[Review] Nextbit Robin: um smartphone diferente com a cabeça nas nuvens

No ano passado, uma campanha do Kickstarter arrecadou quase US$ 1,4 bilhão para um smartphone que é diferente dos outros. Como ele se sai no mundo real?

No ano passado, uma campanha do Kickstarter arrecadou quase US$ 1,4 bilhão para lançar um smartphone que é diferente dos outros, e não apenas no design. Criado por ex-funcionários do Google e da HTC, ele armazena seus apps menos usados na nuvem.

Agora, o Nextbit Robin está sendo enviado para quem apoiou a campanha, e também pode ser comprado na loja da Nextbit. Como ele se sai no mundo real? Confira nosso review.

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Smartphones pode ser meio tediosos. Estas pequenas máquinas de vidro e metal mudaram profundamente a forma como nos comunicamos, mas eles também parecem incrivelmente iguais. Faça uma ligeira melhora aqui, coloque um chip mais poderoso acolá, deixe tudo preso em um corpo retangular, e de repente você fez o Melhor Smartphone do Ano.

E então chega o Nextbit Robin. A diferença mais óbvia está em seu visual. Usando uma paleta de cores atípica, o Robin de cor “menta” resume a arquitetura futurista dos anos 50 em um retângulo de 5 polegadas. A versão na cor preta também é bonita.

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Ele é diferente da multidão de Galaxys e iPhones, principalmente porque não há nenhum smartphone como ele. A Nextbit obteve financiamento através do Kickstarter e, hoje em dia, você precisa ser um louco ou um gênio para concorrer com Apple, Samsung e quase todas as outras grandes empresas de eletrônicos no mercado.

Obviamente, a Nextbit não acha que é louca, e sua grande ideia é repensar como o armazenamento funciona no seu celular.

A maioria dos aparelhos tiram proveito da nuvem por meio de apps de terceiros como o Google Drive, OneDrive e iCloud Drive. Enquanto isso, o Robin dá o passo seguinte de forma inteligente “descarregando” (basicamente excluindo) todos os detritos digitais antigos que ele acha que você não precisa ou não quer mais.

A Nextbit armazena esses dados em 100 GB de armazenamento na nuvem oferecidos a cada smartphone Robin – prontos para serem invocados quando você estiver conectado à internet.

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O armazenamento em nuvem do Robin em ação. As duas telas à esquerda mostram o Home Launcher do Robin, que vem com um recurso extra para ver seus apps. A imagem à direita mostra ícones “fantasmas” do Robin funcionando também no Google Now Launcher.

Se você está constantemente visitando Configurar > Armazenamento para ver se cabe mais um app no seu smartphone lotado, preste atenção. As habilidades do Robin na nuvem criam ícones fantasmas de todos os apps armazenados na nuvem, bem como fotos (espero que venha suporte a vídeos em breve). Uma das melhores partes é que ele salva todas as suas informações – credenciais, progresso no jogo, etc. – então quando você buscar o app a partir da nuvem, você já está logado e pronto para usar.

Depois de instalar um monte de apps que eu nunca uso, comecei a testar o recurso de nuvem, e ele funciona como previsto. Durante a noite, enquanto estiver conectado ao Wi-Fi, o sistema começa a trabalhar e, na parte da manhã, você ganha cerca de 2 GB de espaço livre, com vários apps armazenados na nuvem (os menos usados e mais antigos que foram baixados).

O único incômodo foi precisar de um app quando eu estava offline (por exemplo, no metrô), então eu aprendi rapidamente que é preciso “fixar” os apps mais importantes, de modo que eles nunca sejam excluídos do dispositivo. Infelizmente, você só pode fixar apps no launcher da Nexbit, e não no Google Now Launcher.

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Da esquerda para a direita: menu de configurações rápidas do Robin; menu de notificações; e uma lista de apps arquivados (armazenados na nuvem).

Após uma semana de testes, eu estranhamente me senti um pouco em paz, sabendo que poderia baixar qualquer app ou tirar quantas fotos quisesse, e eu definitivamente teria o espaço necessário.

