Roteadores Linksys forçam serviço antipornografia e antipirataria a usuários

A Cisco, dona da Linksys, atualizou alguns modelos de roteador com um firmware que obriga o usuário a configurá-los usando o serviço “Connect Cloud”, que permite ajustar funções do roteador em qualquer lugar. Só que os termos do serviço proíbem pornografia e pirataria. As críticas foram tantas que a Cisco voltou atrás – mas não […]

A Cisco, dona da Linksys, atualizou alguns modelos de roteador com um firmware que obriga o usuário a configurá-los usando o serviço “Connect Cloud”, que permite ajustar funções do roteador em qualquer lugar. Só que os termos do serviço proíbem pornografia e pirataria. As críticas foram tantas que a Cisco voltou atrás – mas não totalmente.

O Cisco Connect Cloud apareceu em uma atualização automática no firmware dos modelos Linksys E2700, E3500 e E4500. O serviço elimina a ferramenta tradicional, via 192.168.1.1, para ajustar seu roteador: ele leva você ao site do Connect Cloud, onde você precisa se registrar. Isso é inconveniente, e a opção de ajustar seu roteador em qualquer lugar, via computador ou apps para smartphone, é questionável: roteador é algo que você configura e esquece.

Aí um editor do Ars Technica, afetado pelo problema, resolveu ler os termos de serviço, e encontrou algo medonho ali: ele proíbe pornografia e pirataria.

Você concorda em não usar nem permitir o uso do Serviço: (i) para invadir a privacidade de outros; (ii) para fins obscenos, pornográficos ou ofensivos; (iii) para infringir direitos de outros, incluindo mas não limitado a quaisquer direitos de propriedade intelectual; (iv) para fazer upload, enviar por e-mail ou transmitir ou disponibilizar qualquer publicidade não solicitada ou não autorizada, materiais promocionais, spam, junk mail ou qualquer outra forma de solicitação; (v) para transmitir ou disponibilizar qualquer código ou vírus, ou executar qualquer atividade que possa prejudicar ou interferir com qualquer dispositivo, software, rede ou serviço (incluindo este Serviço); ou (vi) violar ou encorajar qualquer conduta que possa violar qualquer lei ou regulamento aplicável, ou dar origem a responsabilidade civil ou criminal.

O que isto significa? Como esclarece o Ars, isto indica que você seria proibido de usar o serviço na nuvem, mas seu roteador continuaria intacto. Você só poderia configurá-lo se voltasse a um firmware anterior, no entanto.

Estes termos ainda estão lá. E tem mais: o suplemento à declaração de privacidade dizia que o Connect Cloud poderia monitorar e usar seu histórico de navegação.

Quando você usa o Serviço, podemos monitorar determinadas informações relacionadas ao seu uso do Serviço, incluindo mas não limitado a… tráfego de rede (por exemplo, megabytes por hora); histórico da Internet… e outras informações relacionadas (“Outras Informações”). Usamos estas Outras Informações para nos ajudar a responder rápida e eficientemente a consultas e pedidos, e para melhorar ou administrar nosso serviço em geral aos nossos clientes. Podemos também usar estas Outras Informações para análise de tráfego (por exemplo, determinar quando a maioria dos clientes está usando o serviço)…

Depois da reação furiosa dos clientes, a Cisco voltou atrás e removeu o trecho acima. Eles dizem no blog oficial que os roteadores da Linksys “não monitoram nem armazenam qualquer informação pessoal envolvendo o uso da internet pelos clientes”.

Além disso, o Connect Cloud deixou de ser obrigatório: o Ars tentou atualizar um roteador EA3500, e ele não vem mais com o serviço – você continua com as ferramentas de sempre. Se você já instalou o firmware afetado, aqui estão as instruções para voltar à versão anterior.

Claro, se você usar o Connect Cloud, os termos de serviço ainda são antipirataria e antipornografia, então provavelmente os usuários vão deixá-lo de lado. Esta é uma lição em como não forçar a nuvem goela abaixo – vamos ver se a Cisco aprende. [Ars Technica e ExtremeTech; valeu, Eduardo!]

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