[Review] Samsung The Frame 2021: TV QLED quer ser obra de arte, mas ainda está presa no passado

Com a proposta se transformar a TV em uma peça decorativa, produto não acompanha atualizações tecnológicas de outros modelos da Samsung.
Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil
Imagens: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

Na visão da Samsung, o televisor também pode ser uma obra de arte. E isso se traduz na linha The Frame, que agora em 2021 ganhou uma atualização para acompanhar os recentes da lançamentos da marca para o mercado de TVs. A proposta é justamente transformar o aparelho em uma peça decorativa, o que fica perceptível desde os primeiros instantes fora da caixa.

Além de contar com um design finíssimo, as bordas podem ser customizadas com peças que simulam a moldura de um quadro. O dispositivo ainda pode ser colocado em um suporte no gap, garantindo que ele fique bem rente à parede, sem nenhum calombo na parte traseira. Para completar, o televisor vem com uma loja para adquirir obras de arte que ficam como plano de fundo na TV — obras estas selecionadas por uma curadoria especializada de profissionais.

Participar dessa brincadeira não sai barato. Em modelos de 43, 50, 55 e 65 polegadas, a nova The Frame pode custar até R$ 10.499. Será que vale o investimento? Neste review eu te conto minha experiência com o aparelho na versão de 55”.

Samsung The Frame 2021

Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

O que é
Uma TV QLED com molduras personalizadas e Modo Arte, para servir também como objeto de decoração

Preço
Sugerido: R$ 7.499 (55 polegadas). No varejo: em média, R$ 6.899

Gostei
Brilho e contraste muito equilibrados; acabamento premium e bordas finas; Modo Arte tem obras bonitas e variadas; caixa One Connect que centraliza todos os cabos; Tizen OS, enfim, virou uma opção aceitável

Não gostei
Ainda usa o QLED do ano passado; molduras personalizadas são caras; 120 Hz só nos modelos de 55 e 65 polegadas; potência sonora é medíocre

Design, conexões e controle remoto

Por se apresentar como uma TV que também funciona como uma peça de decoração para a sua sala de estar, a Samsung manteve os principais elementos da geração passada que tornaram a The Frame no que ela se propõe. O design é 50% mais fino que na The Frame 2020, com apenas 2,5 centímetros de espessura, e o suporte agora vem no padrão no gap, o que significa que o televisor fica ainda mais rente à parede, justamente para passar a impressão de se tratar de um quadro quando olhado mais de longe. Você tem a opção de usá-lo com dois pés que acompanham o produto e podem ser regulados em dois níveis de altura. A princípio, eles não passam muita firmeza, mas no final os dois suportes de base não deixam a TV balançando.

A The Frame por si só já tem uma moldura bem bonita em um aço escovado na cor chumbo. Porém, a graça é usar molduras destacáveis que ficam nas quatro extremidades do aparelho, simulando, de fato, uma obra de arte. O encaixe é bem simples e funciona numa espécie de sistema magnético — é só aproximar a moldura da borda para ele se grudar. Por padrão, a caixa da TV inclui uma de cinco opções disponíveis, podendo ser nos tons bege, marrom escuro, branco, alumínio e terracota. Se quiser adquirir uma borda adicional, cada uma sairá a partir de R$ 399, pois são vendidas separadamente.

Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

Pensando no minimalismo, a The Frame 2021 mantém o hub One Connect. Trata-se de uma caixa que abriga todas as conexões que você encontraria no televisor em si, incluindo quatro entradas HDMI, duas USB, uma Ethernet, uma entrada AV para antena, uma saída de áudio digital óptica e a conexão para o cabo de energia que vai na tomada. A caixa em si tem um design espelhado que aumenta esse ar elegante do produto. E como a TV só é ligada ao One Connect porém único fio, fica mais fácil de esconder os cabos adicionais que seriam conectados se a The Frame fosse uma TV mais tradicional. Só acho que o cabo de energia poderia ser maior.