Sim, um assistente inteligente na nuvem parece ser incrivelmente futurista, mas é útil apenas para um determinado tipo de pessoa. A maioria dos smartphones (fora iPhones) permitem expandir o armazenamento para mais de 2 TB usando microSD, de modo que ficar sem espaço em um smartphone é, nesses casos, uma façanha. Se você está preocupado em entupir um smartphone de 32 GB, é melhor obter armazenamento expansível, algo que o Robin não oferece.

Os recursos na nuvem do Robin também parecem desnecessários à luz do novo recurso Flex Storage do Android 6.0 Marshmallow. Ele permite que cartões SD externos sejam considerados como armazenamento interno, driblando a irritante limitação de apps que se recusam a instalar no cartão de memória.

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A tela parece azulada, mas é apenas um efeito da luz – ela funciona como qualquer outro display IPS de resolução Full-HD.

Este celular tem um hardware interessante por dentro, que combina perfeitamente com o seu preço de US$ 400. O processador Snapdragon 808 não é o mais recente, porém ainda é incrivelmente capaz. O poder de processamento é uma pechincha nesse nível de preço.

O Robin também tem dois alto-falantes frontais redondos, tela Full HD, 3 GB de RAM, um leitor de digitais na lateral (que funciona bem!), e a versão mais recente do Android.

A única grande falha está na bateria. São 2.680 mAh, o suficiente para você passar um dia inteiro com uso leve a médio, mas se você forçar o dispositivo, precisa de um carregador no começo da noite.

No último fim de semana, eu estive em um comício de um candidato à presidência nos EUA, e depois de capturar uma dúzia de fotos e vídeo, a minha bateria acabou às 20h. Foram só 12 horas de uso. Bom, mas definitivamente não ótimo. (Felizmente, há carregamento rápido da bateria graças à porta USB Type-C.)

O software também tem alguns engasgos – a câmera é incrivelmente lenta e alguns outros lugares têm lentidão – mas a Nextbit diz que isso é culpa do software, que será atualizado antes de quaisquer unidades chegarem às mãos dos clientes.

A câmera de 13 megapixels é certamente aceitável, mas definitivamente não é ótima. A câmera é lenta, e tira fotos desbotadas. É OK para US$ 400, no entanto.

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A foto na Times Square, ao ar livre e bem iluminada, ficou boa. Mas a Charleston Pink House ficou lavada, sem reproduzir direito as cores, especialmente quando comparada a uma foto semelhante de um iPhone 6s.

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E esta foto do comício, com uma iluminação complicada, ficou menos do que ideal – e esta foi a melhor que eu tirei. Havia também um lag estranho entre o obturador e animação do obturador na tela, mas a Nextbit diz que este problema será corrigido.

No Robin, o quesito mais polêmico é seu design. Fiz uma sondagem com alguns amigos, conhecidos e um ou dois estranhos, e as reações ficaram polarizadas entre a.) “completamente horrível” e b.) “cheio de estilo”. A estranheza do Robin – moldura grossa ao redor da tela, alto-falantes circulares, e símbolo de nuvem na traseira – é atraente e terrível ao mesmo tempo, então realmente cabe a você decidir.

Com boa usabilidade, hardware ótimo pelo preço, e recursos que não são apenas um “truque”, o Robin é um dispositivo 1.0 incrível. Ele é 1.0 porque a real utilidade de um smartphone na nuvem não parece o bastante, por enquanto, para dissuadir você de comprar um aparelho com armazenamento expansível.

E ainda há algumas falhas de software, então a próxima versão pode ser uma aposta mais segura. Mas se você estiver procurando algo diferente, o Robin definitivamente se encaixa bem nessa descrição.

O smartphone Robin está disponível na loja da Nextbit por US$ 399, infelizmente sem entrega para o Brasil.

Especificações – Nextbit Robin:

– Sistema operacional: Android 6.0 Marshmallow com Nextbit Home Launcher
– Processador: Snapdragon 808
– Tela: 5,2 polegadas, 1920×1080 pixels (424 PPI), display LCD IPS
– RAM: 3GB
– Armazenamento: 32GB + 100GB de armazenamento em nuvem
– Câmera: traseira de 13 megapixels; frontal de 5 megapixels
– Bateria: 2.680 mAh
– Preço e disponibilidade: US$ 399, já disponível em nextbit.com
– Extras notáveis: sensor de impressão digital, NFC, carregamento rápido, alto-falantes frontais duplos, bootloader desbloqueado, USB Type-C

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