolver o problema das senhas e agilizar o desbloqueio do celular não funciona de forma ideal no Galaxy A8. E isso é bem frustrante.

Tive ainda uma pequena frustração com o posicionamento do alto-falante, mas compreendo o quebra-cabeças enfrentado pelos engenheiros… Onde por o alto-falante? Muitos optam por deixá-lo na parte de baixo da moldura do celular e aí a mão pode cobri-lo completamente se você segurar o celular por baixo. Neste caso, a Samsung decidiu deixar na lateral direita, perto do botão liga/desliga, e é claro que eu cobri o speaker diversas vezes involuntariamente.

Mexendo

A Samsung já teve uma das personalizações do Android mais abominadas entre os usuários. Já escrevi isso em outras análises que o cenário mudou e que a TouchWiz, camada instalada por cima do Android puro, está muito bem finalizada. Trata-se de um produto bem acabado e com pouquíssimos deslizes e, em algumas partes do sistema, é uma opção mais elegante do que o próprio Android puro.

O Android da Samsung já não vem mais carregado de aplicativos pré-instalados indesejados, por exemplo. Há apenas uma pasta com cinco aplicativos da Microsoft, entre eles Word, PowerPoint, Excel, OneDrive e Linkedin.

Mas nem tudo são flores. Como pode a fabricante me esquecer de incluir um aplicativo de Calculadora? Eu faço contas, Samsung. Preciso de uma calculadora para operações que envolvem números quebrados.

Pode-se argumentar que o Google mostra resultados de operações matemáticos direto do campo de busca, mas convenhamos que isso não é tão conveniente quanto abrir a gaveta de apps e ter uma opção sólida ali, na qual eu não precise ficar buscando sinais matemáticos no teclado. E pela primeira vez na vida, precisei baixar um aplicativo de calculadora (que claro, continha anúncios) na Play Store.

A Bixby e a Bixby Vision foram quase que completamente ignoradas durante o meu uso. Deslizar para o lado esquerdo na tela inicial para ativar a assistente da Samsung foi quase sempre um erro. Pelo menos não há nenhum botão dedicado para ativá-la.

Desta vez, o Android da Samsung não estava tão polido quanto eu esperava e usar o Galaxy A8 não foi das experiências mais agradáveis. Mas também não foi daqueles celulares que contei as horas para parar de usar.

Costumo mexer no celular muito rápido e confesso que às vezes tenho pouca paciência para que o teclado carregue para eu começar a digitar, por exemplo. Essa demora aconteceu bastante, principalmente se eu desbloqueasse o celular direto em uma conversa do WhatsApp. E a lentidão para o teclado surgir acontecia tanto com o SwiftKey (meu teclado favorito), quanto com a opção do Gboard, do Google.

Congelamentos e encerramentos inesperados de aplicativos como Instagram e Facebook não eram raros, também. Eu sei que não são os apps mais leves e otimizados para o Android, mas não me recordo da última vez que tive esse tipo de travamento frequente em um celular de mais de R$ 1.500. E, sendo dois aplicativos populares, é desagradável esse tipo de experiência.

O curioso é que outros aplicativos rodaram bem no processador Exynos 7885 Octa (que possui dois núcleos 2.2 GHz Cortex-A73 e seis núcleos 1.6 GHz Cortex-A53), por isso a frustração não foi maior. Consegui usar o Twitter tranquilamente, bem como o WhatsApp (apesar da falha do teclado), Slack, Trello, Gmail, YouTube, Spotify e Chrome.

Em uma recente atualização de software que a Samsung mandou para o celular, reparei que todos apps ficaram bem mais estáveis, ainda que o Instagram travasse de vez em quando. Ponto positivo, apesar de ter passado por esses convenientes por pelo menos dois terços do tempo que eu passei com o celular. E se essa atualização resolveu um problema, apareceu outro: os serviços de localização pararam de funcionar corretamente, o que tornou um inferno usar aplicativos como Uber, Google Maps e Citymapper.

Carregador na mochila

Ter o Galaxy A8 como meu companheiro do dia a dia significou andar com o carregador ou um powerpack. A bateria de 3.000 mAh não aguenta um dia inteiro de uso pesado e chega com alguma carga em casa com dificuldades em dias de uso normal. Minha jornada com o celular fora da tomada dura cerca de 12 horas.

Conto nesse período a minha ida para o trabalho/faculdade em que geralmente leio notícias, checo e-mails e redes sociais, troco mensagens e ouço música via Spotify; depois, o celular passa por um período maior de stand-by e só de vez em quando troco mensagens e dou uma checada no que está acontecendo no mundo. Depois volto para casa, fazendo um uso muito similar daquele que faço na ida.

Quase sempre cheguei em casa já colocando-o direto no carregador – isso porque dei uma segurada no uso durante o caminho de volta. Teve dia que a jornada durou cerca de sete horas e o celular chegou em casa com 10% de bateria restante.

