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[Review] Asus Zenfone 2: um monstro de 4GB de RAM a um preço acessível

Depois de um período de testes com o novo Asus Zenfone 2, saiba o que achamos do novo smartphone que a empresa está lançando no Brasil.

A Asus começou a vender smartphones no Brasil em 2014, quando lançou os ótimos Zenfone 5 e 6 no país a preços bastante competitivos. Mas esses eram smartphones de entrada. A Asus pode fazer melhor do que isso. E fez com o Zenfone 2, que foi lançado na semana passada no Brasil. Anunciado no começo do ano, ele é um pequeno monstro com 4GB de RAM e que chega com um preço bastante competitivo.

Mas vamos deixar as coisas bem claras: o Zenfone 2 ainda não é um topo de linha para bater de frente com Galaxy S e iPhone. Ele está mais para um “intermediário premium”, algo como um Moto X. O que é excelente, considerando que o resultado final é um smartphone com desempenho incrível e o preço dele está de acordo com o que a Motorola vem praticando em seu principal smartphone.

O que é

Um smartphone Android com tela de 5,5 polegadas IPS Full-HD (403 ppi) que vem com processador de Intel Atom 2,3 GHz e 4GB de RAM. Ele vem em dois tipos – 16GB de armazenamento interno ou 32GB. Sua câmera frontal tem 5 megapixels, enquanto a traseira tem 13 megapixels. Ele roda a ZenUI, a versão do Android modificada pela Asus.

Para quem é

Para quem busca um smartphone excelente que não custe alguns órgãos do seu corpo. E também para quem quer um aparelho com ótimo desempenho com duas entradas de chip (o Zenfone 2 é dual sim!). Para quem busca uma alternativa ao Moto X, também.

Design

O Zenfone 2 não é muito diferente de outros smartphones Android que estão no mercado, nem do Zenfone 5 lançado no ano passado. Na parte frontal, uma tela enorme com uma moldura bastante grande. Os botões de sistema do Android são capacitivos e não são iluminados.

Por fora, é um aparelho muito bonito e bem acabado. Seu design, como eu disse antes, tem elementos muito comuns ao Android, como a traseira curvada que ajuda a dar uma boa pegada ao aparelho. A traseira, aliás, imita aço escovado como é de costume em produtos da Asus em geral, e dá um ar bem bacana ao dispositivo. Por dentro ele pode não ser, mas por fora a impressão que ele passa é, definitivamente, de um produto premium.

Mas nem todas as decisões de design industrial da Asus foram boas no Zenfone 2. O posicionamento dos botões de ligar/desligar e de volume, por exemplo, são, no mínimo, estranhos. No caso do volume a situação não é tão feia. Os botões estão na traseira do aparelho, logo abaixo da câmera. Mais ou menos como faz a LG com seus smartphones. É questão de costume não buscar o volume na lateral do aparelho, e sim na traseira. Com o dispositivo em mãos, é bem fácil alcançar esses botões, já que naturalmente posiciono meus dedos na traseira do smartphone.

O botão de ligar/desligar, por sua vez, é um desastre. Ele é mal posicionado. Ele é duro. Não, não, ele é muito mal posicionado. Em vez de colocar o botão na lateral, a Asus moveu ele para a parte de cima do Zenfone 2. Em um aparelho com tela de 5,5 polegadas! A não ser que suas mãos sejam gigantes, é impossível que seu dedo chegue ao botão com facilidade. Isso atrapalha muito. Ele também é duro de ser apertado, portanto, além de todo o trabalho que você vai ter para alcançá-lo, é preciso medir a força para conseguir pressioná-lo. Por sorte, truques de software da Asus deram um jeito nisso, mas entro em detalhes sobre isso em seguida.

Usando

Seguindo o que fez com o Zenfone 5, a Asus preparou uma personalização imensa para o Android. Num primeiro momento, ele não lembra tanto o sistema do Google visualmente, apesar de ser possível notar as características do Android no aparelho.

Ícones e identificação visual como um todo são diferentes do que o Google oferece. Os ícones de configurações, por exemplo, são arredondados. Na bandeja de configurações rápidas, você pode substituir quais são os ícones que lá aparecem. Personalização, aliás, é uma das características da ZenUI, que também permite a troca de temas, fontes, e muito mais.

Entendo que a Asus tentou facilitar ao máximo o uso do aparelho para seus usuários. O problema é que, para isso, ela acabou enfiando uma quantidade assustadora de bloatware. Se tem uma coisa que o Zenfone 2 não economiza é na quantidade de apps instalados. São mais de 30 só entre os que levam o nome “Asus”. Isso inclui coisas básicas, como navegador de internet, discador próprio e cliente de email, a coisas bastante desnecessárias, como um app “Espelho” que tem como única função ativar a sua câmera frontal, ou o “Lanterna”, que liga o flash do dispositivo para ele ser usado como câmera.

