[Review] O MacBook Pro de 16 polegadas precisa ser o futuro dos notebooks da Apple

Testamos o novo MacBook Pro de 16 polegadas e podemos dizer que, apesar do preço, é um notebook muito bom. A Apple finalmente consertou alguns problemas de seu design e pode ter encontrado o retorno para um caminho brilhante no mercado.
MacBook Pro de 16 polegadas
Crédito: Alex Cranz/Gizmodo

Se você comprou um laptop da Apple nos últimos anos e tiver a chance de testar o novo MacBook Pro de 16 polegadas, provavelmente ficará furioso. Ele é muito bom.

Ele é quase tudo o que um notebook precisa ser – e os problemas que têm atormentado os laptops da Apple nos últimos anos desapareceram nesse modelo. O novo produto segue um mantra que a empresa da maça parece ter esquecido: simplesmente funciona.

Por isso, embora eu esteja encantada com a existência do novo MacBook Pro, admito que também fiquei com algumas frustrações. Me parece que a marca deveria ter lançado esse dispositivo ou algo parecido com ele nos últimos anos. Em vez disso, temos sido sobrecarregados, ano após ano, com laptops com pouco poder de fogo e que priorizam o minimalismo em relação à funcionalidade.

O que é?
A primeira grande atualização de laptops da Apple nos últimos cinco anos.

Preço
Começa em US$ 2.400 (R$ 11.300, na cotação atual). O modelo usado na análise sai por US$ 3.899 (R$ 15.730). No Brasil, os preços da loja da Apple são R$ 21.299 e R$ 33.399, respectivamente.

Gostei
Rápido, com um teclado muito melhorado, ótima tela e alto-falantes incríveis

Não gostei
Ele é um pouco mais grosso e pesado do que outros MacBooks. Só esta disponível na versão de 16 polegadas.

A Apple não é uma empresa que fala abertamente sobre seus processos internos, então não podemos saber por que eles se agarraram por tanto tempo no design antigo, mesmo com todas as críticas. Uma das razões prováveis é a gestão de Jony Ive no design da companhia. Ive, que deixou a Apple para se dedicar a própria empresa de design em 2020, tem uma obsessão notória por minimalismo.

Uma vez ele desenhou um carro tão minimalista que tirou coisas típicas do carro, como o volante. A sua filosofia guiou o desenvolvimento do MacBook Pros lançados anteriormente, e a herança foi um teclado ruim, que possui teclas muito rasas e defeituosas.

Esse teclado, e o laptop ultra-fino e ultra-leve que vinha com ele, desapareceram. O novo MacBook Pro é um monstro de 16 polegadas que é até mais pesado (é 136 gramas mais pesado que seu predecessor de 15 polegadas) e um pouco mais grosso (é 0,69 centímetros mais alto). Essas adições foram necessárias para incluir um poderoso processador da série H da Intel de 9ª geração e um teclado que tem um intervalo maior de toque, de 1mm.

Esse intervalo é a distância que uma tecla leve para ir do seu estado normal para o estado totalmente pressionado. Teclados mecânicos têm um intervalo de 1,5mm a 3mm, enquanto notebooks geralmente tem intervalo de 1,5mm a 2mm. O 1mm do novo MacBook Pro pode parecer pouco, mas não é tão ruim quanto a versão anterior, que tinha 0,6mm.

O novo teclado é, supostamente, baseado no teclado encontrado no iPad Pro – que eu elogiei anteriormente. As teclas do novo MacBook Pro são mais comuns e não parece que você está digitando sobre um plástico bolha. Na real, ele se parece mais com teclados que encontramos no Dell XPS ou nos laptops Lenovo ThinkPad.

Eu sei que muitas pessoas odeiam a Touch Bar, mas curto pela sua flexibilidade e queria que a Apple permitisse mais personalização. Foto: Alex Cranz/Gizmodo

A Apple finalmente gastou uma grana e colocou ótimas cabeças para mergulhar no design do novo teclado. Me disseram que a companhia fez uma ampla pesquisa para o projeto, tentando entender com precisão o que as pessoas acham atrativo para digitar. Por exemplo, muita gente gosta da sensação de vibração que há ao teclar. A Apple descobriu que há um comprimento de onda específico nessa vibração que a maioria das pessoas gostam muito e tentou replicá-la em seu teclado, dando uma sensação bastante satisfatória.

