[Review] Realme 7 e Realme 7 Pro: intermediários bem completos, mas preço entre eles pode ser fator decisivo
Há algumas semanas, eu conversei com Sherry Dong, diretora de marketing da Realme, sobre a estratégia da companhia para o mercado brasileiro. Neste início, as apostas são bem tímidas, mas nem por isso devem ser desprezadas, já que os primeiros telefones da marca a desembarcarem por aqui – o Realme 7 e o Realme 7 Pro – são opções bem satisfatórias para quem procura um smartphone com performance, câmeras e sistema operacional consistentes.
É verdade que, mesmo com boas especificações, os dispositivos podem esbarrar no fator preço: o Realme 7 custa oficialmente R$ 2.499, enquanto a versão Pro sai por R$ 2.999. Eu passei pouco mais de um mês testando os dois produtos e trago os principais pontos de cada celular para que você decida se, por esses valores, vale a pena investir em um aparelho da marca recém-chegada ao Brasil.
Realme 7 e Realme 7 Pro
O que são
Os primeiros smartphones da marca chinesa Realme no BrasilPreço
Sugerido: R$ 2.499 (Realme 7) e R$ 2.999 (Realme 7 Pro). No varejo: em média, R$ 1.900 e R$ 2.200, respectivamenteGostei
Ótima construção que passa impressão de smartphone premium; carregador ultrarrápido nos dois aparelhos; performance otimizada, até para jogos pesadosNão gostei
Preços não são muito competitivos; sem fones de ouvido nas caixas; Android 11 está garantido, mas só no segundo semestre de 2021
Design
Eu gosto de smartphones que fogem do preto clássico e sem graça na parte traseira. E tanto o Realme 7 quanto o 7 Pro trazem um visual bonito que pode facilmente se passar por vidro para quem olha à primeira vista para ambos os aparelhos. Mas não se engane: é tudo de plástico. Particularmente, gostei mais da versão do Realme 7 do que a versão 7 Pro, que tem essa tonalidade em um gelo que vai ficando mais ou menos intenso de acordo com o reflexo da luz. Tem também um risco na vertical que aumenta ainda mais essa sensação de não parecer um telefone barato (e no final das contas não é, né?).
Ambos têm praticamente a mesma espessura, mas o Realme 7 Pro é ligeiramente mais leve e fino. A construção externa também é bem parecida: na parte inferior ficam os alto-falantes, entrada P2 para fone de ouvido e entrada USB-C. Nas laterais estão os botões de volume e o slot para até dois cartões nano-SIM e um microSD. Contudo, o Realme 7 tem o leitor de impressão digital alocado em um botão na lateral direita, enquanto que o 7 Pro conta com esse recurso embutido sob a tela. Curiosamente, eu preferi o leitor do Realme 7 porque, além de ser mais prático – é só posicionar o polegar em cima do botão -, ele é mais rápido que o Realme 7 Pro.
Outra diferença é que apenas o Realme 7 Pro tem certificação IP68 contra respingos, mas eu não arriscaria sair embaixo de uma chuva ou deixá-lo perto do chuveiro. O 7 não tem proteção alguma a líquidos. E mais um detalhe: nenhum dos dispositivos vem com fones de ouvido inclusos na caixa.
Tela e som
São poucas as semelhanças nas telas dos smartphones. O Realme 7 e o 7 Pro possuem um painel Full HD+ (2.400 x 1.080 pixels) com proteção Gorilla Glass 3. No entanto, o display do Realme 7 tem 6,5 polegadas e é LCD, com taxa de atualização de 90 Hz. Em contrapartida, o 7 Pro possui uma tela menor, de 6,4 polegadas, mas a tecnologia é Super AMOLED.
Ao mesmo tempo que entrega mais brilho, contraste e maior intensidade do preto, a tela do 7 Pro perde na taxa de atualização, que é de apenas 60 Hz. Lembrando que, no Realme 7, você tem a opção de alterar para os 60 Hz, caso não queira uma navegação mais natural e prefira preservar a bateria.
O áudio no Realme 7 é mono. Apesar de não ser tão limpo quanto no 7 Pro, que traz som estéreo com suporte a Dolby Atmos, achei que é de boa qualidade. Em todo o caso, os dois possuem volume alto e um som dentro da média, sem muitas promessas. Mas para ouvir o áudio pelos alto-falantes do celular, o 7 Pro realmente oferece uma experiência mais polida.
Software
De fábrica, o Realme 7 e 7 Pro rodam o Android 10 adaptado à interface Realme UI 1.0. Eu gosto que de uns anos para cá as fabricantes asiáticas resolveram adotar um visual mais limpo em comparação com o que era antes — um layout tão, mas tão poluído que ficava quase impossível ter uma experiência agradável.
Para essa versão da UI 1.0, a Realme adotou um padrão bem parecido ao Android dos smartphones Pixel, do Google, com ícones redondos e fontes um pouco menores. Inclusive, os principais apps do Google já vêm pré-instalados nos dois dispositivos. Há uma e outra ferramenta que parece estar ali só para fazer número, mas você tem a opção de desinstalar a maioria das coisas que não te agradam. E tem também um recurso interessante que duplica apps caso você queira usar duas contas em um mesmo serviço, como o WhatsApp, por exemplo.
O que tem de diferente na interface do Realme 7 Pro é um menu lateral idêntico ao menu Edge dos smartphones Galaxy S e Galaxy Note, da Samsung. Você arrasta para direita para a esquerda e lá ficam alguns dos seus apps favoritos, podendo personalizar o que fica nessa seção.
