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Por que a Apple faria um investimento na McLaren?

Conhecendo melhor a fabricante de supercarros, dá para entender como a ideia é menos absurda do que parece.

Hoje, o Financial Times informou que a Apple estaria interessada em comprar a fabricante de carros McLaren. Segundo o New York Times, a empresa na verdade quer fazer um investimento em vez de uma aquisição.

A McLaren negou esses rumores, dizendo que “não há aquisição, não há investimento estratégico”. O FT mantém o que publicou, mas suas fontes dizem que um possível acordo pode não avançar porque a Apple estaria repensando a ideia de investir em carros.

Confesso que, quando eu ouvi o rumor pela primeira vez, pensei “isso é loucura” – mas, curiosamente, a ideia tem seu mérito.

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A Apple não confirmou que está trabalhando em um projeto secreto de carro, mas todo mundo sabe que isso está acontecendo. A empresa criou uma reputação em projetar hardware influente, e à medida que a indústria automobilística invade o Vale do Silício, é de se esperar que ela cogite uma expansão nesse sentido.

E a Apple já investiu na contratação de talentos de fabricantes de automóveis, e também de empresas de tecnologia rivais. Mas por que a Apple compraria a McLaren, uma empresa conhecida por seus supercarros?

Relativamente falando, gastar US$ 1,5 bilhão para comprar alguns dos melhores engenheiros na indústria automotiva pode não ser tão absurdo. É muito dinheiro para uma acquihire, isto é, para comprar uma empresa pelos funcionários? Sim. Mas criar uma nova divisão dentro da empresa não é barato também. Além disso, como aponta o Road and Track, a Apple não iria querer os supercarros – ela iria querer a tecnologia dentro deles.

E essa tecnologia da McLaren é bem impressionante. Uma reportagem da Wired do ano passado detalha como as habilidades da equipe em trocar pneus de carro podem ser aplicadas a outras indústrias, incluindo uma fábrica de pasta de dente.

Leia este trecho sobre o grupo Applied Technologies da McLaren:

Entre seus outros projetos, a McLaren Applied Technologies projetou sistemas de monitoramento de saúde para vítimas de derrame e pacientes com esclerose lateral amiotrófica com base em telemetria da F1; criou um sistema de agendamento para o Aeroporto de Heathrow (Londres) que reduz os atrasos dos voos; e trabalhou com algumas das maiores empresas do mundo de petróleo e gás, conglomerados farmacêuticos, operadores de data centers e marcas esportivas.

A McLaren fez a transição para uma empresa de tecnologia que também tem uma equipe bem-sucedida de F1.

Como lembra o Jalopnik, a Apple levaria uma empresa que tem o know-how para fabricar um carro e que também entende o que está por vir no mundo automotivo.

E mesmo se ignorarmos os planos da Apple para o setor automotivo, o tipo de coisa que a McLaren poderia fazer – ajudar a melhorar sua já famosa cadeia de fornecedores, por exemplo – pode ter grandes benefícios industriais.

É isso que separa a McLaren de uma empresa mais tradicional de carros. A tecnologia que a McLaren está criando para seus supercarros acaba chegando a veículos que todos dirigem. Por que não comprar essa empresa, especialmente se não for caro?

A Apple fez algo semelhante em 2008, quando adquiriu uma empresa de chips pouco conhecida chamada P.A. Semi por US$ 278 milhões. Essa compra foi uma das melhores decisões que a Apple já fez, porque criou a base para os chipsets A-series que vemos no iPhone e iPad. Controlar essa parte essencial do hardware é o que diferencia a empresa das concorrentes no que se trata de desempenho e eficiência.

Talvez a Apple não compre a McLaren, nem faça um investimento nela – mas conhecendo melhor a fabricante de supercarros, dá para entender como a ideia é menos absurda do que parece.

Foto por llee_wu/Flickr

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