O Galaxy A6+ chegou às lojas brasileiras no mês de junho, custando R$ 2.099. Era um preço bem caro. Meses depois, ele já pode ser encontrado ali perto dos R$ 1.400, o que coloca ele em um patamar mais competitivo.
Com boas especificações e alguns truques de software e recursos de hardware interessantes, o intermediário parece ser uma boa alternativa para quem procura um celular bacana mas não quer gastar muito. Nós testamos o Galaxy A6+ (ou A6 Plus, como algumas lojas preferem chamá-lo) ao longo de algumas boas semanas e contamos para você o que achamos dele.
Design
O Samsung Galaxy A6+ é bem grandinho, mas cabe bem na mão. Ele tem uma tela de 6 polegadas em proporção mais alongada, 18,5:9, que ocupa grande parte da frente do aparelho. Vale lembrar que seu irmão de tela menor, o Galaxy A6, não foi lançado por aqui. As bordas laterais não são muito espessas (mas estão lá) e há um pouco de sobra acima do visor, onde ficam a câmera frontal, os sensores e o alto-falante telefônico, e abaixo, onde não há nada, mas tudo bem, a simetria dá uma sensação de equilíbrio. Felizmente, o bom senso continua imperando na Samsung e ninguém adotou nenhum recorte na tela. Ah, os cantos do display são arredondados, o que dá um charme especial.
Os botões seguem o esquema clássico da marca coreana. Volume na esquerda, desligar/bloquear na direita. Facilita na hora de tirar screenshots da tela. Um pouco acima do botão de desligar, aliás, fica o alto-falante do aparelho. É uma péssima localização. Sempre que vou ver um vídeo, eu costumo colocar o polegar na lateral do celular. No caso do Galaxy A6+, meu dedo tampava justamente a saída de som. Claro, eu acabei me acostumando a apoiar meu dedo mais para baixo, acima do próprio botão, mas foram alguns momentos de confusão até eu perder meu hábito.
Na parte de baixo do telefone, ficam a saída microUSB (o padrão antigo, mesmo; nada de USB-C, infelizmente) e a saída P2 para fones de ouvido (ainda bem!).
A traseira do aparelho é de metal, com um revestimento fosco que acaba pegando bastante as famosas marcas de dedo. No meio fica o nome da marca coreana, escrito em material espelhado, mas ele não parece ser muito durável — em um mês de uso, o A e o U do “Samsung” caíram e eu nem vi onde nem quando isso aconteceu.
Ainda nas costas do aparelho, um pouco mais para cima, reside o leitor de impressões digitais. Ele é pequeno, mas bastante eficiente na hora de reconhecer o dedo do usuário. Sua localização é boa: fica ao alcance do indicador mas não tão embaixo que cause desbloqueios acidentais. Poderia ser melhor, se a câmera ficasse um pouco mais para cima — onde está, você acaba metendo o dedo nela e sujando a lente.
No geral, o aparelho fica bem na mão. Por não ser muito largo, dá para digitar deslizando o polegar muito bem e alcançar grande parte da tela sem malabarismos. Por ter uma carcaça de metal, ele é um pouco pesado, mas nada que incomode — ao contrário, dá até uma sensação de solidez e resistência maior. E, na minha humilde opinião, ele até que é bem bonitinho.
Usando
Meu histórico com a Samsung não era dos melhores. Um dos meus primeiros smartphones foi o Samsung S II Lite, lá no ano de 2013, e a TouchWiz, interface da marca para o Android, era uma das coisas que mais me incomodavam no aparelho. Lembro de ter testado um Galaxy S5 Mini e ter tido esta mesma queixa.
Felizmente, as coisas mudaram. Meu pai tem um Galaxy J2 Prime e, entre uma e outra mexida no celular para resolver alguma questão para ele, vi que a Samsung tinha melhorado muito em software. Minha experiência com o Galaxy A6+ confirma essa impressão. Ou seja: se você só usou Samsung há muito tempo, esqueça a TouchWiz, deixe seu preconceito de lado.
A interface da Samsung agora se chama Samsung Experience e ela é bem boa. Visualmente, ela é bastante consistente e faz bom uso do branco e do azul — nada parecido com aquela colcha de retalhos que era a TouchWiz. Ela também é bem completa — até os botões de ações rápidas que aparecem embaixo de cada notificação foram alterados para uma fonte mais espessa, por exemplo.
Há opções bem bacanas para personalizar o visual e a usabilidade. Você pode, por exemplo, mudar a quantidade de atalhos que aparecem nas configurações rápidas e alterar a transparência das notificações na tela de bloqueio. É uma firula, mas é o tipo de coisa que eu gosto de poder mexer no meu smartphone.
O problema é que, por vezes, ela é meio confusa. Quando você começa a usar o celular, a cada coisa que você vai fazer, aparece uma janelinha com explicações e perguntas , e nem sempre é uma explicação clara ou uma pergunta que dê para entender o que acontece ao certo com cada opção. Aí o jeito é escolher qualquer coisa e tentar mudar depois caso o comportamento não esteja do seu gosto.