Não chega a ser o suficiente para mim, no entanto. Meu teclado favorito é um Topre do Japão, que usa um híbrido de teclas mecânicas e com membrana. O novo MacBook Pro não consegue reproduzir essa sensação, mas chega perto.

E é aqui que está minha frustração. Eu amei que a Apple investiu bastante tempo para pesquisar aquilo que gostamos em teclados e usou essas informações em um dispositivo fantástico, mas é uma pena que foram precisos anos para que fizessem isso.

A Lenovo e a Dell – que são empresas relativamente menores e menos ricas – já possuem teclados incríveis há anos. Essas empresas descobriram isso há algum tempo e foram elogiadas. No entanto, a Apple teve que gastar milhões em pesquisas para chegar a uma conclusão semelhante. Parece que os últimos anos dos notebooks da Apple foram um desperdício, sabe?

Algumas pessoas vão reclamar das portas USB-C do MacBook Pro, mas depois de mergulhar na vida com adaptadores, não ligo mais. Foto: Alex Cranz/Gizmodo

Embora a Apple tenha investido tempo e dinheiro para encontrar uma solução para o teclado, eles também olharam para a concorrência e copiaram algumas coisas. Uma das mais notáveis é a moldura ultra-fina ao redor da tela, uma marca registrada dos laptops Dell (embora o MacBook Pro estar longe de alcançar as pequenas molduras da Dell).

Ainda assim, é uma vantagem: a Apple passou de uma tela de 15,4 polegadas para uma tela de 16 polegadas, mas isso resultou em apenas 2,6% de aumento no comprimento e largura do dispositivo. Quem tem um MacBook Pro de 15,4 polegadas vai perceber a diferença, mas não é o suficiente para causar grande impacto.

Isso também significa que há uma tela impressionante com 3072 x 1920 pixels que ficam dentro da menor borda que um notebook da Apple já teve.

Essa estranha resolução ainda não chega no 4K – o que significa que muitos criadores de conteúdo ficarão um pouco perdidos se estiverem tentando assistir ou editar em 4K, mas a resolução é suficiente para a maioria das tarefas. Usar o Photoshop, ou até mesmo apenas o Tweetdeck, revela mais espaço.

A Apple também melhorou os alto-falantes do MacBook Pro de 16 polegadas. Ouvir qualquer coisa neles, sem ter algo para fazer um comparativo, já me deixou impressionada. Há uma cintilação comum em alto-falantes de laptops, mas nada grave.

Depois, eu comparei a qualidade do som com alguns dos outros laptops que tinha por perto, incluindo um MacBook Pro de 13 polegadas de 2016, um Dell XPS 2 em 1 de 13 polegadas e um Microsoft Surface Laptop 3 de 15 polegadas.

Os alto-falantes são grandes e poderosos. Foto: Alex Cranz/Gizmodo

E, olha, os alto-falantes desse novo MacBook Pro são incríveis. Há uma sensação de espaço no áudio que não se encontra em outros notebooks. Ao assistir a sequência de abertura de Mad Max: Fury Road (um trecho bastante popular entre pessoas que testam a qualidade dos alto-falantes com Dolby Atmos), eu consegui ouvir as vozes na cabeça do Max como se estivessem na sala comigo.

Eles sussurravam nos meus ouvidos e pareciam se movimentar de uma forma que só um alto-falante do Dolby Atmos pode fazer. O que faz sentido já que o MacBook Pro é o primeiro laptop da Apple com suporte ao Dolby Atmos.

Outras coisas vão muito bem, também. O baixo de “bad guy” de Billy Eilish soa muito boa apesar do tamanho dos alto-falantes, e não há distorção quando o volume está no máximo.

Geralmente, ao ouvir Verklärte Nacht, Op. 4 de Schoenberg, você precisa aumentar o o volume e depois baixá-lo rapidamente à medida que a música atinge o seu pico emocional. Porém, neste MacBook Pro eu nunca precisei fazer isso.

Os alto-falantes são tão bons que deu vontade de substituir meu notebook, um MacBook Pro de 13 polegadas, só para poder ouvir música e ver filmes.