Ainda no quesito conectividade, a The Frame é compatível com Bluetooth 4.2 e redes Wi-Fi de 2.4 ou 5 GHz. Logo, você pode usar fones de ouvido, caixas de som e outros acessórios que funcionem com algum desses formatos.

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A nova The Frame é controlada pelo Solar Cell, novo controle remoto das TVs da Samsung que tem como diferencial o fato de não utilizar pilhas. A recarga é feita usando luz, seja ela artificial ou solar, por meio de um pequeno painel na parte traseira do acessório. Se preferir, é possível usar um cabo USB-C conectado para realizar a recarga, uma vez que não tem como prever a quantas anda a autonomia. Ainda nessa pegada sustentável, a Samsung diz que o controle foi fabricado com 24% de materiais reciclados.

Para a versão brasileira da The Frame e dos outros televisores da fabricante, o controle mantém os botões de acesso rápido ao Amazon Prime Video, Globoplay e Netflix, além de opções para controlar a TV por voz usando Alexa, Bixby ou Google Assistente. É pelo controle que você pode ativar o Modo Arte, que exibe um dos quadros disponíveis na galeria virtual do sistema da TV. Neste caso, basta apertar e segurar o botão de liga/desliga no topo por dois segundos e aguardar até que a tela mostre a gravura.

Tela e qualidade de imagem

A The Frame 2021 é uma TV 4K com tecnologia QLED, que é o padrão de pontos quânticos adotados pela Samsung e um dos rivais do OLED. Nos meus testes, o contraste foi o que mais me surpreendeu, com preto até que bem intenso— o que é curioso, já que o televisor não conta com local dimming. A TV ficou em um cômodo mais fechado aqui de casa que não entra muita luz, então acho que isso contribuiu para potencializar esse efeito. Com ajuda do HDR 10+, as cores ficaram mais vivas em séries e filmes com fundo mais colorido, em especial aquelas com bastante azul e vermelho, duas das cores que mais se destacaram.

Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

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Só que é aquela coisa que eu já disse em outras análises de TVs aqui no Gizmodo Brasil e repito: o QLED é uma solução excelente que tem melhorado a cada ano, principalmente no que diz respeito aos níveis de preto — sem contar o risco de burn-in, que é inexistente nesses modelos. Porém, a tecnologia não apresenta os mesmos volumes de cor de um painel OLED, e essa diferença é perceptível ao assistir um mesmo conteúdo em TVs com os dois formatos. Lembrando que a The Frame 2021 usa o mesmo QLED da geração passada.

O brilho, por sua vez, é similar à The Frame do ano passado. E isso é bom, porque o dispositivo apresentou um brilho equilibrado, mesmo com a incidência de luz do sol. Em contrapartida, eu notei que o brilho começa a prejudicar a visão se você não estiver sentado exatamente de frente para a TV. Ao assistir pelas laterais ou em pé, fica nítido que o ângulo de visão sai prejudicado, com áreas mais brilhantes por todo o painel. Talvez isso aconteça pelo fato da tela QLED da The Frame ser fosca (para toda aquela sensação de parecer um quadro), e não espelhada, como acontece em outros modelos de TV da Samsung.

Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

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Eu testei a The Frame 2021 com alguns jogos de PlayStation 5, e o resultado me agradou bastante. A taxa de atualização do televisor é de 120 Hz, e mesmo não tendo suporte para tecnologias como AMD FreeSync e Nidia G-Sync, eu consegui jogar alguns títulos no modo multiplayer online travados nessa taxa, o que garantiu maior fluidez de movimentação nos cenários. Ah, uma informação importante: somente os modelos de 55 e 65 polegadas possuem 120 Hz; nas versões menores, de 43 e 50 polegadas, a taxa de atualização é de 60 Hz.

Qualidade de som

A versão de 55 polegadas da The Frame 2021 possui 40 W de potência. E por mais que eu tenha achado os sons balanceados na maior parte da minha experiência, é inegável que, por mais um ano, os alto-falantes desta linha de televisores continuam decepcionantes. O som não é muito envolvente, com graves que em nada se destacam mesmo em níveis mais altos de volume. Também reparei que os médios às vezes podem apresentar ruídos e distorções. Para completar, a nova The Frame não tem suporte para Dolby Atmos.