A Samsung Experience também traz recursos bastante interessantes — eu poderia ficar escrevendo por horas e horas sobre cada um deles, mas vou focar nos que achei mais úteis.
Um dos meus preferidos, apesar de não ser exatamente uma novidade, é o Always On Display, que deixa a tela ligada todo o tempo com um relógio e ícones de notificações. Como o display é AMOLED, isso não significa um gasto muito maior de energia, e você passa a poder ver rapidamente as horas e o que foi que apitou no seu aparelho, sem precisar apertar nenhum botão, só bater o olho no celular sobre a mesa ou tirá-lo do bolso. Infelizmente, não dá para expandir notificações, como no Moto Tela.
Também dá para ocultar a barra de navegação, em que ficam os botões virtuais (voltar, multitarefas e início), e conseguir um espacinho a mais na tela para ver os apps. Para fazer a barra aparecer, é só dar uma passar o dedo para cima na borda inferior. A precisão não é das melhores — eu acabei clicando em algumas coisas sem querer ao fazer isso — mas até que funciona.
Outro recurso bacana é que dá para abrir apps em janelas e colocá-los para rodar por cima de outro app. Ou melhor, seria bacana se funcionasse bem — nas vezes que tentei, o smartphone ficava bem lento, apesar dos 4 GB de RAM do aparelho e do processador octa-core de 1,8 GHz. No entanto, dá para quebrar um galho dependendo do que você quer fazer. Abrir a calculadora em uma janela por cima do app do banco para fazer umas somas, por exemplo, é bem possível e prático.
Nem tudo ficou bom, obviamente. A Samsung mexeu no modo Não Perturbe. Acho que a ideia era deixar a coisa toda mais simples, já que tiraram o acesso rápido às três opções que o Android puro têm (Silêncio Total, Somente Alarmes e Somente Prioridade). Você pode configurar isso lá nos ajustes, entrando no menu Som e Vibração e depois em Não Perturbar.
O problema é que tiraram também aquele reloginho para desativar o modo depois de um tempo. Eu estou bastante acostumado a usá-lo — antes de uma consulta médica, por exemplo, eu ativo o Não Perturbe do meu celular e já coloco ele para voltar ao normal depois de meia hora ou uma hora, para eu não ficar sem notificações. No Galaxy A6+, não dá para fazer isso, infelizmente.
Tirando esse porém, aliás, o desempenho é bem bom. Não notei engasgos de qualquer tipo nas semanas que usei o Galaxy A6+, e dá para alternar entre um app e outro sem que o sistema feche um dos dois e você perca o que estava fazendo. Jogos casuais, como Super Mario Run, funcionam bem.
O lado ruim da Samsung Experience, porém, é o bloatware. Ele continua vindo aos montes. Além dos típicos apps do Google, ele vem com algumas coisas da Samsung, como Smart Things, Samsung Health, um navegador e um cliente de e-mail, que podem ser desinstalados, e um pacote da Microsoft, com Excel, PowerPoint, Word, OneDrive e LinkedIn, que só podem ser desativados. Pelo menos o Galaxy A6+ tem 64 GB de armazenamento, dos quais 54 GB ficam disponíveis para o usuário, espaço mais que aceitável para instalar vários apps, tirar fotos e baixar músicas. O aparelho também conta com entrada para cartão microSD separada das duas entradas chips de operadora.
Um ponto positivo no quesito conectividade no Galaxy A6+ é o fato de ele ter NFC. Graças a ele, dá para usar apps de pagamentos como Samsung Pay e Google Pay — eu testei o primeiro e ele funcionou a contento. O NFC também tem outras utilidades, claro, como conferir o saldo do Bilhete Único (o de São Paulo, pelo menos) e facilitar conexões a outros aparelhos que também têm suporte a essa conectividade. Ele não tem, porém, o MST, padrão proprietário da Samsung que promete fazer pagamentos em qualquer tipo de maquininha de cartão.
A bateria tem capacidade para 3.500 mAh, um pouco acima do que estamos acostumados a ver nessa categoria de smartphones. Para mim, isso foi suficiente para manter o aparelho funcionando durante o dia todo, com uso intenso de redes sociais e streaming de música por mais de uma hora. Chegando em casa, eu ainda tinha bateria para aguentar até as primeiras horas da madrugada.
A Samsung Experience ainda oferece dois modos de economia de bateria, um médio e outro máximo, para quem quer mais tempo longe da tomada. O médio é bastante configurável, como tudo da interface: você pode escolher desligar o uso de dados em segundo plano, limitar a velocidade do processador e reduzir o brilho da tela em 5% ou 10%.
Essas mesmas opções também estão disponíveis no modo de economia máximo — a diferença é que ele desabilita praticamente todos os aplicativos do celular, com exceção de alguns básicos, como navegador, SMS, Facebook, WhatsApp e Google Maps, entre outros. Pode ser um recurso interessante para casos extremos.