Se por um lado a ZenUI está cheia de bloatware e isso incomoda um pouco, outras modificações feitas pela Asus são muito bem vindas, especialmente em relação à usabilidade. Como disse antes, o Zenfone 2 tem um problema gravíssimo de posicionamento de botão. Isso é solucionado com um gesto bem simples: dê dois toques rápidos na tela para ela acender (ou apagar). Isso funcionou sempre e sempre muito bem, a tela não demorava a acender e, com o conhecimento desse gesto, minha relação com o Zenfone 2 melhorou consideravelmente. Considero essa posição do botão tão ruim que diria que é praticamente impossível ficar com um Zenfone 2 sem ter alguma outra forma de acender a tela.

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Gestos na tela, aliás, são uma característica forte do Zenfone 2: você também pode desenhar um C na tela desligada, por exemplo, para ativar imediatamente a câmera, entre outras coisas. E esses gestos são personalizáveis – você pode trocar a câmera por outro app, ou escolher alguma outra letra para desenhar na tela e ativar algum outro aplicativo. É bem prático e funcional. É o tipo de modificação que é sempre bem-vinda. A tentativa de facilitar a vida do usuário é algo que nós gostamos. Mas enfiar um monte de bloatware não.

Em relação ao desempenho, não tenho absolutamente nenhuma crítica ao Zenfone 2. Afinal, 4GB de RAM! Ele aguenta muito app aberto e você pode saltar de um para o outro sem se preocupar com algum deles perdendo o estado que você deixou ao sair dele. Seu processador Intel Atom não bate de frente com Snapdragons por aí, mas a perda de desempenho não é lá muito sentida. É um smartphone bastante rápido e que não engasga fácil.

A bateria de 3.000 mAh não tem absolutamente nada demais. Ela dura mais ou menos o que se espera de smartphones hoje em dia. Saia com ele carregado pela manhã e chegue em casa com um restinho de bateria. Nada de especial em duração, mas em tempo de recarga a história é outra. O Zenfone 2 acompanha um carregador turbo, um acessório que felizmente vem se tornando cada vez mais comum. Um desses carregadores faz a bateria do seu smartphone voltar à vida com uma rapidez impressionante. Deixe coisa de 30 minutos na tomada e seu Zenfone 2 já fica com 50% de bateria, mais ou menos. É o tipo de tecnologia que muda a sua vida: desde que comecei a usar um Moto Maxx com carregador turbo, não consigo mais aceitar que existe uma vida sem ele.

Câmera

A câmera traseira do Zenfone 2 tem 13 megapixels e tira boas fotos. Não excelentes, mas elas são boas o suficiente para que ele seja uma câmera competente no seu bolso. O aplicativo de câmera da Asus adiciona alguns recursos bem úteis e alguns um pouco questionáveis – seguindo o padrão da ZenUI como um todo.

O modo manual, por exemplo, coloca um monte de informação na sua tela — mas não é fácil se encontrar em meio a tanta coisa — e os interessados em tirar fotos configurando manualmente a câmera vão se sair bem com ela. Já alguns recursos, como o Embelezamento, têm funções um pouco mais… questionáveis. Ele dá alguns retoques em rostos que aparecem em uma foto. É como se você aplicasse um filtro de maquiagem às pessoas que vão aparecer na foto. É… estranho.

No geral, não é uma câmera que chega a impressionar, mas também não é um ponto fraco do Zenfone 2.

Vale a pena?

Sim! O Zenfone 2 custa a partir de R$ 1.299 em seu modelo de 16 GB, e eu duvido que você encontre algum smartphone na mesma faixa de preço com um desempenho tão bom e com 4GB de RAM (o que faz muita a diferença na multitarefa). É um smartphone quase high-end, e que não deixa a desejar quando comparado diretamente com os bam-bam-bam do mercado. Por R$ 1.499, você não só tem um aparelho com 4GB de RAM como também ganha o dobro de armazenamento – e lembrando que o Zenfone 2 também tem entrada de cartão micro-SD.

Por mais que ele tropece em algumas coisas – excesso de bloatware e principalmente a posição terrível do botão power – é difícil não enxergar a beleza e as qualidades do Zenfone 2. Se em 2014 a Asus acertou em cheio ao trazer um smartphone de baixo custo e ótimo desempenho, agora ela repetiu o feito com um aparelho mais robusto.

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