[Review] Motorola One: Android puro em um hardware que precisava de um gás

O projeto Android One do Google compreende aparelhos com a versão pura da plataforma móvel da empresa e garantia de receber pelo menos duas atualizações. A estreia dessa categoria no Brasil rolou com a Motorola, que resolveu pegar emprestado o nome emprestado do projeto para seu Motorola One. Além de ser o primeiro Android One […]

O projeto Android One do Google compreende aparelhos com a versão pura da plataforma móvel da empresa e garantia de receber pelo menos duas atualizações. A estreia dessa categoria no Brasil rolou com a Motorola, que resolveu pegar emprestado o nome emprestado do projeto para seu Motorola One.

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Além de ser o primeiro Android One do Brasil, o Motorola One marca outra estreia da fabricante pertencente à Lenovo: a entrada no mundo do notch na tela. O dispositivo é o primeiro Moto lançado no Brasil a ter o entalhe, aquele corte superior na tela para acomodar câmeras/sensores.

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Para ver qual é a do Motorola One, eu o utilizei nas últimas semanas e, de antemão, digo que este parece o verdadeiro Moto G deste ano.

Com as mãos no Motorola One

Seguindo a tendência de boa parte dos intermediários, o Motorola One é um sanduíche de vidro. Na parte traseira, no entanto, você vai reparar que ele deixa um monte de marcas de dedos. Se isso te incomodar (definitivamente, não é o meu caso), dá para remediar com uma capinha emborrachada transparente que acompanha o aparelho (inclusive, o Moto G6 vem com uma parecida).

De cara, o que gostei no Motorola One é seu formato. É um aparelho cuja tela ocupa quase toda a parte frontal do aparelho e que quase não tem “queixo” (aquela moldura de baixo, onde fica o logotipo da Motorola). Se o tamanho do aparelho é um problema para você que tem mãos pequenas, este smartphone pode ser o que você estava procurando.

Por estar na linha dos intermediários, você ainda vai achar a entrada convencional de fone de ouvido de 3,5 mm na parte superior. Para carregar, ele conta com uma conexão USB-C, que fica na parte inferior entre os alto-falantes.

Entrada de fone de ouvido fica na parte superior do Motorola One. Crédito: Alessandro Feitosa Jr/Gizmodo Brasil

Ainda que tenha uma tela de 5,9 polegadas, o corpo do Motorola One não é largo. Então, é possível facilmente fazer com que seu dedão alcance todas as áreas da tela durante o manuseio com uma só mão.

Diferente do Moto G6, o sensor de digital fica atrás bem no logo da Motorola. Isso é uma boa medida, pois no G6 eu, sem querer, encostava no botão virtual home ao tocar no sensor de digitais. Não tive maiores problemas para configurar e para o reconhecimento das minhas impressões digitais.

O sensor de digital é bem no logo da Motorola. Crédito: Alessandro Feitosa Jr/Gizmodo Brasil

E o notch? Bem, existe toda uma discussão sobre a real necessidade do recorte na tela. Tem gente que até aceita o iPhone X ter o cortinho, pois lá tem um monte de sensores que facilitam o Face ID, uma tecnologia interessante para desbloquear o smartphone usando a face, mas e os outros dispositivos?

Na área do notch, a Motorola colocou a câmera selfie e um flash. Crédito: Alessandro Feitosa Jr/Gizmodo Brasil

Bem, no caso do Motorola One, a ideia é aproveitar mesmo ao máximo a parte frontal. No recorte, ficam a câmera selfie de 8 megapixels e um flash. Apesar de ser feio, devo confessar que acabei me acostumando. A presença do notch só me irritou para tirar fotos. Mais abaixo descrevo como isso foi um problema, pelo menos para mim.

Usando

Estamos aqui falando de um aparelho com Android 8.1 puro. Então, ele não tem muitas firulas e bloatwares, o que já é uma tradição da Motorola. Se você está acostumado com a marca, vai ter ainda aqueles gestos clássicos para abrir a câmera (dando um chacoalhão) e de acionar a lanterna (sacudindo lateralmente). Vem também embarcada a Moto Tela, que exibe notificações de forma discreta.

Ao abrir a bandeja de apps, arrastando o dedo para cima, ele sugere aplicativos que você provavelmente vai usar — e na maioria das vezes, pelo menos para mim, acertou na mosca. Outro truque do mundo Android é que o app de telefone é o oficial do Google. Pode parecer meio bobo, mas ele tem um sistema esperto de identificação de chamada. Mesmo que alguém que não esteja em sua lista de contatos ligue para você, o aplicativo informa o nome da companhia depois do terceiro toque.

Dentre as adições do Google, vale destacar o app Files Go. Voltado para família Go, de dispositivos de entrada, esta aplicação quebra um bom galho ao notificar que você está com muitos arquivos desnecessários e pode apagá-los. Mesmo com 64 GB, descobri que tinha uns 500 MB de arquivos temporários que poderiam ser apagados. Tem ainda o Google Lens junto com o aplicativo de câmera do smartphone, que permite fazer buscas por meio de imagens.

Na parte inferior, o aparelho tem dois alto-falantes e o conecto USB-C. Crédito: Alessandro Feitosa Jr/Gizmodo Brasil

Devo confessar que senti falta de algum modo noturno ou filtro de luz azul. Como estava acostumado com outro aparelho que tinha isso, usar o Motorola One à noite ferrou levemente meu sono. Porém, isso pode ser corrigido com a liberação do Android Pie, que conta com funções equivalentes, prevista para até o fim do ano.