O carregamento, por outro lado, é bastante lento. Com o carregador que acompanha o celular e colocando o aparelho na tomada ali entre os 10% e 20%, leva cerca de 2h30 para encher a bateria. É melhor abastecer à noite, enquanto você dorme, para não ser pego de surpresa no dia seguinte, pois recarregar às pressas simplesmente não é possível.
Câmera
O Galaxy A6+ conta com uma câmera dupla nas costas do aparelho. São dois sensores, um principal de 16 megapixels, com abertura f/1.7, e um auxiliar de apenas 5 megapixels, com f/1.9, usado no modo retrato para desfocar o fundo e oferecer mais opções de controle de profundidade de campo.
De modo geral, as imagens são boas. Com boa luminosidade, as fotos saem bem bonitas, apesar de alguma tendência a saturar demais as cores e ressaltar excessivamente o contraste. O software da Samsung parece calibrado para impressionar e não para ser fiel ao assunto da fotografia. Tirando isso, os 16 megapixels garantem ótimo nível de detalhes.
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Com pouca luz, o resultado é mais inconsistente. A boa abertura da lente até consegue trazer bastante luz para o sensor e fazer uma imagem possível de entender, mas não chega a ficar uma fotografia bonita, pois há muito ruído. O obturador fica bastante tempo aberto para tentar compensar a falta de luminosidade, o que causa alguns tremores. Mesmo se você usar o controle manual de exposição e preferir uma imagem subexposta, o resultado deixa a desejar.
A interface do software, aliás, não me agradou. Os modos avançados de fotografia ficam escondidos — você precisa deslizar o dedo da esquerda para a direita para acessá-los, mas não há nenhuma indicação para isso. O controle de foco tocando em regiões da imagem também não é muito preciso, e o controle deslizante de exposição às vezes não responde ao que você deseja, e mesmo quando responde, perde a configuração em alguns segundos. Tirar uma foto boa, às vezes, é uma luta contra o app da câmera.
Conclusão
Escrever reviews de smartphones é uma atividade curiosa. Às vezes eu pego para testar celulares excelentes, que eu adoro, mas que jamais pagaria o que custam. Às vezes eu pego alguns baratos que não atendem o que eu espero de um smartphone. E, por fim, às vezes eu pego alguns que estão justamente dentro do que eu procuro em um celular, tanto em termos de recursos quanto em termos de preço, que foi o caso deste Samsung Galaxy A6+.
Nessas semanas em que ele ficou comigo, eu chequei o preço algumas vezes — ele esteve entre R$ 1.350 e R$ 1.500. É um valor que eu acho até aceitável para um celular. E, se eu tivesse pagado isso em um Galaxy A6+, eu estaria satisfeito com o produto. Ele tem desempenho consistente, não trava, tem várias firulas de software que me agradam, tem espaço suficiente para baixar minhas músicas do Spotify. No entanto, eu teria ficado um pouco desapontado com a câmera, embora tenha total noção de que provavelmente só ficaria satisfeito com a de um topo de linha, cujo preço eu não estou disposto a pagar.
Nessa faixa de preço, entretanto, a concorrência é bastante acirrada. Você pode escolher um Moto G6 ou um Moto G6 Plus, se preferir um Android mais puro. Quer câmera para selfie? O Zenfone 5 Selfie, da Asus, tem duas. A empresa taiwanesa também tem um telefone de bateria gigante, o Zenfone Max Pro. E, se você não se importar com um aparelho mais antigo, o Zenfone 3 Zoom (rebatizado de Zenfone Zoom S) oferece uma câmera com lente com zoom óptico, coisa que poucos aparelhos no mercado têm.
Se você escolher o Samsung Galaxy A6+, provavelmente vai ficar bastante satisfeito, mas não poderá contar com nenhum dessas características dos concorrentes que listei acima. Talvez falte isso para ele: uma arma secreta, um diferencial, uma carta na manga. Ele é ótimo, mas falta alguma coisinha para ser o melhor.
Especificações técnicas
Tela: Super AMOLED de 6 polegadas com resolução de 1080 x 2220 pixels
Processador: Qualcomm Snapdragon 450 (octa-core 1,8 GHz)
GPU: Adreno 506
RAM: 4 GB
Armazenamento: 64 GB (expansível com cartão microSD de até 512 GB)
Câmera traseira: 16 MP + 5 MP, f/1.7 e f/1.9, autofoco e flash LED
Câmera frontal: 24 MP, f/1.9, flash LED
Bateria: 3.500 mAh (não removível)
Sistema operacional: Android 8.0.0 Oreo
Dimensões: 160.2 x 75.7 x 7.9 mm (altura x largura x profundidade)
Peso: 191 g
Créditos das fotos do aparelho: Alessandro Feitosa Jr./Gizmodo Brasil
Créditos das fotos tiradas usando a câmera do smartphone: Giovanni Santa Rosa/Gizmodo Brasil