Se você é aquele usuário que joga no tempo livre, gosta de manter o brilho da tela em um nível alto e não dosa o seu uso conforme a bateria vai descarregando, é melhor se preparar para carregar o aparelho duas vezes por dia.

A Samsung tem um modo de “Economia de Energia”, que é dividido entre “desativado”, “médio” e “máximo”. Cheguei a passar praticamente uma semana com o modo “médio” ativado para conseguir mais autonomia, mas isso significa limitar a velocidade do aparelho (cortando potência da CPU) e a diminuição em pelo menos 10% do brilho da tela. Essas limitações são devidamente mostradas pela Samsung ao ativar o modo.

Inclusive, vale a pena desativar a funcionalidade “Always-on Display” que mostra permanentemente o relógio e suas últimas notificações. Apesar do celular ter tela AMOLED, que consome menos energia quando há uma imagem preta, esse recurso pode consumir bastante de sua bateria. As informações do economizador apontam que desligar a funcionalidade pode te dar pelo menos mais uma hora de autonomia (o que a gente sabe que não é um número exato, mas ajuda a dar dimensão do impacto).

Câmera

Ao contrário de alguns de seus competidores, o Galaxy A8 tem apenas uma câmera na traseira. Em compensação, a Samsung decidiu colocar dois sensores na parte frontal.

O meu uso da câmera frontal é mínimo; talvez eu passe cerca de 1% do tempo em que ativo a câmera olhando para mim mesmo. Ou seja, essa é uma característica que, para um usuário como eu, não vale muito a pena. Mas compreendo que uma boa fatia do público interessado em um smartphone como esse possa tirar muitas selfies.

Pois bem, essa dupla de sensores na parte frontal ajudam a tirar fotos com fundo desfocado – o famoso modo retrato. Os resultados são melhores do que aqueles oferecidos por outras fabricantes que fazem o ajuste de desfoque via software. A dupla composta por um sensor de 8 megapixels e outro de 16 megapixels (ambos com f/1.9) faz um bom trabalho, com uma ou outra imperfeição em áreas de baixo contraste.

A câmera traseira tem 16 megapixels e abertura f/1.7. Números à parte, é uma câmera que superou ligeiramente as minhas expectativas, ainda mais se levarmos em consideração que tive uma experiência ruim com o Zenfone 5. A câmera traseira do Galaxy A8, por sua vez, tira belas fotos em boas condições de iluminação, com um nível de detalhes muito bom, cores fiéis porém vivas, além de ser ágil para capturar objetos em movimento. Ela ainda é capaz de fazer um trabalho decente em cenas noturnas – não são imagens riquíssimas em detalhes, mas boas para a faixa de preço deste celular. Eu arrisco dizer que é um sensor compatível com topos de linhas de uns dois anos atrás, o que é muito bom.

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Conclusão

Tive sensações mistas ao usar o Galaxy A8 nas últimas semanas. Foram altos e baixos. Desbloquear o celular via leitor de impressões digitais muitas vezes não funcionava, abrir o Instagram era ter quase certeza de que o app ficaria congelado, fiquei na mão quando precisei me localizar e eu não tinha a garantia de que conseguiria sair de casa e voltar sem ter que por o aparelho na tomada. Em compensação, outros aplicativos funcionaram bem, a tela é bonita e a câmera tira fotos muito boas.

Considerando que o celular custa atualmente R$ 1.690, o Galaxy A8 pode ser uma escolha interessante para aqueles que procuram um smartphone nessa faixa de preço e que tire boas fotos. Ele foi inconsistente no desempenho geral, mas a última atualização de software aparentemente fez alguns reparos na estabilidade – outros defeitos podem ser corrigidos com um update, mas convenhamos que passados meses do lançamento esses reparos não deveriam ser necessários.

Considere que já não é um celular com uma superbateria e, consequentemente, não dá para esperar muito fôlego de um aparelho como esse – leve isso em conta isso se você deseja ficar com o mesmo smartphone por dois ou três anos.

A minha dica é: olhe com carinho para outras opções.

Especificações

Tela: Super AMOLED de 5,6 polegadas com resolução de 1080 x 2220 pixels
Processador: Exynos 7885 Octa (dois núcleos 2.2 GHz Cortex-A73 e seis núcleos 1.6 GHz Cortex-A53)
GPU: Mali-G71
RAM: 4 GB
Armazenamento: 64 GB (expansível com cartão microSD de até 400 GB)
Câmera traseira: 16 MP, f/1.7, detecção da face, autofoco e flash LED
Câmera frontal: dupla; um sensor de 16 MP e outro de 8 MP, f/1.9
Bateria: 3.000 mAh (não removível)
Sistema operacional: Android 7.1.1 Nougat
Dimensões: 149.2 x 70.6 x 8.4 mm (altura x largura x profundidade)
Peso: 172 g

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