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[Review] Nokia Lumia 720

Pouco a pouco, os aparelhos com Windows Phone vão chegando, populando várias faixas de preço e dando opções a quem quer alguma coisa… diferente. Para enfrentar os Androids de custo médio (e até mesmo o iPhone 4 de R$1.000), o Lumia 720 chega ao Brasil custando cerca de R$900. Mas ele traz o suficiente, em […]

Pouco a pouco, os aparelhos com Windows Phone vão chegando, populando várias faixas de preço e dando opções a quem quer alguma coisa… diferente. Para enfrentar os Androids de custo médio (e até mesmo o iPhone 4 de R$1.000), o Lumia 720 chega ao Brasil custando cerca de R$900. Mas ele traz o suficiente, em hardware e software, para enfrentar os sistemas mais populares? Testamos um 720 por algumas semanas e trazemos a resposta.

Design

Ao contrário dos irmãos menores 620 e 520 e suas capinhas coloridas intercambiáveis, o 720 é do tipo unibody, como o superior 920. Isso significa que não há tampa traseira e a bateria não é removível. Os slots do microSIM e microSD são pequenas partes encaixadas no corpo e que precisam de uma agulha para serem removidos. Portanto, se você quer usar o cartão de memória ou trocar de chip, vai precisar levar a pequena peça que a Nokia oferece, uma espécie de agulha (ou chave?).

Todas as decisões tomadas no design 620 parecem ter sido esquecidas aqui: por ter mais tela (4,3 polegadas) que seu irmão menor, o 720 é mais fino. A espessura ajuda o aparelho a ter míseros 128 gramas, um aparelho bem leve. Mas, por não ter o tamanho ideal para o encaixe na mão, você frequentemente se pegará usando não uma, mas duas mãos para mexer no 720. Como consequência, é fácil perceber que você precisa esticar o dedão mais do que o normal dentro do sistema para atingir alguns ícones e botões. Isso acontece principalmente por causa do tamanho da tela, de 4,3 polegadas. Já a escolha do material, o policarbonato que já parece enraizado na família Lumia, traz boa aderência: mesmo com todo o tamanho, o smartphone não parece que vai cair da sua mão. Pegada é sempre importante, mesmo nos aparelhos maiores (e mais desengonçados).

Felizmente, a sensibilidade extra da tela – projetada para ser usada inclusive com luvas, o que não é bem o nosso caso aqui no Brasil – facilita o uso: você dificilmente vai ter que tocar duas vezes em algum lugar para ter uma resposta.

Tela

Ao ligar o aparelho, você vê que está diante de uma boa tela. As cores pululam, o design flat do Windows Phone brilha. Mas ela não derrubará seu queixo: são 800×480 pixels distribuídos numa grande tela. É o mesmo valor encontrado no Lumia 620, mas o aparelhinho da Nokia tinha meia polegada a menos de tela. Isso deixa a tela do Lumia 720 a par dos concorrentes da mesma categoria — o suficiente para você não chorar com linhas de pixel, mas nada que brilhe como um Santo Graal tirado de seu bolso.

Já os contrastes e cores também agradam, mas o preto não é tão escuro – culpa da tecnologia IPS LCD, que fica para trás nesse quesito em relação as AMOLED. Isso fica bem nítido ao comparar a “moldura” preta com o fundo da tela. O brilho, por outro lado, é muito bom, sem ser tão exagerado. O ângulo de visão é excelente, o que significa que você não vai precisar ficar inclinando a tela até conseguir achar uma posição ideal para ler.

Desempenho e bateria

O Lumia 720 vem com processador Snapdragon S4 (dual-core com 1GHz de clock), 512MB de RAM e GPU Adreno 305. Como parece ser a tônica dos aparelhos com Windows Phone, as configurações modestas não significam lentidão: o desempenho é ótimo, com muita velocidade e respostas rápidas.

No entanto, não dá para dizer que ele não trava. Em três semanas, foram três travamentos totais: em duas vezes, o telefone não ligava e na outra, ele congelou na tela de bloqueio. Além disso, ele reiniciou sozinho enquanto eu jogava Assassin’s Creed (era só a demo e eu estava no começo, menos mal). Esses números, entretanto, são pequenos, e os problemas são bem simples de se resolver: basta segurar o botão de bloqueio e o volume down para dar reboot no aparelho. Isso é muito pouco, se comparado aos lags bem mais corriqueiros que usuários de Androids (eu incluso) da mesma faixa de preço enfrentam.