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Software e recursos de TV

A The Frame 2021 roda o Tizen OS em sua última grande atualização, aquela que foi lançada no ano passado. Particularmente, eu ainda prefiro o webOS das TVs da LG, porém o sistema da Samsung está alcançando a concorrência. Hoje, o Tizen é bem mais fácil de navegar, funcional e e personalizado de acordo com os aplicativos que você mais acessa no televisor. A interface está mais limpa e amigável, com uma excelente oferta de aplicativos, incluindo os já citados Globoplay, Netflix e Amazon Prime Video. Há ainda YouTube, Telecine, Apple TV+, Disney+, entre outros.

Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

Por falar em apps, a The Frame 2021 inclui os já conhecido Modo Ambiente, agora em sua versão 4.0. Ela é uma opção mais viável ao Modo Arte, já que exibe imagens mais simples e sem custo adicional. Outros recursos presentes no aparelho são a Game Bar, que mostra algumas configurações específicas para melhorar sua experiência enquanto joga videogame; o uso de comandos de voz para controlar a TV, seja por Bixby, Alexa ou Google Assistente; e o modo Multi Tela, para dividir a tela em algumas opções — duas do mesmo tamanho, uma maior do que a outra, ou uma em cima da outra no modo picture-in-picture.

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Mas, sem dúvida, o grande atrativo da The Frame 2021 é o seu Modo Arte que, em conjunto com as molduras personalizadas que eu citei lá no início do review, transformam a TV em uma obra de arte. De acordo com a Samsung, esse modo faz com que a TV gaste até 70% menos energia do que se estivesse ligada, então acaba que o consumo não fica exagerado mesmo se você deixar o aparelho “ligado” a maior parte do tempo como um quadro decorativo.

Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

O Modo Arte também se diferencia do Modo Ambiente porque todas as obras inclusas na loja digital da TV são assinadas por artistas, além de passarem por uma curadoria especializada de artistas e até museus. Você tem a opção de pesquisar por telas a partir de estiloso, cores ou pelos autores das pinturas. Por todo esse suporte mais detalhado, a Samsung cobra um preço: cada obra pode ser adquirida individualmente por uma média de R$ 60. Se preferir, você pode assinar um plano mensal de R$ 16 para ter acesso a todas as gravuras, pois a loja tem a promessa de ser atualizada periodicamente. O primeiro mês de assinatura é gratuito.

Vale a pena?

Se compararmos a nova The Frame com a linha de televisores da Samsung para 2021, eu diria que os únicos diferenciais que você vai encontrar nela são as molduras destacáveis e o Modo Arte. É um produto que não chega com a assinatura da linha The Serif, que eleva ainda mais essa proposta de tornar a TV em um item decorativo, mas brinca com a possibilidade de usar o aparelho como um quadro na sala de estar. Funciona? Sim. Porém nem todo mundo vai comprar um televisor só por causa disso.

O QLED da The Frame 2021 é bom, trazendo um controle equilibrado de brilho e contraste. Por outro lado, como esta TV faz parte do novo line-up da Samsung, o mínimo esperado era que o dispositivo, que entra na categoria premium, também viesse com o Neo QLED, que ajuda a minimizar os problemas de vazamento de luz e tons cinzas em fundos mais escuros. No final das contas, o aparelho acaba por ficar preso ao passado.

Imagem: Caio Carvalho/Gizmodo Brasil

O preço também não ajuda muito. O modelo que eu testei de 55 polegadas custa oficialmente R$ 7.499, e até a publicação deste review, eu encontrei preços na casa dos R$ 6.800. Eu compraria a The Frame 2021? Só se eu tivesse certeza que as molduras e as obras do Modo Arte funcionassem com a decoração do resto da minha sala. Caso o contrário, eu usaria esse mesmo valor para investir em uma Neo QLED ou em uma TV OLED.

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