No que diz respeito ao desempenho, é um aparelho cumpridor: executa a maioria das tarefas. No teste, não notei lentidões em abertura de apps ou rodando alguns joguinhos casuais, como Street of Rage e Galaxy Warrior: Space Battles. O único grande problema que tive foram dois travamentos feios do app do Facebook enquanto eu acompanhava um vídeo ao vivo (no caso, um jogo da Champions entre Real Madrid e Plzen). O travamento foi tão feio que tive que reiniciar o telefone. No segundo, consegui fechar o app e enviar o feedback para a rede.

O Motorola One sofre de um mal parecido presente também no G6. É um aparelho bacana, mas o processador é antigo. O Snapdragon 625 foi apresentado em fevereiro de 2016. Agora, o telefone está voando e funcionando sem problemas, mas, lembre-se, o smartphone deve receber ainda um novo Android neste ano e suportar ainda o Android Q. Então, a longo prazo pode ser que ele vá perdendo agilidade.

A bateria de 3.000 mAh aliada ao processador Snapdragon Qualcomm 625 segura bem o uso de um dia de trabalho. Saí de casa com 80% de bateria por volta das 10h, peguei transporte público e fui ouvindo música via streaming via 4G, enquanto acessava redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram) e respondia e-mails. Chegando no trabalho, usei menos e me conectei ao Wi-Fi, mas na volta tive um uso intenso equivalente no período de uma hora. A bateria só foi chegar aos 15% lá para as 23h.

Quando publicamos um texto falando sobre a chegada do smartphone, muitos leitores reclamaram da tela. Alguns comentaristas criticavam o fato de o dispositivo ter um display com resolução HD em pleno ano da graça de 2018.

Em situações com muito sol, fica difícil visualizar a tela. Crédito: Alessandro Feitosa Jr/Gizmodo Brasil

Olha, não me incomodou a questão da definição em si. Tem gente que prefere dispositivos com menos resolução até para ter mais autonomia de bateria.

Pra mim, a questão principal é a falta de brilho da tela. Em um dia muito ensolarado, é bem difícil conseguir enxergar claramente o display diante daquele sol de meio-dia. Lógico, não é todo mundo que fica usando o telefone ao ar livre, pois corre o risco de ter que comprar um novo (se é que você me entende), mas incomoda um pouco essa falta de visibilidade ao ar livre com forte incidência solar.

Câmeras

O maior problema que notei nessa semana de uso foi o disparador da câmera. Em algumas ocasiões, sacava o celular para tirar uma foto, aí quando eu tocava no disparador, não executava a tarefa. Pensei que era um bug do telefone, mas só depois reparei que na verdade isso ocorria por causa de um erro meu.

E é aqui que volta a minha questão sobre o notch. Ao posicionar a câmera para uma cena na horizontal, notei que eu apoiava a mão esquerda em uma área próxima ao notch — lembre-se, como quase tudo é display, eu acabava segurando numa região de tela — que impedia de o disparador funcionar. Nessa hora, o multitouch não funciona, pois ou você aciona o disparador ou está ajustando o foco ou a abertura da lente, nunca as duas ações simultâneas. Aí, com isso, não dava para tirar fotos. O problema estava na pecinha por trás do smartphone. APENAS.

Sobre a qualidade de fotos, os sensores traseiros (um conjunto de 2 megapixels e 13 megapixels) são apenas ok. Vão servir para aquelas imagens em ambientes bem iluminados. Com o modo HDR ligado, algumas imagens podem ficar bem bonitas — tem gente que acha que esse tipo de processamento pode soar fake, mas pessoalmente não tenho grandes problemas com isso. Em cenas escuras, não tem muito jeito: as luzes podem estourar e alguns detalhes ficam granulados.

A câmera frontal de 8 megapixels foi muito que bem. Acompanhada de um flash, ela tira selfies com boa definição e com uma iluminação balanceada. O modo retrato, em boas condições de luz, também cumpre bem seu papel. Ainda que o processo seja feito via software, não houve grandes anomalias ao desfocar o objeto principal da foto.

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Conclusão

O pacote de especificações do Motorola One peca pelo processador de dois anos atrás e um conjunto principal de câmeras apenas ok — a marca poderia ter incluído uma lente telefoto ou uma grande angular para dar mais possibilidades de fotografia ao usuário. Mesmo assim, o Motorola One cumpre o perfil de aparelhos Android One: smartphones de qualidade e com preço não muito caro.

Se você quer gastar por volta de R$ 1.500, que é o preço do Motorola One, deve também dar uma olhada em outras opções, como o Zenfone Max Pro que custa cerca de R$ 1.500 (que tem processador mais atual, 5.000 mAh de bateria e Android puro) ou o Galaxy A8 (2018), da Samsung, que é achado no mercado por R$ 1.690 (conta com especificações parecidas de processador e bateria).

Na minha cabeça, o Motorola One é o verdadeiro Moto G de 2018. O maior motivo para isso são as especificações melhores que o do G6 convencional, pois parece estar mais em linha com os outros concorrentes de gama intermediária, inclusive no visual com a presença de uma tela que cobre quase toda a parte frontal do aparelho e o notch. Fora isso, tem o Android puro, que vai possibilitar atualização até a versão Q.

Entre o G6 convencional e o Motorola One, eu iria fácil na versão mais atual, ainda que o G6 tenha um design bacana. Entre um visual mais bonito e um outro celular mais compacto (as pessoas com mãos pequenas agradecem) e com hardware que vai tornar o dispositivo mais durável, acho que não deveria ter muita discussão.

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Imagem do topo por Alessandro Feitosa Jr/Gizmodo Brasil

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