A Realme ainda promete atualização para o Android 11, mas isso só está previsto para acontecer no segundo semestre de 2021.
Câmeras
Os conjuntos fotográfico do Realme 7 e do 7 Pro são basicamente iguais em resolução e qualidade. Ambos possuem os mesmos sensores: principal de 64 MP (Sony IMX682), ultra-angular de 8 MP, profundidade de 2 MP e macro de 2 MP. Embora a câmera principal ofereça resultados semelhantes, as demais não são tão competentes.
Começando pela câmera principal de 64 MP. Nos dois smartphones, eu achei que a captura ficou dentro do esperado, apesar do contraste ficar bem mais evidente em alguns casos e escurecer demais determinados pontos das fotografias. Não que tenham ficado muito artificiais, mas mesmo ajustando manualmente em algumas opções de brilho e saturação, o sensor principal de cada celular insistiu nessa característica. Eu também gostei do modo noturno e do sensor de profundidade, que ainda persistem nessa coisa um tanto artificial, mas que, em resumo, ficam dentro da média.
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A questão é a seguinte: esse é o melhor que o Realme 7 e o 7 Pro podem oferecer. Isso porque os demais sensores ficam muito abaixo do principal. A ultra-angular, além de perder resolução, adiciona um efeito “lavado” às fotos. O mesmo acontece na câmera macro dos dois aparelhos, que custa para entrar em foco e tem um pós-processamento demorado e que altera os tons das fotografias de forma perceptível.
Nas câmeras frontais, que ficam em um buraco no canto superior esquerdo de cada dispositivo, o Realme 7 tem um sensor de 16 MP, e o 7 Pro um sensor de 32 MP. Gostei bastante dos dois, pois ambos conseguiram equilibrar o efeito de desfoque no modo retrato e preservaram a fidelidade de cores, desde que o ambiente estivesse bem iluminado.
Hardware, desempenho e bateria
Os dois aparelhos se enquadram na categoria de intermediário premium. E por esse motivo, as especificações são medianas. No caso do Realme 7, temos um Helio G95 octa-core da MediaTek com 8 GB de memória RAM. O 7 Pro, por sua vez, roda o Snapdragon 720G octa-core, também com 8 GB de RAM. No armazenamento interno, os dispositivos possuem 128 GB, podendo ampliar essa capacidade para até 256 GB via cartão microSD.
Com essas características, os telefones da Realme podem ser ótimas opções para tarefas básicas – abrir apps, criar lembretes, navegar na internet -, mas principalmente para quem gosta de jogar pelo celular. Eu testei o clássico Asphalt 9: Legends, um jogo mobile bem pesado, rodando os gráficos no máximo por cerca de 20 minutos, em três ou quatro momentos do meu dia. E mesmo assim não me deparei com travamentos, nem com a traseira esquentando muito. O máximo que me aconteceu foram quedas pontuais nas taxas de frames, mas sem atrapalhar o gameplay.
Bateria é outro ponto de destaque no Realme 7 e do 7 Pro, variando entre 4.500 mAh e 5.000 mAh, respectivamente. Elas fazem com que o smartphone não precise de uma nova recarga por cerca de um dia e meio, mesmo com uso intenso. Rodando cinco horas seguidas de séries na Netflix com o brilho da tela no máximo, usando alguns dos meus apps favoritos (WhatsApp, Instagram, Notion, Discord) esporadicamente e ouvindo três horas seguidas de músicas no Apple Music pelo alto-falante, a bateria nos dispositivos caiu de 100% para 32% (Realme 7) e 39% (7 Pro).
Eu liguei os aparelhos nessas condições às 10h00 e finalizando os testes por volta das 23h00. E os resultados são ótimos, em especial para quem não quer ficar sem bateria por longos períodos de tempo.
A Realme ainda inclui na caixa do Realme 7 um carregador Dart Charge de 30 Watts de potência, o que também é excelente e garante uma carga completa em pouco mais de 1 hora. O 7 Pro vai além e traz o carregador SuperDart, com impressionantes 65 W e reduz pela metade o tempo de recarga do zero a 100%.
Realme 7 e Realme 7 Pro: qual vale mais a pena?
A Realme pode ter chegado ao Brasil sem fazer muito burburinho, mas as opções disponíveis hoje apostam na consistência. Não é nada muito diferente do que você encontra no mercado na categoria de intermediários premium, porém mas com alguns diferenciais: a construção e o design certeiros (a traseira é bem bonita mesmo), as ótimas capacidades de bateria e suas velocidades de recarga, o sistema operacional com interface mais limpa e o hardware que se dá bem em tarefas mais básicas e jogos um pouco pesados.
Mas sinceramente? Se for para te indicar um, eu sugiro partir para o Realme 7. Ele perde em alguns aspectos, como na tela LCD e nas câmeras traseiras. Mas, no geral, compartilha praticamente as mesmas características do modelo 7 Pro, com a vantagem de custar R$ 500 a menos. Se mesmo assim você está na dúvida, vale dar uma pesquisada em concorrentes como o Galaxy M51 e o Motorola G9 Power, que oferecem especificações um pouco mais robustas e por um preço mais em conta.
Pode ser também que você olhe com uma certa desconfiança para os aparelhos da Realme. Afinal, trata-se de uma marca nova no Brasil, que chega para competir com gigantes que já estão estabelecidas, entre elas Motorola, LG e Samsung. Essas, aliás, são miradas pela própria Realme como suas principais rivais no País. E eu estou curioso para ver aonde essa empresa jovem vai chegar por aqui.