A bateria tem 2000 mAh, número que fica no meio termo entre os intermediários e os high-end, e é uma das melhores entre os smartphones que já usei. Usando o Lumia 720 como meu único celular – rotina que inclui mais de 12 horas fora de casa, quase sempre ligado em 3G ou wi-fi, além de pelo menos duas horas de música por dia –, ele levava mais de 24 horas para ficar abaixo dos 25%, dispensando carregamentos via USB aqui na redação do Giz. É ótimo ter a certeza de que a bateria não vai deixar você incomunicável.

Windows Phone e apps

O Windows Phone 8 praticamente não varia de aparelho para aparelho. Muito do que eu encontrei aqui também está no Lumia 620, já que o sistema não pode ser personalizado pelos fabricantes – ou seja, estamos livres das skins dos Androids — nem recebeu atualizações nos últimos meses. O sistema está no 720 por inteiro, com todos seus vícios – configurações confusas, notificações que não funcionam direito e multitasking ruim – e virtudes – leveza, fluidez, beleza e as sempre interessantes live tiles.

As diferenças ficam mesmo nos apps pré-instalados: o 720 vem com Data Sense, que controla o uso do seu plano de dados e mostra o quanto cada app usou de banda – dica: o app do Tumblr acaba com sua cota na operadora e não tem como desativar isso –, mas não tem o interessante Here City Lens (não entendi o porquê). Mas você pode instalar pela lojinha, claro.

Os apps já estão mais maduros: o Foursquare, por exemplo, ganhou uma reforma completa e agora tem uma interface bem mais interessante do que na versão anterior; o Rdio funciona bem e o Facebook Beta pode entregar uma experiência bem próxima a das outras plataformas. No caso de serviços que ainda não tem apps oficiais, como Dropbox e Instagram, aplicativos independentes dão conta do recado, como o FileBox e o Instance, mas geralmente não vão muito além do básico.

O principal calcanhar de aquiles do ecossistema é mesmo o Marketplace: a lojinha de aplicativos é bagunçada e não sabe apresentar direito o que pode oferecer. Além disso, a comunidade é pequena, o que não ajuda na hora de escolher um app. Quase toda busca acaba com metade dos resultados sem ter muito a ver com o que você quer e a outra metade com 3 estrelas em, quando muito, 100 classificações. Há de se ter muita paciência para tentar encontrar alguma coisa boa assim.

Câmera

A câmera do Lumia 720 tem 6,7MP (sim, valores quebrados mesmo, assim como os 8,7MP do Lumia 920) e lentes Carl Zeiss. As imagens em boas condições de luminosidade ficam excelentes, com riqueza de detalhes e pouco ruído. Com baixa luminosidade e configurações em automático, a câmera diminui bastante a velocidade do obturador para aumentar o tempo de exposição e compensar a falta de luz. Isso significa que, com certa frequência, as fotos ficam tremidas, borradas ou fora de foco. E isso faz com que eu me sinta um pior fotógrafo ainda. Mesmo assim, os resultados são mais do que bons. Confira:

Um grande bônus do Windows Phone são os aplicativos de foto, como o Cinemagrafia, que faz gifs animados (e nós amamos gif animados), o Nokia Glam Me, para você editar seus egoshots, e o Foto Inteligente, que tira várias fotos em sequência e permite que você edite e obtenha a melhor imagem possível. Tudo isso parece meio bobo, mas é divertido, vai.

Vale a pena?

Sim. Este Windows Phone vale a pena. E há uma série de motivos para cravarmos isso.

Primeiro, o Lumia 720 chegou ao Brasil custando R$ 969, já com a desoneração de impostos do Governo para aparelhos dessa faixa de preço. Mas um passeio rápido pelas lojas virtuais mostra que o Lumia 720 pode ser encontrado facilmente por R$ 900 — ou até menos, se você pagar a vista. Com esse dinheiro, dá para comprar um Samsung Galaxy S3 Mini ou um Motorola Razr i. Mesmo estando totalmente familiarizado com o Android, este foi o primeiro Windows Phone que usei e pensei “ei, eu poderia ter um desses e usá-lo como meu celular”.

A bateria com ótima duração, a câmera com resultados acima da média e o sistema sólido e cada vez mais completo me fizeram pensar isso. É preciso lembrar, claro, que já usei o Windows Phone antes, e isso ajuda um bocado: você aprende a não brigar com problemas crônicos, como falta de apps para as coisas do Google, e se acostuma com os defeitos e as virtudes. Mas o fato é que o sistema não é ruim, o desempenho é consideravelmente bom e os aplicativos estão, aos poucos, tomando jeito. Se você estava curioso em relação ao Windows Phone e esperava um aparelho que não custasse os olhos da cara, para uma compra mais segura, eis o aparelho ideal.

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