Em termos de processador, o MacBook Pro de 16 polegadas está no mesmo nível da geração anterior. A Apple já tinha um dos processadores mais poderosos disponíveis nos modelos de 15 polegadas, e essa linha de processadores da série H de 9ª geração da Intel foi o suficiente para o modelo de 16 polegadas. O modelo enviado para testes foi equipado com o processador i9 de 2,4GHz, que é o similar ao processador encontrado no Dell XPS 15 que analisamos no início deste ano.

Um dispositivo ótimo para filmes, mas não vai rodar toda a resolução de vídeos 4K. Foto: Alex Cranz/Gizmodo

Comparar o Dell XPS 15 com esse modelo é uma boa ideia, principalmente se você estiver tentando decidir entre um Mac ou Windows.

O Dell XPS 15 tem um processador semelhante, 16 GB de RAM, uma GPU Nvidia GTX 1650, uma tela de 1080p e 1TB de armazenamento por US$ 2.650 (no Brasil, o site da Dell não oferece essa configuração). O MacBook Pro com especificação similar custará US$2.800 – US$150 a mais por uma tela maior e uma GPU AMD Radeon Pro 5500M com 4GB de C-RAM.

O MacBook Pro que testamos era um pouco mais potente, porém, com 32GB de RAM, uma GPU AMD Radeon Pro 5500M com 8GB de VRAM, e armazenamento de 2TB. Ele também era muito mais caro: US$ 3.899.

Com especificações similares, eu esperaria que o MacBook Pro tivesse um desempenho igual ao do XPS 15.

Com nosso modelo superior de testes, o MacBook Pro se saiu um pouco melhor que o XPS 15 no benchmark da CPU do Geekbench 4, enquanto no Blender – onde cronometramos o tempo que leva para o software renderizar uma imagem 3D – o MacBook Pro foi mais de 30 segundos mais rápido.

Parece que a mágica está na GPU. A Radeon Pro 5500M da AMD liberou o arquivo do Blender 45 segundos mais rápido que o Dell XPS, e teve mais que o dobro da pontuação computada no quesito placa de vídeo do Geekbench 4.

Embora não possamos testar a maioria dos jogos disponíveis – incluindo games como Far Cry 5 e Overwatch – comparamos a Nvidia GTX 1650 da Dell com a AMD Radeon Pro 5500M da Apple com Rise of the Tomb Raider.

Os resultados foram como esperávamos: geralmente, os jogos possuem suporte melhor para produtos da Nvidia. Isso fez com que a Nvidia GTX 1650 tivesse média de 54,2 quadros por segundo, enquanto a AMD Radeon Pro 5500M teve média de 49,7 quadros por segundo.

Tem uma tecla ESC física, se você for um dos esquisitos que odeiam a Touch Bar. Foto: Alex Cranz/Gizmodo

Mas acho que a maioria das pessoas que compram um MacBook Pro não se importam tanto com jogos. É um notebook destinado a profissionais criativos que estão acostumados com os fluxos de trabalho no macOS, e aos fãs casuais da Apple com muito dinheiro para gastar. E se você é uma dessas pessoas, então você pode ficar bastante animado.

Este novo MacBook Pro parece ser uma pequena mudança fundamental na filosofia do design da Apple. Em vez de concentrar sua enorme equipe de engenheiros e designers talentosos na produção de computadores que servem como uma ode ao minimalismo, a Apple está finalmente focada em fazer um produto que é simplesmente muito bom.

Não sei se isso é algo momentâneo para esse notebook ou o futuro real do design de laptops na Apple, mas espero que seja uma mudança para valer. Os outrora revolucionários notebooks da Apple carecem do tempero que empresas tradicionalmente mais estáveis como Dell, Lenovo e HP colocam nos seus produtos – empresas em que a inovação acontece de forma regular e notável.

Se você precisa de um notebook grandão, fique feliz por ter a opção de um MacBook Pro de 16 polegadas. Se comprar, irá sentir que seu dinheiro foi bem gasto. Se você está procurando por algo menor e que rode o macOS, aguente firme. Se este novo design seguir para outros notebooks mais acessíveis da Apple, 2020 pode ser um ano de ouro para a empresa.

Resumo

  • Os alto-falantes são incríveis;
  • O teclado definitivamente foi melhorado;
  • A velocidade é ótima;
  • O preço da unidade que recebemos para review é obsceno;
  • Por favor, que esse seja o novo padrão de design para laptops da Apple.

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