Ruínas históricas no México estão ameaçadas por construção ilegal
Um projeto de construção privada ameaça destruir pelo menos 25 estruturas antigas perto das ruínas históricas de Teotihuacán, no México, de acordo com o governo — que está entrando com um processo criminal.
Segundo o Departamento de Cultura, o projeto consiste em um parque de diversões que pretende ser construído nos arredores do sítio arqueológico, que contém diversas pirâmides e era um centro urbano da Mesoamérica pré-colombiana. Ao todo, mais de 25 estruturas estão ameaçadas pelos tratores, de acordo com o Conselho Internacional de Monumentos das Nações Unidas. A AP relatou, também, que “saque de artefatos” foi “detectado”.
Várias ordens de interrupção do trabalho foram ignoradas desde o início da construção, em março passado, forçando o governo a entrar com uma ação criminal contra os responsáveis. Essa parece uma resposta fraca, dado o que está em jogo, mas um sistema legal desatualizado tornou difícil para o governo fazer cumprir coisas como códigos de construção, leis de zoneamento ou, neste caso, construção ilegal.
Quando o mundo não está lutando contra uma pandemia global, mais de 2,6 milhões de pessoas visitam o local, considerado Patrimônio Mundial da UNESCO, a cada ano. Na verdade, esta é uma região de grande importância arqueológica. No seu auge, entre 100 aC e 750 dC, a cidade tinha pelo menos 25 mil habitantes, e possivelmente até 100 mil habitantes, classificando-a como uma das maiores das primeiras grandes cidades.
Como aponta a UNESCO, Teotihuacán é “considerado um modelo de urbanização e planejamento em larga escala, que influenciou muito as concepções das culturas contemporâneas e posteriores”. A cidade “preserva integralmente a sua monumentalidade, desenho urbano e riqueza artística, bem como a relação das estruturas arquitetônicas com o ambiente natural, incluindo a sua inserção na paisagem”, segundo a UNESCO, que credita o bom estado do local à “manutenção, conservação e proteção permanente que o local recebeu.”
Que a construtora privada esteja agindo ilegalmente é uma possibilidade distinta. O local é cuidado pelo Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) do México, que é legalmente protegido pela Lei Federal Mexicana de Monumentos e Zonas Arqueológicas, Artísticas e Históricas, que data da década de 1970. As leis atuais estabelecem “a propriedade pública de todas as propriedades arqueológicas, mesmo que estejam situadas em terras de propriedade privada”, segundo a UNESCO. Aquisições de terras foram feitas na década passada para estender a zona de amortecimento do local, e progressos recentes foram feitos para estender a zona ainda mais. E como mencionado, Teotihuacán é um Patrimônio Mundial, o que confere proteção por meio de uma convenção internacional.
Destruir monumentos antigos é ruim o suficiente, mas a construção nessas terras pode resultar na eliminação de sítios arqueológicos não descobertos ou inexplorados. Espero que a razão prevaleça e esse absurdo pare antes que seja tarde demais.