Mudanças bruscas no tempo marcaram os últimos meses em diversas regiões do Brasil. O Rio Grande do Sul enfrentou chuvas intensas, enquanto cidades do Sudeste e Centro-Oeste tiveram altas temperaturas em pleno inverno. Isso pode continuar? Por influência do El Niño, parece que sim.
O que é o Super El Niño?
Um fenômeno natural que torna as águas da região equatorial do Oceano Pacífico mais quentes, o El Niño transforma também a circulação de ar. Isso faz com que ele afete a distribuição de umidade e as temperaturas diversas áreas do planeta.
Desde quando identificaram o fenômeno, o El Niño vem se intensificando, de forma que as águas têm se aquecido mais e mais, gradualmente. Mas a situação atingiu um novo patamar recentemente.
No último boletim da NOAA (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA), a anomalia de temperatura da superfície oceânica nesta região atingiu +1,5ºC. É a primeira vez que o El Niño chega a essa faixa de temperatura em 2023.
A última vez que isso aconteceu foi durante um anterior Super El Niño, em 2016.
Isso é esperado com a chegada da primavera em setembro. No entanto, de acordo com a MetSul Meteorologia, pode indicar a intensificação ao ponto dele se enquadrar como um Super El Niño.
Por enquanto, o fenômeno permanece no nível moderado da escala de intensidade. Mas se o alcance de 1,5ºC se mantiver por várias semanas, ele poderá ser classificado como forte.
Para chegar ao nível de Super El Niño, o aquecimento das águas teria que chegar a +2ºC e ficar neste patamar durante muitas semanas seguidas. Segundo a MetSul, ainda não dá para descartar esse cenário.
Nos litorais do Peru e do Equador, as temperaturas já estão 3,1ºC acima do normal. O pico foi de +3,5ºC no início da segunda quinzena de julho.
O que pode acontecer nos próximos meses?
Em geral, eventos climáticos podem se manifestar com maior intensidade. Sua frequência também tende a aumentar e eles podem ocorrer até mesmo em áreas onde eles habitualmente não aconteciam.
No Brasil, os impactos do El Niño são mais sentidos na região sul. O indício é que os estados sulistas sofram com chuvas acima da média a partir de setembro. Isso pode causar enchentes e temporais mais frequentes.
Já nas regiões Norte e Nordeste, a tendência é que ocorra o contrário. Em vez de excesso de chuva, os estados podem sofrer com a seca.
Por fim, no Centro-Oeste e no Sudeste, as temperaturas podem ficar acima da média, com ondas de calor.